União Europeia convoca reunião de emergência sobre crise econômica
O chefe do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, convocou uma reunião de emergência com as principais autoridades que lidam com a crise da dívida da zona do euro para segunda-feira (11). Segundo a agência Reuters, o encontro reflete a crescente preocupação com a chance de a crise chegar à Itália, a terceira maior economia da região.
Participarão da reunião o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, o chefe dos ministros das Finanças da região, Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, disseram à Reuters três fontes oficiais.
O porta-voz de Van Rompuy, Dirk De Backer disse que "é uma reunião de coordenação, não de crise". Ele completou dizendo que a Itália não será tema da reunião e se recusou a dizer o que será discutido.
De acordo com o jornal "The Wall Street Journal", a reunião foi convocada para discutir um segundo pacote de ajuda financeira à Grécia. Entretanto, duas fontes disseram à Reuters que a situação na Itália será discutida.
As conversações foram organizadas depois de uma grande venda de ativos italianos na sexta-feira (8), que aumentou os temores que a Itália, com a maior relação entre dívida soberana e produção econômica na zona do euro após a Grécia, poderá ser o próximo país a sofrer com a crise.
A pressão do mercado se deve, em parte, à elevada dívida pública da Itália e à sua economia letárgica, mas também à preocupação de que o primeiro-ministro Silvio Berlusconi possa estar tentando prejudicar e até mesmo derrubar o ministro da Economia, Giulio Tremonti, que promoveu grandes cortes para controlar o déficit orçamentário.
"Não podemos seguir adiante por muitos dias como a sexta-feira (8)", disse um alto funcionário do Banco Central Europeu. "Estamos muito preocupados com a Itália".
O encontro de emergência de segunda-feira vai preceder uma reunião previamente marcada entre os 17 ministros das Finanças da zona do euro para discutir como garantir a contribuição de investidores do setor privado para o segundo pacote de socorro à Grécia, assim como os resultados dos testes de estresse dos 91 bancos europeus.
A Espanha, tradicionalmente vista como o próximo dominó da crise, tem conseguido manter o seu acesso a financiamentos do mercado por meio de reformas fiscais. Mas por causa do tamanho das economias da Espanha e da Itália, a pressão na zona do euro pode aumentar drasticamente se os países eventualmente vierem a precisar de ajuda financeira.
O jornal alemão Die Welt citou no domingo uma fonte não identificada do BCE que teria dito que o atual fundo de resgate europeu, que tem um tamanho nominal de 440 bilhões de euros, não seria grande o suficiente para proteger a Itália porque não havia sido projetado para fazer isso.
Na Itália, neste domingo (10), políticos e funcionários do governo se esforçavam para apresentar uma frente unida e defender Tremonti. Umberto Bossi, o poderoso líder da coalizão de aliados da Liga Norte de Berlusconi, elogiou Tremonti por "ouvir os mercados."
"A partir de amanhã [segunda-feira], temos que mostrar que estamos unidos e bloqueando o esforço dos especuladores", disse Paolo Bonaiuti, um subsecretário e assessor de Berlusconi.