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CIDADE
Terça - 17 de Abril de 2018 às 13:28
Por: Gazeta Digital

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Marcus Vaillant

Cerca de 400 famílias ocuparam os imóveis do Residencial Jequitibá, na região da rodovia Mário Andreazza, em Várzea Grande. O empreendimento foi abandonado pela construtora em fevereiro de 2015 e, desde então, sofre com a ação do tempo e de criminosos, que furtaram esquadrias, jogos sanitários e até mesmo caixas d’água. As famílias que invadiram as casas, na manhã do último sábado (14), afirmam que só sairão do local diante de mandato judicial. Há ainda aqueles que montaram acampamento nas ruas do residencial, na expectativa de surgir vaga em alguma das residências.

Desempregados, deficientes físicos, doentes, gestantes e idosos são as características da maioria que já se considera moradora do Residencial Jequitibá. Com os papéis que comprovam a inscrição no programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, a jovem Francielly Oliveira Sales, 23, diz que tem como comprovar que é uma das que possivelmente seria beneficiada pelo programa.

Junto com os filhos de 1 e 4 anos de idade, ela se alojou em uma casa e agora, com a ajuda do irmão e da mãe, tenta arrumar o básico, como água e energia elétrica, para poder permanecer no local. Desempregada, diz que tem sobrevivido apenas com o benefício do Bolsa Família, que inclusive, no último mês, sofreu redução de R$ 241 para R$ 200.

Marcus Vaillant

O irmão de Francielly, Wekman Bruno de Oliveira Alves, 18, também está em uma casa com a esposa e o filho de 1 ano de idade. Ele mostra que já limpou os terrenos das duas casas, que estavam tomados pelo mato. Mas destaca que ainda terão que gastar muito para deixar as residências com as mínimas condições para morar.

Com 3 filhos para criar, a dona de casa Janaína Cirilo Santana, 29, afirma estar revoltada com o fato de muitos estarem “julgando” as pessoas que ocuparam as residencias, classificando-as como “oportunistas”.

Ela relata que assim como ela, o marido está desempregado e já chegaram a passar fome. Sem condições de pagar aluguel, a família estava vivendo em um quarto nos fundos da casa da sogra. “Estamos dispostos a negociar, não queremos morar de graça. Vamos arrumar as casas aos poucos e queremos sim pagar pelo financiamento”.

Nova ocupaçao é anunciada

Cerca de 2 quilômetros antes do Residencial Jequitibá está o canteiro de obras do residencial Colinas Douradas 1 e 2. Na tarde desta segunda-feira (16), cerca de 30 famílias se reuniram próximo ao local anunciando que vão entrar nos apartamentos.

Marcus Vaillant

No momento da aglomeração, o superintendente de Habitação da Secretaria de Estado de Cidades (Secid), Reginaldo Amorim, chegou e informou que a obra está em andamento e será entregue em breve.

Diabético, hipertenso e morando de favor em uma peça nos fundos da casa de um familiar, Ducarmo Ferreira Gomes, 64, diz que precisa de um teto para se abrigar, pois não sabe até quando terá autorização para permanecer onde mora atualmente. Segundo ele, as obras do residencial, que possui duas fases, estão paralisadas há 4 anos, enquanto milhares de famílias aguardam uma casa pelo programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”.

Inscrita no programa federal há 5 anos, Jéssica de Souza Ribeiro, 24, tem duas filhas e luta sozinha para sustentá-las já que o pai das meninas morreu. Atualmente, mora de favor em um quarto no fundo da casa de uma tia. “Não tenho como trabalhar porque não tenho com quem deixar minhas filhas, que ainda são pequenas. Não tenho condições de pagar aluguel e não sei até quando dependerei da boa vontade alheia”.

Marcus Vaillant

Também desempregada e com filhos com idade entre 3 e 14 anos, Gislaine Mara Gonçalves, 34, conta que mora de aluguel, que paga fazendo alguns bicos como diarista.

Ela mostra vários documentos que comprovam a inscrição para possivelmente ser beneficiada com um apartamento no residencial Colinas Douradas. “Não temos mais como esperar. Se o poder público não toma uma decisão, nós tomaremos”.

Outro lado - Construtora é responsável

Prefeitura de Várzea Grande informou que apesar do Residencial Jequitibá estar instalado no município, a responsabilidade ainda é da construtora Aurora e do Banco do Brasil, unidade financeira responsável pelo financiamento da obra. O Executivo informou que apenas acompanhará a situação, podendo, inclusive, mediar uma possível solução, porém, sem tomar as responsabilidades que não lhe cabem.

Marcus Vaillant

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, a gestora Lucimar Campos reconhece a existência do deficit habitacional, que assim como em outros municípios, não é pequeno. Entretanto, no caso de programas habitacionais, como o “Minha Casa, Minha Vida”, a prefeitura fica responsável apenas pela seleção das famílias, via Secretaria de Assistência Social, não podendo interferir em assuntos relacionados à fase de execução, ou até mesmo invasão, como aconteceu agora.

Em relação ao Residencial Colinas Douradas etapas 1 e 2, o superintendente de Habitação da Secid, Reginaldo Amorim, explica que trata-se de uma obra realizada em parceria entre os governos Estadual e Federal e que após a conclusão, o Município selecionará os beneficiários.

Segundo Amorim, a obra teve início em 2012, mas entre o fim de 2013 e início de 2014 acabou ficando paralisada. Afirma que a retomada da obra aconteceu em 2016 e, desde então, apesar de redução no quadro de operários, nunca mais parou. A previsão de entrega dos mil apartamentos é junho deste ano.

As famílias que ameaçam invadir não acreditam no prazo dado, pois estiveram no canteiro e afirmam que dois meses não é tempo suficiente para conclusão. “Estamos trabalhando para entregar dentro do prazo, mas se houver uma invasão agora o cronograma será prejudicado”, alertou Amorim.





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