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CIDADE
Quinta - 16 de Julho de 2015 às 09:40
Por: Da Redação TA c/ Assessoria

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Três municípios já apresentaram no período de junho a julho qualidade do ar inadequada em razão de queimadas: Juara, Sinop e Sorriso. Uma das estratégias da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para fortalecer o trabalho das equipes de educação ambiental e de fiscalização é acompanhar semanalmente com medições na capital e no interior a partir do sistema de modelagem atmosférica, disponibilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Outra proposta é colaborar com as prefeituras municipais na manutenção da saúde da população que é afetada pela fumaça, já que os relatórios ficam disponíveis no portal do órgão ambiental.

O gerente do Laboratório e Ensaios da Sema, o químico e mestre em Recursos Hídricos Sérgio Figueiredo, explica que é importante conscientizar a população quanto aos riscos das queimadas. As emissões desse tipo fumaça contêm 94% de ‘material particulado’, que é um poluente com alta toxidade porque suas partículas finas e ultrafinas transpõem a barreira epitelial e atingem porções profundas do sistema respiratório, provocando uma série de doenças inflamatórias. “Nós tivemos um episódio agudo de poluição atmosférica em Cuiabá no ano de 2007, que se repetiu menos severamente em 2008 e 2010, mas que provou aumento considerável aumento nos gastos com saúde pública por causa principalmente das doenças respiratórias”.

Esse fenômeno de 2007 se chama ‘smog’ e é comum em grandes centros urbanos, como São Paulo. No caso de Mato Grosso, surgiu proveniente das queimadas e incêndios florestais (e não da poluição industrial) advindas da região da Amazônia. O termo resulta da junção das palavras da língua inglesa ‘smoke’ (fumaça) e ‘fog’ (nevoeiro). Normalmente, os poluentes resultantes das queimadas na região norte trazem malefícios apenas locais ou regionais, dependendo da questão climática do período. Ou como é um material muito fino e leve, sobe para a atmosfera atingindo grandes alturas, que é levado pelas correntes de ar para locais mais distantes e descarregado em fundos de vales, lugares inabitados ou mesmo segue para outros estados ou países vizinhos. “Já tivemos reclamações de Rondônia que sofria os efeitos das queimadas de Mato Grosso.”

El Niño

Apesar de a maioria dos municípios de Mato Grosso apresentarem até a data de hoje boa qualidade do ar, há riscos de a situação mudar, por isso os alertas para a prevenção às queimadas deve continuar. O Brasil pode experimentar até dezembro - segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) - efeitos moderados do fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico, e que em 2009 destruiu plantações na Austrália e Ásia; e provocou inundações na América do Sul. Com alteração climática e alta incidência de fumaça pode haver sim, de acordo com Sérgio Figueiredo, condições favoráveis para acontecer o mesmo episódio de 2007 e 2010, quando a fumaça do norte do Estado veio para Cuiabá. “Talvez não tão grave, porque naquela época os alertas do ar começaram em março, mas, quando falamos de qualidade do ar a situação pode mudar a qualquer momento, temos que optar sempre pela prevenção”.

Queimadas x saúde

O pneumologista e pediatra Arlan de Azevedo Ferreira, que é professor do Departamento de Pediatria na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e atende no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), explica que a fumaça das queimadas é altamente prejudicial porque traz desde impactos mais simples aos mais agudos, principalmente para quem já possui tendências alérgicas, como broncoespasmo, que consiste na contração da musculatura dos brônquios, que são uma espécie de tubos que auxiliam a passagem de ar pelos pulmões. Essa ação causa o estreitamento das vias aéreas, ocasionando a dificuldade de respirar.

Além disso, a irritação nas vias aéreas pode facilitar a penetração de outros vírus ou bactérias no organismo, porque uma vez ‘inflamadas’ deixam de exercer a função natural de proteção. Nas crianças e idosos, principalmente, provocam baixa imunidade, que deixa o organismo suscetível às infecções mais graves, como pneumonia. Também são comuns crises de asma, bronquites, crises alérgicas, rinites, sinusites e irritação nos olhos. “A pneumonia hoje é a principal causa de morte de crianças até cinco anos, por isso é importante nos conscientizarmos de que por qualquer que seja a queimada ela é extremamente prejudicial à saúde humana, isso inclui queimar folhas e lixo”, alerta o especialista.

Queimar é crime

Queimar na área urbana é crime o ano inteiro, com penas e atuações conforme a legislação municipal. Na área rural, o Decreto nº 191, publicado no Diário Oficial de Mato Grosso do dia 14, proíbe o uso do fogo para manejo do solo entre 15 de julho a 15 de setembro, com pena que pode variar entre 6 meses e 4 anos de prisão, e autuações de R$ 7,5 mil (vegetação nativa) ou R$ 1 mil (pastagem e agricultura) por hectare queimado.

Serviço

Denuncie as queimadas urbanas ou rurais na ouvidoria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema): 0800 65 3838, no número 193 do Corpo de Bombeiros ou diretamente nas secretarias municipais de Meio Ambiente.





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