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POLÍTICA
Sábado - 20 de Maio de 2017 às 14:21
Por: Do G1, em Brasília

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Foto: Renê Dióz / G1
Silval Barbosa (PMDB) está preso há mais de um ano no Centro de Custódia em Cuiabá
Silval Barbosa (PMDB) está preso há mais de um ano no Centro de Custódia em Cuiabá

O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), teria recebido propina da JBS/SA durante a campanha dele ao governo do estado em 2010, segundo o empresário Wesley Mendonça Batista, irmão de Joesley Batista, em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR). Os dois são donos da empresa e firmaram acordo de delação premiada durante as investigações da Operação Lava Jato.

Silval Barbosa está preso há mais de 1 ano e meio no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), acusado de fraude em incentivos fiscais no estado. A defesa do ex-governador negou as acusações e afirmou que ele deve prestar esclarecimento "quando for convocado pelas autoridades responsáveis".

Em depoimento prestado no dia 4 de maio, Wesley afirmou que, em meados de 2010, Silval procurou o irmão dele e teria pedido doações para a campanha eleitoral. À época, ele era vice-governador e assumiu o Executivo após a licença do então governador Blairo Maggi (PP), que se candidatou e foi eleito para ocupar uma vaga no Senado Federal.

Durante as tratativas, Silval teria oferecido – caso fosse eleito – vantagens indevidas para compensar a possível doação do grupo, segundo Wesley. O empresário, no entanto, alegou que não se recorda se as doações foram feitas de forma legal ou em forma de propina.

Depois que foi eleito, porém, o ex-governador teria alterado o sistema de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que era usado por Maggi durante a gestão dele.

“Foi quando começou um problema de desequilíbrio. Algumas empresas estavam sujeitas a pagar 3,5% de alíquota e outras iriam pagar de 0% a 1%. Foi quando procurei Silval no gabinete dele para solucionar o problema”, declarou Wesley.

De acordo com o delator, Silval afirmou que acharia uma solução para que a JBS pagasse o mesmo valor de ICMS que as empresas beneficiadas pelo Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic), em troca de propina.

Para o esquema, o governo teria concedido cerca de R$ 70 milhões em crédito à empresa, que deveria repassar anualmente R$ 10 milhões ao ex-governador. A fraude teria ocorrido nos anos de 2012, 2013 e 2014. Ao todo, teriam sido pagos cerca de R$ 30 milhões em propina.

Ainda segundo Wesley, o ex-secretário estadual de Indústria e Comércio, Pedro Nadaf, teria participado da negociação. Nadaf foi preso em 2015, na mesma operação que prendeu Silval, a Sodoma, e solto quase um ano depois. O G1 não conseguiu contato com a defesa dele.

O pagamento da propina, de acordo com o delator, foi feito em dinheiro, por meio de notas fiscais frias e, também, por intermédio de um doleiro.

Documento falso

Ainda durante o depoimento, o delator declarou que após uma autuação da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz-MT), o governo teria emitido um documento falso para validar os R$ 70 milhões em benefícios concedidos à empresa.

À época, a JSB foi autuada em R$ 200 milhões e teve os benefícios desconsiderados. “Isso foi uma loucura. Não sei se ele [Silval] fez tudo sem o aval da Assembleia Legislativa ou da secretaria, mas o procurei pedi que ele achasse uma solução. Tinha pago uma propina para ter benefícios e a empresa estava sendo autuada”, afirmou.

Segundo Wesley, a solução encontrada pelo ex-governador, em 2014, foi usar um documento falso com data retroativa para incluir as plantas frigoríficas da empresa no Prodeic. Na ocasião, o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, teria participado da negociação. Ele está preso desde setembro de 2015, também após investigações da operação Sodoma. O G1 não conseguiu contato com a defesa do ex-secretário.

“É aí que vem o que nós consideramos uma lambança. Concordamos com tudo e nosso diretor de tributos trabalhou com o Pedro Nadaf na confecção desse documento falso. Assinamos tudo para ‘esquentar’ o documento”, afirmou Wesley.

Ainda de acordo com o delator, a fraude ocorrida nas plantas frigoríficas foi estendida para fábricas de curtume mantidas pela JBS. “Foi feito um ato similar, dentro da mesma lógica com documento falso e data retroativa”, declarou.

Ação do MP

Em 2014, o Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) moveu uma ação contra Silval e os dois ex-secretários sobre a suposta concessão ilegal de benefícios à empresa. A ação resultou no bloqueio de R$ 73,5 milhões da JBS, do diretor financeiro do frigorífico, do ex-governador e dos dois ex-secretários estaduais.

A JBS firmou acordo com o MP à época e, segundo o delator, devolveu o montante recebido de forma ilegal.





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