Governo chinês aprovou três frigoríficos nacionais exportadores. Associação prevê exportar para China 200 mil toneladas em 5 anos.
China decide abrir mercado para carne suína brasileira, diz ministério
O governo chinês anunciou nesta segunda-feira a abertura de mercado para a carne suína brasileira. Segundo o Ministério da Agricultura, em reunião em Pequim, o ministro da Administração-Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China, Zhi Shuping, informou ao ministro brasileiro Wagner Rossi a aprovação inicial de três frigoríficos nacionais exportadores de suínos.
Com a decisão, o Brasil venderá o produto pela primeira vez para os chineses. A liberação ocorre cinco meses depois da vinda de missão chinesa ao Brasil para inspecionar 13 indústrias.
“Com a aprovação das indústrias de suínos do Brasil, estamos cumprindo parte da missão que a presidenta Dilma Rousseff nos deu de ampliar a venda de produtos de maior valor agregado” afirmou Rossi. O aumento dos embarques de carnes representa agregar valor a matérias-primas, como farelo de soja e milho, usados na alimentação do rebanho suíno e de aves.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que integra a missão comercial de empresários que acompanha a viagem da presidente Dilma Rousseff ao país, comemorou a decisão.
“Representa o início da abertura do mercado para a carne suína brasileira. Continuaremos a trabalhar para a habilitação dos frigoríficos restantes”, disse Neto, em nota. Segundo ele, “o início da abertura chinesa para bovinos e carne de aves também foi com um número pequeno de fábricas, ampliado com o tempo”.
Os nomes dos três frigoríficos brasileiros aprovados não foram divulgados.
Brasil é o quarto maior produtor
A Abipecs estima que em cinco anos o Brasil deva exportar para China 200 mil toneladas de carne suína. Em 2010, o total do produto exportado pelo Brasil somou 540.418 toneladas. Segundo a associação, a China é o maior produtor e consumidor de carne suína, com números que representam mais do que o dobro dos da União Europeia, que ocupa o segundo lugar. O Brasil é o quarto maior produtor e o quinto consumidor.
A China já importava carne suína do Canadá, EUA e União Europeia.
De acordo com o governo brasileiro, a expectativa é que nos próximos meses, o governo chinês amplie a lista de frigoríficos exportadores de suínos e aves, período em que se pretende sanar todas as dúvidas e questionamentos dos chineses em relação às demais indústrias. Também se espera que sejam liberadas as exportações de gelatina do Brasil.
“Os chineses respondem por 50% da carne suína produzida no mundo, porém estão cada vez mais aumentando a renda per capita e devem ampliar o consumo de carnes”, informou o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
Tabaco e milho
O ministro da Agricultura também comemorou a confirmação de missão do país, na primeira quinzena de maio, ao Brasil para inspecionar processo de cultivo, armazenamento e transporte das folhas de tabaco baianas e alagoanas. Os estados são livres da doença mofo azul, pré-requisito do governo chinês para começar os embarques doproduto. Atualmente, o Rio Grande do Sul é o único estado brasileiro que exporta tabaco para a China.
Uma outra equipe de técnicos virá na mesma época para conhecer o sistema de plantio de milho. Hoje, o Brasil já exporta o grão para os chineses, mas o governo local demonstrou interesse em estabelecer um protocolo bilateral para ampliar as compras do produto.
Comércio bilateral
Desde 2008, a China é o principal comprador de produtos agropecuários brasileiros. Nos últimos três anos, exportações brasileiras para a China cresceram 214%, passando de US$ 3,5 bilhões em 2007 para US$ 11 bilhões em 2010. No ano passado, o Brasil foi o principal fornecedor de carne de aves para os chineses.
O complexo soja (óleo, grão e farelo) lidera as compras chinesas, com US$ 7,9 bilhões ou 20 milhões de toneladas. Dos três subprodutos, o grão representa a maior parcela das importações. O Brasil também exporta para a China produtos florestais (madeira, cortiça, celulose e subprodutos) totalizando US$ 1,28 bilhão.
O valor total das exportações do complexo sucroalcooleiro, que compreende açúcar e etanol, é de US$ 514,77 milhões, sendo US$ 514,76 milhões referentes à importação de açúcar.
No ano passado, as vendas de carne bovina e de frango para a China renderam US$ 225,6 milhões, dos quais US$ 219,6 milhões referem-se à carne de frango.