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Quarta - 25 de Abril de 2018 às 16:36
Por: Redação TA c/ MPF- MT

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O documentário “Marãiwatsédé: O Resgate da Terra”, que conta a história da remoção forçada dos Xavante de sua terra tradicional durante a ditadura militar e a luta pela retomada do território, será exibido na terça-feira (24), às 22h, na 15ª edição do Acampamento Terra Livre. O acampamento reúne em Brasília as delegações de mais de cem povos indígenas oriundos de todo Brasil. Este ano, participam mais de três mil indígenas. A programação inclui atividades que seguem até o dia 27 no Memorial dos Povos Indígenas (Eixo Monumental, Brasília). O vice-procurador-geral da República e coordenador da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (6CCR/MPF), Luciano Mariz Maia, acompanhará a exibição do filme, produzido pelo MPF em parceria com a empresa Chá com Nozes.

Com 30 minutos de duração, o documentário narra a luta de mais de 40 anos dos Xavante para recuperar a posse do território tradicional, de onde foram removidos à força em 1966. A remoção forçada foi resultado da associação entre órgãos do governo federal e fazendeiros durante a ditadura. Cerca de 1/3 da população de mais de 263 índios morreu como resultado da remoção.

O documentário ouviu indígenas que estavam entre os removidos, membros do MPF, especialistas e antropólogos. “Foi um tentativa de genocídio”, explica o procurador da República Wilson Rocha, um dos autores da ação que pede reparação para os indígenas. “A gente percebe pela narrativa do grupo e pelo contexto histórico que o objetivo do estado brasileiro e dos empreendedores particulares a ele associados era que o grupo de índios desaparecesse, física e culturalmente, porque esse desaparecimento permitiria que as terras fossem apropriadas pelo empreendimento agropecuário”.

Na remoção, os índios foram levados para uma área que passava por uma epidemia de sarampo e ficaram sem qualquer assistência, o que resultou na morte de mais de 80 pessoas. O filme registra depoimentos emocionantes de quem presenciou as mortes, a violência e o desrespeito à cultura e às tradições do povo Xavante. “Eu vi minha família, minha mulher, meus irmãos, todos doentes. Morreram. A família toda morreu, acabou. O único sobrevivente sou eu”, lembra com emoção Dutra Tserepalhipti, um dos indígenas ouvidos pelo documentário.

Os Xavante só conseguiram a posse definitiva de sua terra tradicional em 2014. Em 2016, o MPF instaurou ação civil pública pedindo a reparação dos danos de natureza material e moral coletivos sofridos pela comunidade indígena Xavante de Marãiwatsédé, devido à remoção forçada de seu território tradicional.

O documentário produzido foi lançado oficialmente no dia 14 de abril, com exibição especial na Terra Indígena Marãiwatsédé (MT). Também foi exibido na TV Justiça e está disponível na íntegra no Canal do MPF no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=r5i3i8n6w-0





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