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CULTURA
Segunda - 02 de Janeiro de 2017 às 06:51
Por: Redação TA c/ Gcom-MT

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Nascido em 05 de maio de 1865, o mato-grossense Cândido Mariano da Silva Rondon é um dos personagens emblemáticos da história brasileira por seu trabalho em defesa da cultura indígena e de integração do país. Rondon desbravou mais de 70 mil quilômetros para interligar o território nacional com linhas telegráficas, demarcou fronteiras, descobriu rios e espécies e foi indicado por Albert Einstein ao prêmio Nobel da Paz.

Em 2015, o marechal completaria 150 anos e, para marcar a data, o Governo de Mato Grosso instituiu o Ano Rondon, pautado pela realização de diversas atividades que enaltecem, preservam e divulgam os feitos deste brasileiro ilustre.

A Secretaria de Estado de Cultura (SEC) desenvolveu, ao longo destes dois últimos anos, diversos projetos relacionados à data, entre lançamentos editoriais, debates e a inauguração do Memorial Rondon, no distrito de Mimoso, em Santo Antônio do Leverger.

As comemorações aos 150 anos de Rondon começaram em maio de 2015 com o VIII Encontro Indígena de Mato Grosso, no Museu de Pré- história e Casa Dom Aquino, que foi encerrado com uma palestra especial por Tweed Roosevelt, bisneto do ex-presidente americano Theodore Roosevelt, sobre a expedição da qual seu avô participou em companhia do Marechal Rondon pelo Rio da Dúvida, entre os anos de 1913 e 1914, em Mato Grosso. Segundo Tweed, a expedição em plena selva amazônica marcou a vida do bisavô, que encontrou em Rondon um amigo e companheiro de uma aventura inesquecível.

“Marechal Rondon foi um dos seres mais extraordinários que já existiu. Ele era um homem brilhante, bem informado, educado. Seu envolvimento com os índios contribuiu para que fossem encontrados meios de protegê-los. Também é grandioso o trabalho de mapeamento hidrográfico feito em tempos muito difíceis e condições extremas”, observou. “Rondon foi um grande líder e merece todas as homenagens que vem recebendo”, disse Tweed que, na ocasião, teve a oportunidade de conhecer Benjamin Rondon, bisneto do marechal, que também participou do evento em Cuiabá.

No ano passado foi firmada uma parceria com o Instituto Mauricio de Sousa para a criação de uma cartilha com a história de Marechal Rondon. O gibi As Aventuras de Rondon conta com a participação dos personagens da Turma da Mônica e aborda a história do marechal de maneira divertida, com uma linguagem simples e de fácil compreensão. O kit, que contém a revista e um guia de orientação ao professor, será distribuído aos alunos da 3ª a 5ª série do Ensino Fundamental e aos professores.

Já o ano de 2016 foi marcado pelo lançamento de dois livros que trazem à tona a inestimável contribuição de Rondon para diversas áreas do conhecimento, entre elas a ciência, história e geografia. Uma das publicações é o primeiro volume dos relatórios da produção científica da Comissão Rondon.

Parte de um projeto de resgate de 86 relatórios, dos 110 produzidos em décadas de trabalho, a obra disponibiliza ao público os estudos e pesquisas desenvolvidos e comandados por Rondon e que foram publicados entre a primeira década do século XX até a década de 1950.

As publicações originais, raras e de difícil localização, foram encontradas pelos pesquisadores da SEC na Universidade Federal de Mato Grosso, Arquivo Público do Estado, Casa Barão de Melgaço, Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça e acervos particulares. O material digitalizado foi reunido em um livro explicativo, apresentando a trajetória de Cândido Mariano da Silva Rondon, sua capacidade de liderança e preocupação científica e cultural. A obra tem colaboração da historiadora Elizabeth Madureira, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT).

A outra obra é O Brasil pelos Brasileiros que reúne, em um só volume, os 86 relatórios produzidos pela Comissão Rondon ao longo de mais de meio século de trabalho por ocasião das diversas expedições para a implantação das Linhas Telegráficas e Estratégicas, do Serviço Nacional de Proteção aos Índios e Trabalhadores Nacionais (SPTIN), bem como da expedição em busca do Rio da Dúvida. A publicação é composta de um DVD, contendo o conjunto dos 86 relatórios e documentos, e um livro que registra os trabalhos da Comissão e de Rondon.

“Com esta publicação a SEC segue cumprindo um dos seus objetivos, preservar e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial mato-grossense, bem como de democratizar o acesso universal às artes e à cultura”, observa o secretário Leandro Carvalho.

O livro traz para conhecimento público a vida e obra dos cientistas que colaboraram com os trabalhos científicos da Comissão Rondon e revela a qualidade destes pesquisadores que estudaram, analisaram e ofereceram condições para o sucesso da empreitada.

Memorial Rondon

No dia 24 de agosto foi inaugurado o Complexo Histórico e de Turismo de Mimoso, mais conhecido como Memorial Rondon, localizado no distrito de Mimoso, em Santo Antônio de Leverger. Além de uma homenagem ao patrono das Comunicações, é também um espaço dedicado à cultura, turismo e educação.

A obra teve início em 2003. Em 2015, com as comemorações dos 150 anos de Cândido Rondon foi assinado termo de cooperação para sua retomada definitiva. O projeto dos arquitetos José Afonso Portocarrero e Paulo Cesár Molina Monteiro possui uma configuração espacial circular com 60 metros de diâmetro, lembrando uma oca/aldeia, remetendo às origens da arquitetura regional.

O projeto utiliza materiais de tecnologia de construção como concreto armado/protensão/fibra ótica, e tem um visual contemporâneo, além de se integrar ao ambiente onde está instalado. Permite que as águas da baía, ao subirem, tragam os peixes e barcos. Ou, quando o Pantanal está seco, propicia que os animais pastem debaixo da estrutura.

Afastado da Escola Santa Claudina por uma distância de 100m, o prédio é acessado por um trapiche com piso de madeira. O Memorial propõe a valorização do patrimônio histórico-cultural da região, ao mesmo tempo em que visa a preservação da memória e a divulgação da identidade cultural regional do homem pantaneiro. O espaço propicia ao visitante um encontro com a cultura pantaneira e cumpre a função de apoio ao ecoturismo.

O Memorial abriga ainda um importante trabalho de resgate documental, idealizado e realizado pelo fotógrafo Mario Friedlander e equipe. Há anos Friedlander tem desbravado alguns dos caminhos trilhados por Rondon no passado, tendo como base os trabalhos realizados pela Comissão Rondon. O fotógrafo percorreu mais de 25 mil km entre Rondônia, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, viajando de carro, barco, avião e a pé, para recriar em fotografias alguns dos lugares por onde Rondon passou. O resultado é o projeto Paisagens de Rondon que, além das imagens de sua autoria, revela ainda um importante arcabouço de registros iconográficos deixados por Rondon na passagem por estes lugares.

O local abriga ainda uma escultura em homenagem ao Marechal de autoria do artista plástico Frede Fogaça.





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