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PARALISAÇÃO
Segunda - 11 de Julho de 2011 às 19:27
Por: Neusa Baptista

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presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios, Joaquim Santana
presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios, Joaquim Santana

Funcionários dos residenciais “Spazio Cristalli” e “Parque Chapada dos Guimarães”, ambos sob a responsabilidade das construtoras MRV Engenharia e Prime Incorporações e Construções, estão parados desde a manhã desta segunda (11), e prometem manter a paralisação até que sejam regularizados os pagamentos de salários.  O “Parque Chapada dos Guimarães“  emprega 190 pessoas, a maioria das quais terceirizadas; no Spazio Cristalli são 150 trabalhadores.

Segundo os funcionários, as oito empreiteiras contratadas para as obras estão atrasando os salários. Os atrasos variam de acordo com cada empresa, mas há situações extremas de funcionários que não recebem há 60 dias, e não sabem mais de onde tirar dinheiro para quitar as contas.  É o caso do bombeiro hidráulico Adão Luis Carvalho, contratado pela empreiteira JM Carvalho. Com quatro filhos e os pais para sustentar, ele reclama que já está dependendo de ajuda de vizinhos para sobreviver. Adão foi um dos trabalhadores que compareceram à sede da empresa Prime, juntamente com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM) para cobrar providências sobre o caso. Porém, não houve grandes avanços. “A Prime se comprometeu a resolver o pagamento de duas empreiteiras ainda hoje, mas isso não vai desmobilizar os trabalhadores. Eles só voltam ao trabalho quando receberem o que têm direito”, informou ele.

Durante toda a manhã, o sindicato acompanhou a situação dos trabalhadores, que fecharam a entrada das obras e não permitiram a entrada nem de trabalhadores nem de fornecedores. No canteiro de obras do residencial “Parque Chapada dos Guimarães”, no bairro Alameda, em Várzea Grande, o clima era de revolta.  Além dos atrasos nos salários, havia reclamação quanto as condições de trabalho, pois principalmente às segundas feiras a água, segundo os trabalhadores, só é servida depois das 9 horas.

Joaquim Santana explica que as irregularidades são consequência da falta de critério nas terceirizações, que acaba levando para dentro do canteiro de obras empresas que não possuem capital de giro, estrutura e condições de responder, entre outras coisas, pelos encargos sociais dos trabalhadores. O resultado são atrasos salariais, falta de depósito de FGTS, entre outros problemas.

Quem já passou por isso foi o pedreiro Edilson Luis de Magalhães. Funcionário da obra de Várzea Grande há quase um ano, ele diz que já enfrentou problemas com outras empreiteiras, que também não cumpriram com a legislação trabalhista.  Caso mais dramático é o do pedreiro Harry Kurth, que espera o dinheiro do pagamento há quase dois meses para comprar os remédios e pagar o tratamento da mulher, que tem câncer.  “Pretendo sair daqui, pois não tem mais condições”, reclama.

Um problema de saúde na família também preocupa o pedreiro Cássio da Silva Pereira. Com aluguel atrasado e as prestações do carro vencidas, ele ainda precisa custear o tratamento do filho, que sofre de deficiência visual.

O caso está sendo acompanhado pelo SINTRAICCCM. Segundo Santana, caso não seja resolvida esta questão, a entidade vai acionar a Delegacia Regional do Trabalho e Emprego.





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