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ESPORTES
Segunda - 01 de Abril de 2013 às 16:49
Por: Jornal O DIA

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Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
Romário fez duras críticas ao comando da CBF
Romário fez duras críticas ao comando da CBF
Rio - Romário e Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, morto pelo regime militar, entregam segunda-feira, na sede da CBF, a petição “Fora Marin!”. O suposto envolvimento do presidente da entidade é só um dos muitos pontos atacados pelodeputado federal em entrevista ao ‘Ataque’. Refinado com a bola nos pés quando jogador, o ex-atacante entra de sola nos gastos com estádios para a Copa de 2014 e afirma que a reforma do Maracanã é “um assalto aos cofres públicos”. Herói do tetra em 1994, o Baixinho garante que a Seleção não teria chance de título se o Mundial fosse hoje.

ATAQUE: Qual a sua opinião sobre a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014?
Romário:
Essa reforma é um assalto aos cofres públicos. Os responsáveis, na verdade, se for fazer uma auditoria, vão ter que ir presos. É sacanagem o que estão fazendo com o dinheiro público e o Maracanã. Não precisava ter gasto metade do que se gastou. E o pior não é isso. Já está em R$ 1 bilhão e daqui a pouco vai chegar no segundo bi. Vai ser pior, porque vão dizer que essa obra era para a Copa das Confederações e vão recomeçar para a Copa do Mundo.

Por ter mantido a atitude contestadora da época de jogador, você sente que incomoda?
Incomodo principalmente aqueles que não têm uma postura correta. Quando a gente fala do Maracanã, os caras que estão metendo a mão no nosso dinheiro, ao lerem essa entrevista, com certeza vão ficar incomodados. Mas fazer o quê? Eu, quando não podia falar, já falava. Hoje que eu posso, continuo falando. Não vou mudar a minha personalidade. Caráter você só tem um. Se fui colocado lá em Brasília por 450 mil pessoas, foi para representar essa galera. Se incomodo, f..., não posso fazer nada.

Sobre os preparativos para a Copa do Mundo, qual é a sua avaliação?
Está havendo um gasto desnecessário nos estádios. A previsão era de gastar R$ 2,5 bilhões e, a um ano e pouco para a Copa, já chegaram a R$ 7,7 bilhões. Um dinheiro jogado fora. Quatro estádios não terão vida em relação ao futebol: Natal, Mato Grosso, Brasília e Manaus. Pode ter certeza que pouquíssimas vezes haverá jogos para encher esses estádios. Esperamos que eles possam colocar isso na mão de uma empresa, iniciativa privada, para que possam dar lucro. Para os outros oito estádios há grandes competições e times no estado que são suficientes para enchê-los. Mas são gastos que se colocados na saúde e principalmente na educação seriam muito mais eficientes para o País. O Brasil está deixando (de lado) coisas mais importantes. Isso é muito ruim.

E a CPI da CBF? Você protocolou no final de 2012 o pedido na Câmara...
Já coletei as assinaturas. Ela está numa fila. E na verdade essa CPI não tem a ver só com os gastos. Tem a ver com o histórico da CBF nos últimos dez anos. Do presidente anterior (Ricardo Teixeira) e do atual (José Maria Marin). A cada dia a gente vê as notícias, gravações de que o cara (Marin) é uma pessoa que está longe de ser o (o que se espera de um) presidente de uma entidade como a CBF. Infelizmente a gente está por enquanto aturando isso aí. Creio que já passou do tempo de haver uma intervenção por parte do Ministério Público, do Governo Federal, da Polícia Federal na CBF porque está cada vez pior.

Como está a CBF sob o comando de Marin e do vice Marco Polo del Nero?
A CBF, hoje, quem comanda é um cartel. Eles estão enriquecendo ilicitamente. Não com dinheiro público, mas com dinheiro que não é de direito deles. E nada acontece. As autoridades que são competentes não tomam uma iniciativa, uma decisão. Estão roubando a torto e a direito, e é isso, o futebol do Brasil sendo desrespeitado, desqualificado. Todo mundo diz que a CBF é uma empresa privada. Até é. Mas deixa de pagar os impostos, usa nosso hino, nossas cores, nossa bandeira, nossos jogadores, e os caras aí, fazendo tramoia, trapaça, sacanagem, roubo, tudo com o nome da CBF e do futebol brasileiro. Inclusive não só a CBF como o COL também, né? E vamos ver até quando essa desmoralização vai no nosso futebol. Um cara (Marin) que participou da ditadura, que segundo algumas denúncias, matérias que a gente lê, pode até ter participado direta ou indiretamente de alguns assassinatos. Como pode ele sentar ao lado da nossa presidenta (Dilma Roussef), que montou a comissão da verdade, sofreu na ditadura e foi contra tudo isso que o cara fez lá atrás, numa competição como a Copa das Confederações ou a Copa do Mundo? Para o País não é positivo.

Ir à Fifa é uma solução?
A Fifa é outra instituição corrupta. Ela vem arrumar R$ 2 bilhões, R$ 3 bilhões e vai embora, não vai deixar legado algum. Vai levar o nosso dinheiro e está tudo certo. A Fifa, o COL, a CBF, meu irmão, só vai mudar o nome dos que comandam. As atitudes são as mesmas.

O Brasil tem time para ganhar a Copa?
Hoje o Brasil não tem time para ganhar nada. Mas tem tempo. Futebol, em um ano você pode mudar muita coisa. Principalmente porque as pessoas respeitam a comissão técnica nova, os jogadores veem que são os dois últimos campeões do mundo. Eu acredito que Parreira e Felipão possam ajudar a Seleção. Empatar com a Itália, que é uma das grandes seleções, em se tratando do momento do futebol do Brasil, foi bastante positivo. Mas ainda há muito a se fazer. Se fosse hoje, o Brasil com certeza não teria condição de ganhar. Mas não é hoje. Ainda bem.

O Neymar pode ser em 2014 o Romário de 1994?
O Neymar pode ajudar o Brasil a ser campeão, mas fazer o que o Romário fez em 1994, eu acho que é distante, difícil. É o que o Pelé fez nas suas Copas, o que o Maradona fez na Copa que a Argentina foi bicampeã mundial...

Algum nome que não tem sido lembrado merece uma chance na Seleção?
Não estou acompanhando muito os estaduais, mas acredito que os que estão sendo convocados estão merecendo. Posso até discordar de alguns, nem me lembro, mas todos estão sendo convocados por competência, não por armação como acontecia nas anteriores, para venda de jogador, transação de empresário.

Qual o principal problema do futebol brasileiro?
O calendário. Hoje o jogador tem o mês de férias por lei, mas a gente vê que os times não têm mais oportunidade de ir para fora fazer jogos amistosos, participar daqueles torneios famosos que existem na Europa, que consequentemente eles arrecadavam financeiramente. E os times tinham uma experiência diferente do que ter jogando apenas na América. Se o Brasil como país sede for à Fifa e arrumar uma forma de ter mais tempo para arrumar seu time... O que tem hoje é muito pouco.




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