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SEGURANÇA
Segunda - 07 de Maio de 2018 às 15:56
Por: Redação TA c/ TRT-MT

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A cada três dias e meio, um trabalhador morre no estado vítima de acidentes de trabalho, que parecem acontecer em escala industrial: o ponteiro do relógio nem completa uma volta, 52 minutos e 11 segundos para ser mais exato, um acidente de trabalho é registrado.

Ao todo, foram anotados, entre 2012 e 2017, 659 mortes e 63.117 acidentes de trabalho em Mato Grosso. E em cada uma dessas ocorrências, assim como em uma roleta russa, qualquer coisa pode acontecer. Os trabalhadores que sobrevivem, em muitos casos, ficam com sequelas. São cicatrizes de cortes, fraturas, esmagamentos, contusões e, até mesmo, amputação de membros.

Os dados são do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Em âmbito nacional, os números são ainda mais assustadores: de 2012 até 2017, cerca de 15 mil trabalhadores não voltaram para casa, entrando para a estatística de vítimas fatais de acidentes de trabalho. Nesse período, foram R$ 4 milhões de acidentes e doenças ocupacionais, o que leva o país a ocupar o quarto lugar no ranking entre os que mais vitimam trabalhadores, atrás somente da China, Índia e Indonésia, segundo dados da OIT.

Os acidentes de trabalho custaram mais de 26,2 bilhões de reais à Previdência Social do Brasil entre 2012 e 2017. Conforme o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso, Marcel Trentin, nessa conta estão gastos com auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente.

Em Mato Grosso foram registrados, nos últimos cinco anos, a emissão de 33.442 auxílios-doença por acidente de trabalho, dos quais 4.416 só no ano passado. Isso resulta em uma média de 12 pessoas afastadas por esse motivo todos os dias. O impacto desses afastamentos na economia do estado nos últimos quatro anos também é vultoso: R$ 275 milhões, com a perda de 5.907.073 dias de trabalho.

“O acidente de trabalho não é bom para ninguém. Não é bom para a vítima, que não voltou para casa ou ficou com sequelas e, claro, para suas famílias. É ruim para a empresa que perde um empregado e também traz prejuízos para a sociedade, que gasta bilhões por causa de normas de segurança que muitas vezes são deixadas de lado”, avalia Trentin.

No Brasil, as áreas em que mais ocorrem comunicações de acidentes de trabalho são as de atendimento hospitalar, comércio varejista de mercadorias em geral, administração pública e construção de edifícios. Em Mato Grosso, pelo perfil econômico, as atividades que se destacam no número de acidentes são outras. Em primeiro lugar, figuram os setores ligados ao abate de animais para consumo humano, seguido por transporte rodoviário.

Os acidentes de trabalho no país têm várias causas. Segundo o procurador-chefe do MPT, destacam-se a falta de ergonomia nos postos de trabalho, poucas ações de prevenções e a não conscientização de patrões e empregados. “A falta de prevenção é o que mais nos preocupa. A segurança é um papel de todos. A empresa tem o dever de fazer a fiscalização e o empregado de absorver e acatar as orientações”, enfatiza.

Os números oficiais são alarmantes, mas a situação pode ser ainda mais grave por causa da subnotificação, conforme alerta o superintendente Regional de Trabalho de Mato Grosso, Amarildo Borges de Oliveira.

“Esses valores não levam em conta acidentes não notificados, bem como eventos envolvendo trabalhadores autônomos, informais, servidores públicos e empregados domésticos”, esclarece.

Para o superintendente, é preciso que as empresas parem de ver a prevenção como gasto. "A lei é clara ao definir que é responsabilidade do empregador preservar a vida dos funcionários, pensando primeiramente na proteção coletiva. É preciso uma mudança de cultura em relação à Saúde e Segurança do Trabalho. Não há uma cultura de prevenção. A prevenção precisa sair de uma condição de custo de segundo plano para ser tratada como item de natureza estratégica", avalia.





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