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POLÍTICA
Quinta - 15 de Outubro de 2015 às 08:00
Por: Da Redação TA c/ Assessoria

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 A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa ouviu os depoimentos dos ex-diretores da Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do Mundo do Pantanal (Agecopa), Yênes Magalhães e Carlos Brito, e do ex-servidor do Ministério das Cidades, Higor de Oliveira. O objetivo foi saber como ocorreu a mudança do modal de transporte do Bus Rapid Transit (BRT) para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

O presidente da CPI, Oscar Bezerra (PSB), considerou positivos os depoimentos, uma vez que constaram novas informações para substanciar os trabalhos da comissão. Documentos e até um DVD, com o vídeo de uma audiência realizada na Assembleia Legislativa, à época da discussão que tratava sobre a troca do sistema, foram apresentados pelos depoentes.

Yênes revelou que houve interferência política desde a criação da Agecopa. O projeto inicial da agência, feito por ele,  previa apenas três diretores, mas foi procurado pelo então governador Blairo Maggi (PR) para que o número fosse alterado para oito, sendo três vagas de indicação da Assembleia.

Magalhães, que na época era secretário de Estado de Planejamento, informou ter vindo até a presidência da Casa de Leis para discutir o assunto; após consenso junto a parlamentares, reduziu para sete diretores. Ainda durante a tramitação do projeto no Parlamento, houve entendimento de que a direção seria colegiada, cabendo ao presidente o voto de minerva e  igualdade entre os dirigentes.

Yênes assumiu a diretoria de Planejamento da Agecopa, inicialmente presidida por Adilton Sachetti (PSB), que deixou o cargo após brigas internas, confirmadas em depoimento do ex-diretor. As divergências eram várias devido à dificuldade de lidar com as tomadas de decisões coletivas.

Com apoio da maioria dos diretores, Yênes assumiu a presidência da Agecopa justamente quando se discutia a possibilidade da troca do modal. Ele revelou que, desde o início, o BRT já constava da matriz de responsabilidade, com o aval do Ministério das Cidades, para liberação dos recursos no valor de R$ 257 milhões. O custo maior seria de desapropriação.

Yênes contou ainda que se posicionou de maneira contrária ao VLT, com entendimento técnico sobre o assunto, pois acreditava não haver viabilidade, principalmente com relação à demanda de passageiros. Para ele, a mudança do modal poderia acontecer de maneira gradativa. Apesar disso, concordou que hoje não há possibilidade de reverter a situação.

O ex-diretor anunciou que, em conversa com o governador Pedro Taques (PSDB), já  avisou que o sistema de trilhos não ficaria pronto em menos de seis meses e por menos de R$ 2 bilhões, fatos que estão sendo constatados atualmente.

Sobre sua saída da Agecopa, Yênes falou da interferência de políticos e contou que foi informado pela imprensa de que não estaria mais na presidência da agência. Explicou que o então governador Silval Barbosa (PMDB) optou por fazer mudanças no staff, inclusive com a extinção do órgão. Ele pontuou ainda que a decisão de mudança do modal ocorreu por uma decisão de governo.

Carlos Brito, que foi nomeado diretor de Infraestrutura, confirmou as informações repassadas pelo colega e comentou sobre os atritos de relação que teve com Éder Moraes, quando este assumiu a presidência da Agecopa no lugar de Yênes e, posteriormente, assumiu o cargo de secretário da Copa.

Além disso, Brito declarou que emitiu um alerta sobre o prejuízo incalculável na escolha pelo VLT. Isso porque a gestão anterior deixou de realizar diversas obras importantes de mobilidade urbana a fim de alocar recursos para o modal de trilhos.

Brito e Yênes se emocionaram, em determinados momentos dos depoimentos, ao relembrarem as pressões sofridas e a frustração em não  terem conseguido o legado esperado com a realização da Copa 2014.

Carlos Brito destacou que outra perda para a capital mato-grossense foi o fato de Cuiabá não ter sediado a Copa das Confederações. Isto porque, inicialmente, quando foi feito o projeto para que a Copa viesse para Mato Grosso, era previsto a realização dos dois eventos, sendo totalmente possível de realizá-los. Segundo ele, o governo anterior paralisou todas as demais obras, até mesmo a construção da Arena Pantanal, para conseguir tempo para fazer a mudança do modal.

Já o ex-servidor do Ministério das Cidades, Higor de Oliveira, confirmou que a sindicância realizada pelo órgão constatou conduta ilícita por parte de alguns assessores, que assinaram o laudo autorizando a mudança do modal. Ele assegurou que o governo tinha ciência de que qualquer custo a mais com a troca não teria liberação da União.

Higor disse também que foi constatado que precisaria de mais vagões do que os que foram apresentados em documentação entregue pelo Estado. Em nota técnica feita por ele, pontuava que o VLT não deveria ser colocado como uma obra da Copa, pois sabia-se que não ficaria pronto a tempo. A sugestão era de que houvesse um entendimento com o governo federal até que houvesse o aporte de recursos, porém   sem a vinculação disso à matriz de responsabilidade para o evento.

De acordo com o presidente da CPI, deputado Oscar Bezerra, há 60 pessoas para serem convocadas e uma das últimas deverá ser o ex-governador Silval Barbosa, ainda sem data definida para falar.





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