Secretário do Tesouro dos EUA participou de encontro na FGV, em SP. Para ele, economia brasileira tem mais força que a de outros países.
Desafios do Brasil serão parecidos com os dos EUA, diz Geithner
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, afirmou nesta segunda-feira (7), em evento em São Paulo, que a intenção dos EUA é preparar as bases para uma relação mais forte com o Brasil. Geithner participou de encontro com estudantes da Fundação Getulio Vargas, em visita preparatória à chegada do presidente Barack Obama ao Brasil, em março.
“A economia do Brasil tem mais força e é mais diversificada do que em qualquer outro país. Vocês já passaram por vários desafios e agora estão mais preparados para enfrentar novos desafios no futuro. Os desafios que vocês deverão enfrentar são parecidos com os nossos”, afirmou.
Entre os pontos fundamentais para que as economias mundiais cresçam, em especial Brasil e Estados Unidos, estão o fortalecimento do setor privado, a manutenção de um comércio justo e e aberto e a atenção voltada a investimentos em inovação, educação e infraestrutura.
"Temos interesses comuns, alinhados. Somos dois países com grande dinamismo econômico, equilíbrio entre mercado e participação do governo", disse. Em discurso, o secretário relembrou que, quando a crise financeira eclodiu, os dois países trabalharam juntos para defender uma estratégia internacional organizada para recuperar o crescimento econômico e reduzir o risco de futuras crises.
"Já superamos em muitas coisas a crise econômica, embora ainda tenhamos desafios. Mas estamos em uma posição favorável e queremos aproveitar esse histórico de cooperação entre os dois países. Temos agora mais otimismo no front econômico."
Durante a palestra, Geithner afirmou que o crescimento econômico tem sido puxado por demanda interna, consumo e investimento e que, para que esse equilíbrio seja sustentável, o Brasil e os Estados Unidos precisam de equiilíbrio da economia global. Geithner elogiu a "liderança excepcional" na condução da economia brasileira pelo último governo e pela gestão do Banco Central, feita pelo ex-presidente da autoridade monetária, Henrique Meirelles, que foi mediador do encontro na FGV. “É bom estar aqui numa época de tanta confiança no país”, afirmou.
Quanto à participação do Brasil nos fóruns econômicos mundias, o secretário disse ser de interesse dos Estados Unidos que o país siga desempenhando um "papel importante". "É importante reconhecer essa grande mudança no equilíbrio entre forças. O Brasil agora tem voz forte." Geithner afirmou que os Estados Unidos ainda trabalham para incluir o Brasil no Conselho de Estabilidade Financeira.
Falando sobre a valorização da moeda brasileira frente ao dólar, Geithner afirmou que “gerenciar fluxo de capital não é uma tarefa fácil. O fato é que é muito difícil usar somente ferramentas de política monetária para combater a inflação, sem colocar mais pressão no câmbio”.
"Se países com grandes superávits agirem para fortalecer a demanda doméstica em suas economias, abrir seus mercados de capital e permitir que suas moedas reflitam fundamentos, conseguiremos veremos mais equilíbrio no fluxo de capital, menos pressão de alta na moeda brasileira e um crescimento mais robusto nas exportações do Brasil", disse ele.
Os compromissos
Antes de participar da plaestra na FGV nesta manhã, o secretário se reuniu com empresários brasileiros. No grupo, estavam executivos de bancos, como André Esteves, do BTG Pactual e Carlos Alberto Vieira, do Safra, e de grandes empresas como Ford, Marcos Oliveira, e Embraer, Frederico Curado.
De acordo com a Embaixada dos EUA, Geithner seguirá nesta tarde para Brasília, onde deverá reunir-se com a presidente Dilma Rousseff e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em nota, a embaixada informou que o secretário terá consultas sobre questões bilaterais e objetivos comuns do G-20, "incluindo os esforços contínuos para promover o crescimento global equilibrado e a reforma da governança dos organismos financeiros internacionais".