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CULTURA
Sábado - 14 de Janeiro de 2017 às 14:37
Por: Redação TA c/ Gcom-MT

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Foto: Gcom-MT
As 13 obras contempladas no concurso para Seleção de Projetos Audiovisuais trazem abordagens variadas para múltiplos temas, muitos deles contemporâneos e que fazem parte da história dos que vivem no Estado. Outros se aprofundam em conceitos filosófic
As 13 obras contempladas no concurso para Seleção de Projetos Audiovisuais trazem abordagens variadas para múltiplos temas, muitos deles contemporâneos e que fazem parte da história dos que vivem no Estado. Outros se aprofundam em conceitos filosófic

Uma engrenagem importante na cadeia produtiva do país, o mercado do audiovisual injetou, em 2014, um total de R$ 24,5 bilhões na economia brasileira, segundo levantamento da Agência Nacional de Cinema (Ancine). O estudo revelou ainda uma tendência de crescimento do setor, que se mantém em trajetória ascendente desde 2007, quando injetou US$ 8,7 bilhões.

Mato Grosso deverá contribuir significativamente para o crescimento dessa economia do audiovisual, que gera emprego e renda e movimenta segmentos importantes, com o investimento de R$ 5 milhões, sendo R$ 4,5 milhões oriundos do concurso para seleção de Projetos Audiovisuais, iniciativa em parceria da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Ancine e Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) lançada no ano passado. Deste total destinado aos nove projetos contemplados em diferentes tipografias, R$ 1,5 milhão foram aportados pela SEC e R$ 3 milhões pelo FSA em uma inédita contrapartida federal que dobra o valor investido pelo Estado.

Lançado em julho do ano passado, o certame contempla o desenvolvimento de projetos em Mato Grosso nas áreas de curta, média e longa-metragem em ficção e animação, telefilme documental e pilotos de produtos para a TV e se soma a outra iniciativa da SEC, a chamada pública de Desenvolvimento de Projetos de Obras Audiovisuais, também inédita no estado, lançada no final de 2015. Nesse edital, dos 44 trabalhos inscritos, cinco selecionados receberam recursos no valor de R$ 100 mil cada, totalizando R$ 500 mil em investimentos.

Múltiplas abordagens

As 13 obras contempladas no concurso para Seleção de Projetos Audiovisuais trazem abordagens variadas para múltiplos temas, muitos deles contemporâneos e que fazem parte da história dos que vivem no Estado. Outros se aprofundam em conceitos filosóficos para falar sobre sentimentos, relações e a passagem do tempo.

É o caso de Loop, projeto de longa-metragem de ficção da Plano B Filme. Baseado no conceito do Eterno Retorno, um dos pensamentos mais profundos do filósofo alemão Nietzsche, o projeto foca os ciclos repetitivos da vida com os mesmos fatos se repetindo indefinidamente. “Mais do que um filme sobre viagem no tempo, Loop é um filme sobre arrependimento. Uma história que oferece ao seu personagem principal algo com o que muitos sonham: uma segunda chance”, diz a sinopse.

Segundo contemplado na mesma categoria, o projeto A batalha de Shangri-Lá (Molera Filmes) gira em torno do preconceito, rancor e perdão. O fio condutor é uma busca pela identidade a partir de feridas profundas deixadas por uma sociedade preconceituosa e machista e a constatação de que estas feridas podem ser superadas com ajuda e esforço extremo. O roteiro foi vencedor do Desarrollo de Proyectos Cinematográficos Iberoamericanos 2015, na Fundación Carolina, em Madri, Espanha. A vitória garantiu ao trabalho um novo tratamento, com orientação do premiado cineasta brasileiro Karim Ainouz (Madame Satã e O Abismo Prateado) e do roteirista argentino Tomàs Aragay (Truman e Do Que os Homens Falam). Posteriormente, Shangri-Lá recebeu consultoria da roteirista Patricia Oriolo.

Conflitos de uma família numerosa e fatos históricos que até hoje fazem parte do imaginário de uma comunidade são abordados em O Anel de Eva, da Latitude Filmes, terceiro trabalho contemplado nesta tipologia. A morte do patricarca de uma família em uma pequena cidade do interior do país leva a uma investigação que revela surpresas: a existência de objetos de origem nazista. Este trabalho é baseado na dissertação de mestrado de Simoni Renée Guerreiro Dias, que afirma que Hitler teria morrido no Brasil, mais especificamente em Nossa Sra. do Livramento, aos 95 anos, sob o nome de Adolf Leipizi, mais conhecido como o Velho Alemão

Dentro da tipologia telefilme documental foram aprovados dois projetos. O primeiro, Quem tem medo de Luciene Carvalho, da Leão Film, acompanha a vida e obra da poeta e escritora cuiabana, membro da Academia Mato-grossense de Letras e, por meio da sua história, aborda questões polêmicas como a loucura.

