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CIDADE
Sábado - 10 de Julho de 2010 às 12:53

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Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, cruza o oceano Atlântico e ganha trono no bairro de Soweto, em Johannesburgo, na África do Sul. Trata-se de uma réplica da imagem original, encontrada por pescadores no rio Paraíba do Sul (SP) em 1717 e produzida pelo Santuário de Aparecida que será doada para a igreja Regina Mundi, um dos locais ícones da luta contra o regime do Apartheid, que dominou o país africano por 46 anos.

A réplica é um presente do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. A “entronização da imagem” será no sábado (11), em ato ecumênico promovido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). O secretário executivo da SDH, Rogério Sottili, fará a entrega oficial na cerimônia que será conduzida pelo arcebispo emérito da Igreja Anglicana Reformada e Prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu.

“Neste instante em que o mundo todo olha a África por conta do futebol, da Copa de Mundo, é importante lembrarmos dos Direitos Humanos neste local tão emblemático na luta pela igualdade”, afirma Sottili. O secretário está em missão no continente Africano desde segunda-feira (5), quando iniciou as visitas por Guiné Bissau e Cabo Verde, na perspectiva da Cooperação Sul-Sul. A Secretaria promove também a Mostra Cinema e Direitos Humanos Brasil – África do Sul, que encerra no sábado e conta com o apoio da embaixada do Brasil em Pretória. Sottili está acompanhado do assessor federativo da SDH, Wellington Pantaleão.

Cerimônia ecumênica - A cerimônia para entrega da réplica da padroeira do Brasil contará com as presenças do secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas, Eddie Nacue; do bispo de Rustemberg da Ordem Redentorista (mesma Ordem da Basílica de Nossa Senhora da Aparecida), dom Kevin Dowling; do ministro da Justiça e Desenvolvimento Constitucional sulafricano, Jeffrey Radebe, e da governadora da Província de Gauteng, Nomvula Paula Mokonyane, além do prefeito de Johannesburgo, Amos Masondo.

Em retribuição à doação da imagem de Nossa Senhora de Aparecida, a comitiva brasileira receberá uma réplica do quadro "Black Madonna" de Soweto, doada em 1974 à Igreja Regina Mundi. A réplica da Black Madonna será levada para o Santuário de Aparecida, em São Paulo.

Histórico - A Igreja Regina Mundi é um dos pontos mais visitados de Soweto, berço da luta contra o Apartheid ("vidas separadas" em africano), regime segregacionista que negava aos negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos. Foi a única instituição que abriu suas portas na década de 1970 para abrigar as reuniões dos estudantes e dos que se opunham à segregação.

Em muitas ocasiões a Igreja foi cercada pela polícia, que atirava bombas de gás lacrimogêneo, forçando a saída desesperada dos estudantes da Igreja. No forro do teto da Igreja Regina Mundi pode-se ver, ainda hoje, furos das balas disparadas pela polícia do regime do Apartheid. O altar de mármore da Igreja, quebrado por um fuzil, é preservado dessa forma para relembrar a época de chumbo. De 1995 a 1998, a Igreja sediou as audiências da Comissão de Verdade e Reconciliação, liderada pelo bispo da Igreja Anglicana Reformada, Desmond Tutu. O trabalho da foi decisivo para promover a reconciliação nacional após o fim do regime.

O principal símbolo da Igreja é também o principal símbolo de Soweto, a imagem estilizada de uma Nossa Senhora negra, conhecida popularmente como a Rainha de Soweto, ou “Black Madonna”. Esta imagem foi doada à Igreja em 1974, por Harry Oppenheimer e é um dos símbolos de Soweto, nacionalmente reconhecido.  A doação de uma imagem facsímile de Nossa Senhora da Aparecida carrega, portanto, força simbólica equivalente à “Black Madonna” de Soweto.






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