Famílias de áreas de risco realizam sonho da casa própria
Hoje o cenário mudou. O casebre, quase desabando, transformou-se em uma casa de 36 metros quadrados, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro, com rede de água e esgoto. A rua cheia de lama e buracos deu lugar a uma avenida pavimentada, com calçada, meio fio e iluminação pública. Creuza é uma das 213 famílias que moravam em áreas de risco em Cuiabá e hoje estão no Residencial Alice Novack, região do Distrito Industrial. As casas fazem parte do programa "Minha Casa, Minha Vida" (PMCMV), do governo federal, em parceria com o Estado e município.
“Quando morávamos à beira do córrego me sentia humilhada porque, além de perder boa parte dos meus móveis no período chuvoso, o mau cheiro era insuportável”. Dona Creuza residia às margens do Córrego São Gonçalo, local repleto de esgoto, próximo à Cohab São Gonçalo Beira Rio. “Agora posso desfrutar de minha aposentadoria em um local seguro e longe das enchentes”, comemora.
Problemas de moradia como esses são os principais alvos do Governo do Estado que, por meio da Secretaria de Estado das Cidades (Secid-MT), vem viabilizando casa própria para as pessoas que viviam em áreas de risco ou vulnerabilidade social. Ao todo, 2.303 casas foram entregues em 2011 e 2012 em Cuiabá e Várzea Grande, cumprindo assim a Portaria 140/2010 do Ministério das Cidades, que destina até 50% das moradias do programa "Minha Casa, Minha Vida" à população que reside em áreas de risco ou em vulnerabilidade social.
Os programas de habitação do Governo do Estado já foram responsáveis – em 2011 e 2012 - pela entrega de 11.313 casas em todo Mato Grosso. As unidades são destinadas a famílias de baixa renda que foram sorteadas ou que residiam em áreas de risco. Para viabilizar estas moradias, foram investidos cerca de R$ 277 milhões. A ação do governo não para por aí. A meta é entregar 44 mil casas até o final de 2014, número que deve ser superado e ultrapassar as 50 mil unidades em quatro anos.
Vida Nova - A entrega dessas casas tem mudado a vida de centenas de pessoas que, durante anos, viveram em locais de risco, à beira de córregos, do esgoto e sofrendo com as enchentes. Essa era a realidade da aposentada Hemenergilda de Freitas Pereira, de 68 anos. Ela é moradora do Residencial Jamil Boutros Nadaf, localizado no bairro 1° de Março, na Capital. Antes de conquistar a casa própria, ela morava em uma área de risco.
Casada com Sebastião Rodrigues Pereira, 72 anos, eles sofriam há mais de 50 anos com a falta de condições de viver a velhice com o mínimo de dignidade. Aposentados, residiam próximo ao Córrego Gumitá, região do Grande CPA, local considerado de risco por freqüentemente ser atingido pelas enchentes. Isso não é um fato recente. Os moradores da área são vítimas de inundações há mais de 20 anos, quando um grande número de famílias ocupou o lugar.
“Nós já perdemos tudo o que tínhamos por causa das enchentes, que eram constantes naquele local. Eu já tinha me conformado com a ideia de que todos os anos, durante a temporada chuvosa, o córrego transbordava e a água avançava sobre minha casa. Lembro-me de quando o tempo ‘armava’ e o pessoal já saia das casas, gritando e alertando os outros vizinhos para erguerem os móveis. Teve um dia que ninguém estava em casa e a água chegou na altura da janela. Nesse dia perdemos tudo”, lamenta a idosa, que agora vive em uma outra realidade.
“Hoje, moro com minha esposa e um filho e, graças a Deus, não cai um pingo de água aqui dentro”, comemora Sebastião, que conclui: “Se não fosse o Governo do Estado nós ainda estaríamos lá”.
O Residencial Jamil Boutros Nadaf, viabilizado pelo Programa Habitacional Minha Casa Minha Vida, abriga 322 famílias. O local foi inaugurado em julho de 2011. “O governo oportunizou a 322 famílias morarem dignamente e terem qualidade de vida. Isso é resgatar a cidadania das pessoas”, destacou o Secretário de Estado das Cidades, Nico Baracat.
Essa realidade não é muito diferente da vizinha de dona Hemenergilda, Rosimeire Alves, 37 anos, desempregada, que mora com os três filhos e o marido também no Residencial Jamil Boutros Nadaf. “Onde morávamos, na periferia do bairro Coxipó, mal conseguíamos pagar o aluguel de R$ 250,00, pois meu marido é ajudante de cozinha e ganha pouco mais de um salário por mês. Não sobrava dinheiro para quase nada”, lembra Rosimeire. “Nossa realidade mudou completamente. Hoje pago R$ 50,00 de prestação e a diferença que eu gastava com aluguel posso investir em alimentação, que está bem melhor”.
Após 41 anos casados, essa é a primeira vez que o casal Maria Xavier Silva, 64 anos, e Cláudio Souza Silva, 67 anos, conseguem alcançar o sonho da casa própria. A vida nunca foi fácil para eles, pois moravam em uma república, sem qualquer divisão com os outros vizinhos. Segundo o idoso, a realidade mudou completamente com a ação do governo. Agora, eles têm o benefício da tarifa social para pagar em dia as faturas de luz e água. Eles comemoram ainda a facilidade para ter acesso ao transporte público. “Existe uma parada de ônibus em frente à nossa casa. Temos dignidade para viver nossa velhice”, diz Cláudio.
O casal foi contemplado com um lar no residencial Gilson de Barros, na região do Souza Lima, em Várzea Grande. O conjunto habitacional foi inaugurado em novembro de 2011, as casas têm 36,6 metros quadrados, sendo dois quartos, sala cozinha, banheiro e área de serviço. Todas são forradas com PVC e têm revestimento cerâmico nas áreas molhadas. O residencial tem asfalto, calçada, meio fio, rede de água e esgoto, sendo que no local foi construído uma estação de tratamento de esgoto com capacidade para tratar em 100% os dejetos. Das 315 casas entregues, foram beneficiadas 205 famílias que residem em áreas de risco, 37 em situação de vulnerabilidade social e 73 que foram sorteadas pelo PMCMV.
“Os investimentos feitos pelo Governo do Estado no setor de habitação ao mesmo tempo que realizam o sonho das pessoas de terem a casa própria, resgatam a dignidade de centenas de trabalhadores de baixa renda que viveram durante anos em locais de risco e que agora podem se orgulhar de ter uma casa para chamar de sua”, completa o secretário.