Fenômeno diz que últimos dois anos que viveu no Brasil foram os mais incríveis da vida dele
Ronaldo anuncia aposentadoria: "Corpo não aguenta mais"

A notícia chegou de surpresa no domingo. O jogador Ronaldo Fenômeno vai anunciar, nesta segunda-feira (14), sua aposentadoria.

Patrícia Poeta conversou com Ronaldo, por telefone, no início da noite de domingo, e é verdade: ele confirmou que vai mesmo deixar o futebol a partir desta segunda-feira. Mas preferiu, por enquanto, não gravar entrevista.

O anúncio oficial da despedida está marcado para esta segunda-feira, no início da tarde, na sede do Corinthians.

Quando perguntado por que decidiu se aposentar agora, no início do ano, mesmo tendo contrato com o Corinthians até o fim de 2011, Ronaldo respondeu o seguinte: "São as dores do corpo. A cabeça até quer continuar, mas o corpo não aguenta".

Quando perguntado se estava sendo muito difícil esse momento pra ele, ele respondeu: "Nos últimos três dias, chorei feito um neném, uma criança".

O jogador também deixou uma mensagem pra você que está assistindo ao Fantástico nesse momento. Disse que os últimos dois anos que viveu no Brasil foram os mais incríveis da vida dele.

O Fantástico relembra os momentos marcantes da carreira desse nosso ídolo do futebol, o maior artilheiro em copas do mundo de todos os tempos.

Em Bento Ribeiro e em todos os subúrbios brasileiros, há milhões de histórias que poderiam ser a dele.

Aos 17 anos, o garoto do subúrbio carioca, bom de bola, já era jogador profissional. Era titular do Cruzeiro, coisa pra gente grande. No campeonato brasileiro de 1993, fez cinco gols num jogo só, contra o Bahia.

No último deles, lembrou-se de que era ainda um adolescente. Resolveu tirar a bola do experiente goleiro Rodolfo Rodrigues. E riu da brincadeira.

Em 1994, pouco antes da Copa dos Estados Unidos, Ronaldo foi jogar na Holanda, no PSV.

De lá, foi convocado por Carlos Alberto Parreira. Levar garotos de 17 anos a uma Copa sempre deu sorte ao Brasil, desde Pelé. Ronaldo não entrou em campo. Mas continuou a rir.

No meio dos craques que ganharam o tetracampeonato, Ronaldo virou Ronaldinho. Manifestação brasileira de carinho.

Mas na Espanha é diferente. Quando Ronaldo chegou a Barcelona, em 1996, foi apelidado de Fenômeno. E apelidos não costumam ser dados à toa.

O menino tinha crescido. No Barcelona, fez gols históricos. Pela primeira vez, foi eleito o melhor jogador do mundo.

Já contratado pelo Internazionale, da Itália, era a estrela maior da seleção brasileira na Copa de 1998. O time chegou à final. Era principalmente dele a responsabilidade de trazer o penta.

No dia 12 de julho, a história de Ronaldo surpreendeu a plateia com a primeira grande derrota do protagonista. Fragilizado por uma convulsão, nunca totalmente esclarecida, ele jogou mal a decisão. O time também. E a França levantou a taça.

No ano seguinte, 1999, Ronaldo sofreu a primeira de uma série de contusões graves. Quando tentou voltar, o cenário era a final da Copa da Itália, contra o Lazio. O drama: na primeira jogada, o joelho cede, e Ronaldo desmorona do alto de cinco meses de recuperação.

Nova cirurgia e novo tratamento. Tudo mais demorado: um ano e três meses. Voltou aos poucos. Quando foi convocado por Luiz Felipe Scolari para a Copa de 2002, ninguém sabia o que ele poderia fazer pela seleção.

Foi quando a história de Ronaldo chegou ao clímax. Ele marcou oito gols, incluindo os dois da final contra a Alemanha. E o Brasil conquistou a Copa pela quinta vez.

Naquele ano, o Fenômeno ganharia pela terceira e última vez o prêmio de melhor jogador do mundo. Já era, então, do Real Madrid, uma espécie de Olimpo do futebol. Pouquíssimos jogadores conseguiram ser bem-recebidos no Barcelona e no Real, os rivais espanhóis.

Mas depois do incrível ano de 2002, a história de Ronaldo mudou mais uma vez. Fora de campo, o campeonato estava ganho. Ronaldo era embaixador da ONU. E fazia acontecer eventos históricos como o jogo da seleção no Haiti, em 2004. Uma ideia dele que os haitianos jamais esquecerão.

Mas, em campo, Ronaldo já enfrentava problemas com o excesso de peso. E o Real Madrid não conseguiu nenhum campeonato europeu, a obsessão do clube.

Ainda assim, Ronaldo era um dos motivos que levaram a seleção a desembarcar na Alemanha como grande favorita ao título de 2006. O atacante tornou-se ali o maior artilheiro de todas as copas. Mas a seleção fracassou.

O craque foi para o Milan em 2007. De importante, apenas a repetição do que tinha feito na Espanha: poucos jogadores conseguem ser aceitos no Internazionale e no Milan, rivais italianos.

Dispensado, viveu em 2008 o pior período de sua história profissional. Até que, no fim daquele ano, Ronaldo teve a grande chance de encerrar bem sua história nos gramados. No dia 12 de dezembro de 2008, foi apresentado pelo Corinthians.

Retribuiu como um menino. Foi campeão paulista e da Copa do Brasil. E, no ano passado, ajudou o clube a voltar à Libertadores.

A desclassificação na primeira fase é apenas o fim de uma história feita de grandes momentos. E que meninos de Bento Ribeiro e de todos os subúrbios do mundo conhecem bem.