Mato Grosso tem potencial para estar no topo da piscicultura brasileira
A atividade caminha em direção à profissionalização de seus agentes e esbarra na falta de políticas sanitárias. Mas, mesmo com estes gargalos, a aqüicultura em Mato Grosso se posiciona hoje na quinta posição no ranking de pescado continental (água doce) do Brasil, perdendo apenas para o líder, Ceará, e para os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
“O potencial é gigantesco à aquicultura em Mato Grosso, estado que já é o maior produtor de espécies nativas do país”, frisa o Secretario de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura (Sepoa), do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Felipe Matias – que fala a partir de dados de uma estatística feita em 2007 pelo Ibama e disseminados pelo MPA. Números referentes a 2008 devem ser divulgados ainda neste primeiro semestre.
Em 2007, a produção de pescado continental no Brasil somou 210 mil toneladas, volume 10% acima do registrado no ano anterior. A região Centro-Oeste, no mesmo período, produziu 40,2 mil toneladas, sendo 17 mil ofertadas por Mato Grosso. A produção mato-grossense respondeu por 57% do total regional. “Lá atrás, ainda em 2007, Mato Grosso já ultrapassava o Paraná, estado com tradição na atividade”, completa Matias. O secretário lembra ainda que, desde 2007, Mato Grosso já se destacava como o maior produtor nacional de espécies nativas em água doce.
A análise da aquicultura brasileira foi o foco do secretário Felipe Matias ao elaborar sua tese de doutorado. Em outro estudo que será transformado em livro pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a ser lançado até junho de 2010, ele informa que a maior parte do pescado nativo de Mato Grosso é da espécie tambacu – híbrido da mistura entre tambaqui e pacu. Em 2007, os tambacus correspondiam a 5,9 mil toneladas das mais de 17 mil t produzidas naquele ano. Em seguida, vem o pacu, com 5,3 mil t, e o tambaqui, com 4,1 mil t.
Matias lembra que, em 2007, a criação da espécie pintado no Estado era embrionária, e, por isso, a estatística do Ibama apurou apenas a oferta de 214 toneladas. “Ainda hoje, a disseminação do pintado para criação, principalmente em tanques, é um trabalho que move a cadeia local. O pintado é uma espécie de maior aceitação e aproveitamento, e isso significa produção de maior valor agregado, ou seja, renda ao piscicultor”, avalia Matias.