Tecnologias assistivas são discutidas na II Semana Estadual da Pessoa com Deficiência A Seplan trouxe palestrantes responsáveis pela criação de tecnologias de inclusão para o debate
O sétimo dia de programação da II Semana Estadual da Pessoa com Deficiência começou com palestras sobre tecnologias assistivas de inclusão, no Salão Cloves Vettorato do Palácio Paiaguás, proferidas por palestrantes de instituições públicas educacionais, governamentais e empresas privadas que têm alguma iniciativa na área. Elas foram dirigidas a gestores públicos, empresários, pessoas com deficiências e cidadãos interessados em conhecer sobre o tema.
As chamadas “tecnologias assistivas” são produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços tecnológicos que buscam promover autonomia, independência e a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. Na abertura, feita pelo secretário adjunto de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Casa Civil, Marcione Mendes Pinho e pela secretária adjunta de Administração Sistêmica da Seplan, Patrícia Camargo, ambos mencionaram a frase da ex-diretora do Centro Nacional de Apoio a Pessoas com Deficiência da IBM, Mary Pat Radabaughda.
“Para a maioria das pessoas, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”. E foi com esse posicionamento que ambos levaram quem estava presente a pensar na importância da inclusão. “A Seplan está de portas abertas e dentro do possível vamos projetar a inclusão no Estado. Essa frase citada pelo Marcione foi o que me chamou atenção sobre a importância desse debate”, afirmou Patrícia.
Após a abertura, a professora do Instituto de Computação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Luciana Correia Lima, apresentou dois softwares criados, de forma personalizada, para pacientes com alguma deficiência e atendidos pelo Centro de Reabilitação Dom Aquino Correa.
Num deles, um paciente de 46 anos, vítima de paralisia cerebral que ficou com problemas para se expressar verbalmente, trabalhou em conjunto com a equipe da professora no desenvolvimento de um aplicativo que transformava em som, as informações que ele digitava no equipamento.
“Como ele trabalhava com vendas, criamos o software que permitia que ele digitasse a informação que ele queria dar e o texto era transformado em voz, na voz dele. O aplicativo também fazia apresentação de vídeo e indicava a localização de seus clientes. Ele usou o produto por muito tempo, ficou muito feliz e pode continuar desenvolvendo sua atividade profissional”, contou Luciana.
O outro produto apresentado pela equipe da UFMT foi feito para outra paciente do Centro de Reabilitação, uma menina de seis anos, que também tinha paralisia cerebral, não tinha sido alfabetizada e tinha deficiência na fala. Um comunicador que formava frases a partir de imagens foi criado para ela, que a partir dele, passou a se comunicar melhor. “Nós somos uma instituição que trabalha com carência de recursos e com o apoio de convênios, por esse motivo, não podemos estender nossa atuação, mas a nossa intenção é disponibilizar esses dois programas gratuitos para o usuário. Estamos nos organizando para isso e finalizando a produção de um terceiro”, explicou.
Além de Luciana, a professora doutora do campus da UFMT de Rondonópolis, Soraia Prietch, apresentou a experiência da Academia para o Desenvolvimento de Tecnologias Assistivas em Mato Grosso, o coordenador de Tecnologia de Informação do Tribunal de Justiça, Danilo Pereira da Silva, apresentou programas desenvolvidos pelo órgão para ofertar acessibilidade e a empresa Microsoft falou de suas tecnologias para esse público.
O evento foi finalizado com palestras sobre deficiência auditiva e visual ministradas pelo membro do Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), Mateus Magno e pelo servidor da Câmara Municipal de Cuiabá, Odenilton Júnior.
Para o superintendente de Tecnologia de Informação da Seplan, Divino Silva Miranda, a acessibilidade geralmente é discutida do ponto de vista arquitetônico, mas ela pode ser abordada em todas as áreas de conhecimento e no evento, organizado pelo Governo, via Casa Civil, a Seplan ficou de demonstrar experiências que possibilitam acessibilidade pelo uso de tecnologia.
“Hoje as pessoas têm acesso a sites de compras, de serviços, de relacionamentos com a tecnologia, mas, em pleno século 21 muita gente está de fora por falta de acesso. Não disponibilizar ferramentas para aqueles que têm algum tipo de deficiência entrar nesse mundo, é uma forma de exclusão. Esse debate que o Estado está propondo é um pontapé inicial para que a máquina pública encontre alternativas viáveis de também atender a esse cidadão”, avalia.
O evento começou no dia 16 de setembro e segue até o sábado (24.09), na Arena Pantanal, onde será realizada a palestra “Surdocegueira”, ministrada pela diretora da Associação Educacional para Múltipla Deficiência (Ahimsa), Shirley Maia, e a presidente da Associação Brasileira de Surdocegos, Claudia Sofia Pereira. A atividade terá início às 8h30 e segue até as 9h30. Na sequência, é a vez da palestra “Construção do livro em libras”.