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CIDADANIA
Terça - 22 de Maio de 2012 às 21:41

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“Eu já sabia: tem dinheiro para a copa, mas não tem para moradia”. Entoando este grito, centenas de moradores dos bairros Pedregal, Renascer, Castelo Branco e Bela Vista, em Cuiabá, receberam representantes da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) na noite de segunda-feira (21).

O encontro aconteceu no Centro Comunitário do Pedregal e também contou com a participação de membros da Defensoria Pública de Mato Grosso e Ministério Público, além do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Emanuel Pinheiro, e lideres comunitários.

Moradores reclamavam da ausência de informações, por parte da Secopa, quanto ao projeto, desapropriações e realocação das famílias que serão afetadas pelas obras naqueles bairros.

“Vocês têm que nos enxergar como pessoa, como ser humano”, reclama a presidente do bairro Castelo Branco, Delmaci Freitas Afonso.

Se intitulando “excluídos do progresso”, moradores denunciaram a tortura psicológica praticada pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas) que estava importunando e forçando as famílias a deixarem suas casas.

O defensor público Air Praeiro Alves destacou que não se pode aceitar a segregação social como ocorreu na África do Sul, quando da realização do mundial de futebol naquele país.

“Desde maio de 2011 a Defensoria Pública de Mato Grosso já denunciava a probabilidade de uma remoção forçada dos moradores. Nós não estamos trabalhando com bovinos, estamos trabalhando com cidadãos”, reforçou Praeiro.

O promotor de justiça Carlos Eduardo Silva propôs firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público, Defensoria Pública e Secopa para decidir o destino das centenas de famílias.

Para o defensor público Munir Arfox, “o progresso não pode estar acima dos Direitos Humanos e da dignidade dessa população, mas caminhar lado a lado”. Após tanta pressão, o secretário da Copa, Mauricio Guimarães, tentou acalmar os ânimos exaltados dos moradores afirmando que eles não serão obrigados a mudarem para o conjunto habitacional Altos do Parque, que está sendo construído próximo ao bairro Parque Cuiabá.

Ainda de acordo com Maurício, esta seria uma das opções para os que se interessassem pela localidade. “Outras opções também serão oferecidas aos moradores”, afirmou o secretário, prometendo uma solução em conjunto com a população.

Para discutir as alternativas de alocação para os moradores uma reunião está marcada para ser realizada na sede da Secopa, às 14h da próxima quinta-feira (24), contando também com a presença de representantes dos bairros envolvidos.

Conforme explicou Air Praeiro, apesar de não garantir nada de concreto para as famílias, a reunião foi mais que proveitosa, porque os moradores não tinham, até agora, a possibilidade de dialogar com os representantes da Secopa. “Neste momento a secretaria se dispôs a negociar com a população, o que, para nós, já é uma grande vitória”, concluiu.






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