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JUSTIÇA
Quinta - 26 de Novembro de 2015 às 11:50
Por: G1 MT

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O júri popular dos três acusados de assassinar e esconder o corpo da adolescente Maiana Mariano Vilela, de 17 anos, em Cuiabá, em dezembro de 2011, deve ocorrer apenas em 2016. O julgamento foi adiado por três vezes nos últimos meses e estava agendado para ocorrer nesta quinta-feira (26), mas foi suspenso no último dia 18 pela Justiça com base em um pedido feito pela defesa dos réus.

Pelo crime, será julgado o empresário Rogério da Silva Amorim, de 41 anos, apontado como o mandante do crime e que, à época, era namorado de Maiana; o vigilante Paulo Ferreira Martins, de 43 anos, que teria sido contratado para executar a adolescente e Carlos Alexandre da Silva, supostamente contratado por Paulo para auxiliar no assassinato,

Ao G1, tanto o advogado de defesa do empresário, André Stumpf Jacob Gonçalves, quanto o irmão da vítima, Danilo Mariano Vilela, afirmaram que, diante da última liminar e da proximidade do recesso de fim de ano, o caso deverá ter um desfecho apenas em 2016. O júri já havia sido agendado para os dias 24 de setembro, 5 de outubro e 9 de novembro, mas foi adiado, pela primeira vez, a pedido do antigo advogado do empresário e, em seguida, pela decisão da defesa do réu de abandonar o caso.

Dessa vez, o júri foi suspenso por decisão assinada pelo desembargador Luiz Ferreira da Silva, que acatou ao pedido da defesa pela espera do julgamento do mérito de um recurso especial impetrado junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que pede revisão da sentença de pronúncia do trio de acusados. A defesa também pede pelo desaforamento do júri [transferência para outra comarca], alegando que “o caso vertente provocou e provoca grande clamor social perante a sociedade cuiabana e baixada que compromete a imparcialidade do júri”.

 

“Eu entrei com o pedido de desaforamento porque ele [Rogério] já está praticamente julgado e condenado aqui [em Cuiabá] pela sociedade. Sem contar que, se o júri for realizado e o STJ acatar o pedido da defesa e anular a sentença de pronúncia, o julgamento seria anulado e nós teríamos que realizar um novo júri popular. Agora, eu acredito que o STJ deve julgar o mérito do pedido apenas no ano que vem. Em 2016, esse caso deve ser finalmente desenrolado”, disse o advogado André Gonçalves.

Irmão de Maiana, Danilo afirmou que a esperança da família havia reacendido após o júri ser agendado pela Justiça, mas que a notícia da suspensão do júri e a expectativa de completar quatro anos da morte da irmã sem um desfecho do caso voltou a desanimá-los, bem como a frustrar o desejo da família por justiça.

“Eles tiraram uma vida e já vamos para quatro anos de espera e a Justiça só enrola, enrola e nada é resolvido. Minha mãe anda triste com essa demora e isso nos deixa com um sentimento de injustiça, de impotência, porque eu duvido que se fosse filho de alguém importante, como um juiz, um advogado ou um delegado, esse caso estaria sendo adiado dessa forma. A defesa usou de manobras sujas e já pensei, inclusive, em denunciar os atos à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Não queremos e não vamos deixar esse caso cair no esquecimento”, afirmou.

 

Danilo disse, ainda, que a família é contra o pedido de desaforamento feito pela defesa. “O crime ocorreu aqui, quem sabe do crime é a população de Cuiabá, não de outra cidade. Por isso, eles devem ser julgados aqui. Para isso, só dependemos da decisão do desembargador”, disse.
 

O crime
Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual (MPE), Maiana Vilela foi morta por asfixia em uma chácara no bairro Altos da Glória, na capital. Os três acusados serão julgados por homicídio qualificado - mediante pagamento, com emprego de meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima -, cuja pena varia de 12 a 30 anos de prisão, e ocultação de cadáver, cuja penalidade é de 1 a 3 anos de reclusão e multa.

O MPE sustenta a tese de que Rogério Amorim contratou Paulo Martins por R$ 5 mil para matar a adolescente. Conforme a denúncia, esse acusado propôs que o terceiro réu, Carlos Alexandre, o ajudasse a cometer o crime, pela quantia de R$ 2,5 mil.

No dia do homicídio, o empresário teria mandado Maiana descontar um cheque de R$ 500 e levar o dinheiro para um chacareiro. Ela foi ao banco com uma motocicleta que tinha ganhado do empresário e, depois, se dirigiu à chácara. De acordo com o Ministério Público, a jovem foi morta na chácara e teve o corpo colocado dentro de um carro de passeio e, em seguida, deixado na região da Ponte de Ferro.

Os restos mortais da adolescente foram encontrados no dia 25 de maio de 2012. Maiana e Rogério mantiveram um relacionamento extraconjugal por aproximadamente um ano e estavam vivendo juntos havia cinco meses, em regime de união estável, quando o assassinato foi cometido.

 

A ex-mulher de Rogério Amorim também foi denunciada pelo MPE como participante dos crimes, mas a Justiça considerou que não havia indícios da participação dela.





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