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ESPORTES
Quinta - 14 de Abril de 2016 às 08:50
Por: Da Redação TA c/Assessoria

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O mato-grossense Adirson Henrique é destaque nas maratonas das quais participa por todo o país. "O esporte me ajudou a quebrar barreiras e preconceitos. Ele deu sentido a minha vida, fez com que eu me sentisse útil na sociedade", destacou ele que possui 15% de visão no olho direito e não enxerga nada com o outro olho.  

São exemplos como o de Adirson que motivaram a Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc-MT) a pensar em políticas públicas, na área do esporte, voltadas às pessoas com deficiência. O foco é trabalhar na base com crianças e adolescentes, que muitas das vezes se sentem excluídos do seu meio por terem algum tipo de deficiência.

Foi pensando nessa inclusão que a Seduc viabilizou cursos de capacitação em modalidades paralímpicas para os professores de Educação Física de Mato Grosso.  A ideia é que os profissionais estejam mais preparados para lidar com pessoas com deficiência – um público que representa 22% da população matogrossense, conforme levantamento do IBGE.

Os cursos serão gratuitos e realizados por técnicos do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que virão de Brasília para realizar as capacitações que irão ocorrer durante as 10 regionais dos Jogos Escolares da Juventude em Mato Grosso. Ao todo serão ofertadas 300 vagas para os cursos de Tênis de Mesa, Goalball, Judô, Natação e Atletismo.

Esporte adaptado

A ideia de capacitar os professores nessas modalidades partiu da Superintendência de Políticas Esportivas Especiais da Seduc, que tem como meta o fomento do paradesporto em todo  Estado.  De acordo com o superintende do setor, Mario Marcio Pecora, o curso além de ter o caráter social, pode se tornar uma fonte de renda para os professores de Educação Física.

Ele destaca que o trabalho com esporte adaptado em Mato Grosso ainda é pouco explorado. “Ou seja: o profissional que investir nessa área estará contribuindo com a inclusão social de crianças e adolescentes e ao mesmo tempo vai gerar uma fonte de renda. Ele pode montar uma academia especializada para trabalhar com pessoas com deficiência, por exemplo,”, citou Pecora.

O primeiro dos 10 cursos de modalidades paralímpicas ocorre nesta sexta-feira (15), no município de Nova Xavantina (região Leste do estado). Lá será ofertado o curso de tênis de mesa. Ainda haverá capacitações nas cidades de São Félix do Araguaia (Judô), Cáceres (Tênis de Mesa), Aripuanã (Judô), Sinop (Natação), São José do Rio Claro (Natação), Paranatinga (Atletismo e Goalball), Campos de Júlio (Atletismo), e Colíder (Goalball).

Há vagas em todas as etapas, inclusive na primeira cidade, em Nova Xavantina. As inscrições são feitas por meio de formulário que se encontra anexo no final desse texto. Após o preenchimento do formulário o documento deve ser enviado para o email: rafaelsimoes@seduc2.mt.gov.br.

Exemplo

O maratonista cego Adirson Henrique sabe muito bem da importância do esporte na vida das pessoas com deficiência. Hoje ele é um paratleta vitorioso, que já ganhou  e participou de várias competições nacionais. Mas até conseguir sucesso na carreira, Adirson superou barreiras enormes, numa época em que havia pouca ou nenhuma estrutura aos paratletas.

Tanto que ele começou a competir em corridas com atletas sem deficiência. Adirson seguiu nessas competições durante toda a década de 80. E só na década de 90 que ele conseguiu um treinador e passou a correr em sua modalidade e a treinar adequadamente.  Mas o 10 anos de treinos sem a orientação de um profissional fez com que Adirson tivesse lesões sérias.

Hoje, com 41 anos, ele conclui que, se tivesse um acompanhamento desde o início da carreira poderia ter chegado mais longe ainda. “Eu vim de uma época onde as pessoas não tinham instrução nenhuma em relação ao paradesporto. Comecei a treinar com 12 anos e por conta própria. Nisso, nem meu pais me incentivaram direito, porque eles não tinham conhecimento do assunto”, relatou Adirson.

Diante do cenário de falta de apoio, Adirson se sentiu um inútil, uma pessoa sem serventia para a sociedade. “Mas foi o esporte que me fez vencer. Foi o esporte que me deu uma razão para viver e lutar contra os preconceitos. Foi o esporte que me deu felicidade na vida. Foi com o esporte que me senti inserido na sociedade”, enfatizou o paratleta.

Atualmente Adirson mantém um bom ritmo de treinamento e disputa várias competições nacionais com o objetivo de alcançar índice para participar dos Jogos Paralímpicos que ocorrem em agosto e setembro deste ano no Rio de Janeiro. “Nessa disputa para participar dos jogos o meu maior oponente sou eu mesmo. Por isso procuro me superar todos os dias”, ressaltou.  




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