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Segunda - 12 de Fevereiro de 2018 às 15:55

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Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta

A tática e a estratégica são necessárias em um dado jogo. Imprescindíveis, vale dizer. Isto em qualquer jogo. Inclui-se aqui o político-eleitoral. Um erro, um descuido, um só deslize podem levar a prejuízos irreparáveis. Detalhe, contudo, não observável pelos atores políticos. Nem ao menos por seus assessores e marqueteiros. O que reforça a tese, sempre levantada e defendida por esta coluna, ganhar uma eleição não é o mesmo que o entender de política. Se ganha uma eleição de diversas maneiras, até com a compra dos votos, mas de forma nenhuma se pode dizer que o ganhador conhece tudo sobre a atividade essencialmente humana. Se soubesse, claro, não cometeria as barbeiradas, a exemplo da cometida pela cúpula tucana em recente reunião. Ficaram acertadas as supostas candidaturas do peessedebista Nilson Leitão para o Senado e a do também peessedebista Pedro Taques para a reeleição, somadas a recandidatura de Carlos Fávaro (PSD).

Erro primário. Pois ninguém, com um mínimo de conhecimento do jogo político, defenderia o fechamento de portas a majoritária (2 das 4 vagas existentes), afugentando assim com possíveis partidos aliados e os ainda não aliados. Justamente no instante em que o governo tucano atravessa o seu pior momento, com desgastes expressivos. E é em razão desses desgastes, alguns dos antigos parceiros se desprendem ou ameaçam sair do arco de alianças em busca de outros caminhos. Eles tomam o lado oposto, o que fortaleciam a oposição, ainda que dividida em duas ou três candidaturas. Acontecimento não inédito. Registrado no Estado, por exemplo, na chamada Primeira República. E, também, nas outras fases da história, tal como em 2002, aliás, dentro do ninho. Muito parecido com o que se suspeita irá acontecer agora, com o PSDB insistindo em dois nomes para a eleição majoritária.

Naquela época, o partido lançou o ex-governador Dante de Oliveira para o Senado e o Antero Paes de Barros para a sucessão de Rogério Salles. Decisão completamente equivocada. Bem pior do que se pode imaginar. Ao tomá-la, provocou um racha, uma divisão (1999), com a saída do grupo do Roberto França. Este, que deveria ser o nome escolhido, sentiu-se frustrado, preterido. E, então, juntou-se a outros, também tidos como políticos tradicionais, a exemplo do Jayme Campos, Jonas Pinheiro e Percival Muniz. Políticos que arregimentaram mais pessoas, consideradas da esfera mediana da política regional, e abriram espaços para um neófito, suplente do senador, Blairo Maggi. Faltava o nome para a disputa. Maggi entrou, e ajudado por todas essas forças consideradas tradicionais, elegeu-se governador, enquanto as duas vagas do Senado eram ocupadas por Jonas Pinheiro e Serys Marly. Derrota dupla dos tucanos.

Derrota provocada por cinco razões: (1ª.) a briga interna que levou a cisão dentro do PSDB, (2ª.) a desarticulação e desorganização da campanha dos tucanos, (3ª.) o candidato ao Senado não elege o governador, (4ª.) a aliança formada pela maioria dos coronéis da política em torno de Blairo Maggi, e, (5ª.), a fácil campanha oposicionista, constituída do jingle que caiu no gosto popular ("Tá na palma da mão, tá na mão de quem sabe") e promessas aceitáveis, embora não cumpridas, como a diminuição do ICMS da energia e da telefonia. Em instante algum, a falta de dinheiro para comprar santinhos na campanha dos tucanos foi decisiva para suas derrotas (desculpas até hoje apresentadas). Percebe-se, (e) leitor, não se podem fechar as portas para os aliados ou possíveis aliados. Pecado mortal em um jogo político-eleitoral. Os atuais tucanos parecem desafiá-lo, mostrando desconhecimento da política e ignorando a própria história de sua sigla partidária. É isto.

Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos. E-mail: lou.aloves@uol.com.br.



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