Atendimento em embarcação ameniza falta de saúde pública a ribeirinhos
O atendimento médico, novidade do Projeto Ribeirinho Cidadão IV, está sendo o serviço mais requisitado pelas comunidades que margeiam o Rio Cuiabá. A questão financeira, aliada a distância da cidade e dificuldade de deslocamento, faz com que os ribeirinhos sejam tão carentes em relação à saúde e recorram a esta oportunidade de se consultarem com uma clínica geral, um oftalmologista e um dentista.
Na comunidade de São Pedro de Joselândia, onde a expedição passou um dia e meio, a maior procura foi por pessoas que manifestavam dificuldades na visão. O oftalmologista Jesus Dias e o optometrista Paulo Sassaki, prestaram atendimento a mais de 180 pessoas, desde crianças a idosos, e distribuíram gratuitamente quase 150 óculos, incluindo as consultas nas comunidades de Boca das Conchas e Cuiabá-Mirim.
De acordo com o cirurgião dentista Lázaro Wagner de Lima, que fez remoção de tártaro e extração de dentes, “ficou evidente a falta de higiene bucal dos ribeirinhos, devido a dificuldade de acesso ao dentista para tratamento preventivo”. Na maioria dos casos, pelo avançado estado de destruição, a solução era a exodontia. De alguns pacientes foram extraídos quatro dentes em uma só consulta.
A clínica geral Jamila Xavier, que também acompanha o Ribeirinho Cidadão voluntariamente, explica que as maiores queixas da população eram a respeito de dores de cabeça e azia. Sabendo que devem tomar, todo ano, remédios contra verme, por causa das precárias condições sanitárias, estes medicamentos eram bastante solicitados. O rol de remédios distribuídos inclui, ainda, fármacos contra hipertensão, muito requisitados, principalmente pelos mais velhos.
Nas comunidades de Joselândia, Boca das Conchas e Cuiabá-Mirim foram atendidas em torno de 50 pessoas pelo cirurgião dentista, extraídos aproximadamente 120 dentes, e 131 consultas realizadas pela clínica geral.
O Defensor Público Air Praeiro destaca que, nesta quarta edição do Ribeirinho Cidadão, fica evidente que a demanda reprimida na área jurídica foi satisfeita. “Mas os ribeirinhos ainda têm grandes carências, principalmente na área da saúde. O tratamento dos olhos, que sofrem grande degradação com os raios de sol, tem sido o mais procurado. Através de ações como esta, tentamos minimizar os obstáculos que o impedem de ter acesso à cidadania”, explicou o idealizador do projeto.