Dados de 2010 e da primeira década do século XXI comprovam a pujança do setor
Indústria de MT é comparada a potência asiática
"2010 foi, novamente, um ano bastante positivo não só para a indústria, como também para a economia mato-grossense. Continuamos apresentando índices nos patamares dos países asiáticos e Mato Grosso é o Estado que mais cresce no Brasil", avaliou o presidente em exercício do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), Jandir Milan, durante coletiva de imprensa concedida nesta quinta-feira (27), na sede da instituição.
Os dados divulgados apresentam uma análise do desempenho da economia e do setor industrial, por meio da arrecadação de impostos e contribuições federais, geração de empregos formais, consumo de energia elétrica e balança comercial. Na ocasião, Milan também apresentou o estudo econômico que estratifica a atuação da indústria estadual na primeira década do século XXI.
O Valor Adicionado Bruto (VAB) da indústria em Mato Grosso cresceu 101% na última década, saltando de R$ 2,83 bilhões em 2001 para R$ 10,83 bilhões em 2010. O VAB é a soma da riqueza produzida pelo setor menos os custos para produção. O setor de serviços industriais de utilidade pública (Siup) foi o que mais se destacou, com crescimento real (descontada a inflação) de 176% de expansão nos 10 anos, seguido da construção civil, com 97% e da transformação, com 87%. A média anual de crescimento do setor ficou em 10%.
A participação do VAB industrial no Estado atualmente é de 16%, ficando atrás do agropecuária, com 29%, do segmento de serviços, com 23% e do comércio com 18%. O governo representa 14%. O presidente do Sistema Fiemt, Jandir Milan, afirma que estes números apontam a mudança do perfil econômico do Estado, já que há 30 anos era baseado apenas nos cargos públicos.
"Apesar do setor crescer muito, considero os industriais deste Estado heróis, pois para produzir pagam a energia e o combustível mais caros do país e ainda têm que enfrentar a pior logística brasileira para escoar a produção". O presidente destaca que considera o preço do frete o maior entrave regional e que o problema solucionado traria mais competitividade aos produtos mato-grossenses. "Para dar um exemplo, uma carreta que sai de Cuiabá para o porto de Santos custa para o produtor cerca de R$ 10 mil, enquanto que o caminho inverso não sai por mais de R$ 2 mil. Com este fato, perdemos duas vezes: primeiro porque não conseguimos viabilizar mercado com este preço e depois porque o concorrente de lá não tem menos dificuldade em oferecer mercadoria e se torna mais competitivo".
Para Milan, quando a BR-163 for concluída, o Estado terá melhorias significativas na logística. "Serão dois Mato Grosso, um antes e outro depois da BR-163, tamanha a contribuição que a rodovia dará para a competitividade estadual".
SEGMENTOS - O estudo econômico da década, divulgado pela Fiemt, retrata que entre os setores responsáveis pelo incremento na produção industrial estão o de alimentos e bebidas, com uma participação de 48,7% até 2008, com R$ 1,85 bilhão ante 771,89 milhões em 2002. O setor sucroalcooleiro aumentou o VAB em 150% neste período, saltando de R$ 74,35 milhões para R$ 185,93 milhões. A metalurgia subiu de R$ 77,39 milhões para R$ 171,32 milhões no mesmo intervalo, uma evolução de 121%.
O setor de base florestal diminuiu sua participação de 22,4% para 15,6%, apesar de ter aumentado em valor. Milan atribui o baixo crescimento à política ambiental que condenou o setor. "Houve uma distorção e colocaram o setor madeireiro como vilão do desmatamento. A indústria da madeira precisa da floresta em pé, não são elas que desmatam".
Com relação a liderança do setor de bebidas e de alimentos, o presidente explica que a indústria se instala próximo da matéria-prima e que devido à produção agropecuária do Estado, a transformação da proteína vegetal em animal está ocorrendo. "As exportações de carnes saltaram de R$ 74 milhões em 2001 para R$ 1,105 bilhão em 2010. É a transformação da matéria-prima em ração e posteriormente em produto industrializado".
Para Milan, o maior incentivo que a indústria pode ter é a matéria-prima próxima dos complexos fabris. "Um exemplo de evolução industrial neste cenário é Lucas do Rio Verde, que na última década passou de uma vila na beira da rodovia para o quinto município mais industrializado de Mato Grosso", enfatiza.
A indústria é responsável por 55% das exportações de Mato Grosso em 2010. O número demonstra a transformação da economia mato-grossense, fazendo com que o Estado deixe de ser apenas um fornecedor de matéria prima, agregando valor ao produto bruto. "Continuo afirmando que a indústria é e será o grande impulsionador do desenvolvimento estadual, com plantas fabris modernas e preparadas para investimentos e projetos inovadores", comenta Milan.