O segundo vem de uma produtora de Chapada dos Guimarães, a Artes Brasil, e se chama Mata Grossa. Tem como proposta resgatar parte da memória feminina de Mato Grosso, cuja história sempre foi contada pelo viés e pela cultura machista.

“A história sempre foi contada pelos capitães generais ou por membros do clero, na sua totalidade, homens e cuja cultura machista, profundamente entranhada nos costumes dessas épocas, impediram qualquer gesto em direção ao reconhecimento da participação feminina na vida política, social e cultural do Estado”, informa a sinopse.

Vínculos familiares dão o tom de Aquele disco da Gal, projeto de curta-metragem de ficção da Leão Film. O filme, com 15 minutos de duração, abordará, de forma sutil, possibilidades envolvendo as relações e as configurações familiares contemporâneas, com ênfase no vínculo entre pai e filha.

Contemporâneo também é o tema do curta Alma Negra que, como o projeto citado acima, foi aprovado dentro da tipologia de curta ou média-metragem de ficção ou animação. O trabalho de A Produtora Filmes é inspirado em uma história real ocorrida na região metropolitana de Cuiabá. Em maio de 2016 três crianças que estavam sozinhas em casa morreram carbonizadas quando um incêndio, causado por uma vela, tomou conta do barraco de madeira onde viviam, num bairro da periferia de Várzea Grande.

“Alma Negra pretende ser uma fotografia fiel onde as jovens que vivem em meio à violência doméstica, ao tráfico de drogas, a gravidez precoce, a baixa escolaridade, o subemprego, a pobreza e ao mundo sem grandes expectativas possam se reconhecer e se identificar; e onde aquelas que, por um golpe de sorte ou de merecimento, saíram desse cenário ou nunca precisaram vivenciar tais coisas, possam entender que a vida tem facetas sórdidas e assustadoras”, esclarece a sinopse do filme.

Também com foco nas mulheres jovens o curta-metragem de ficção Juba, da Molera Filmes, pretende contribuir com a reflexão sobre as necessidades da vida de milhares de jovens que precocemente são levados a fazer escolhas que afetam suas possibilidades de crescimento e futuro.

Ambientado em uma Cuiabá dos dias atuais, o filme tem como protagonista uma jovem malabarista, artista de rua, que sonha com a vida artística mas, como uma grande parte de jovens do país, está entre as mães adolescentes, de baixa renda que, entre exercer sua arte e poder sustentar a filha ainda bebê, é levada a tomar difíceis decisões.

Da realidade para a ficção, o curta Teodora quer dançar, da Molera Filmes, resgata as lendas urbanas que fizeram parte do imaginário e da cultura popular dos cuiabanos. O enredo de base passa pelos conflitos de Álvaro, um jovem e brilhante advogado que sempre priorizou a carreira e, de repente, se descobre profundamente apaixonado por uma jovem misteriosa que ele conhece na Praça da Mandioca. O filme reconta uma das mais famosas lendas urbanas da Cuiabá antiga, num viés contemporâneo, apresentando a cidade e os personagens como eles são hoje.

O projeto tem o objetivo de preservar a memória cultural popular e trazer à tona uma nova perspectiva do imaginário urbano para toda uma geração que desconhece a riqueza dessa lenda que é de Cuiabá e, ao mesmo tempo, é de todo o país.

Bala Perdida, curta da MT Okamura, é uma peça de ficção que também se inspira na realidade e tem, como pano de fundo, cenas extraídas da vida periférica da sociedade. A presença dos humoristas Nico e Lau busca dar leveza à abordagem de temas fortes como a violência urbana.

Dentro da tipologia piloto de produto para TV foram aprovados três projetos. O primeiro, Ciranda, da Leão Film, é uma obra ficcional seriada que engloba as questões de identidade de gênero e orientação sexual, ao desenvolver, em 13 episódios, 14 diferentes relações afetivosexuais que se dão em cadeia.

O projeto faz isso, ao transitar pelos episódios personagens cisgênero (pessoas que se identificam com o gênero físico de nascimento) e transgênero (pessoas que não se identificam com o gênero físico de nascimento) com diferentes orientações sexuais heterossexual, homossexual e bissexual de modo a abordar, ao menos uma parte, da multiplicidade de interações e relações possíveis.

Fé e Tradição, da Latitude Filmes, tem como foco principal as festas tradicionais mato-grossenses como a Cavalhada, a Dança dos Mascarados e as festas de santo, entre outras e como objetivo fortalecer o turismo cultural no estado.

O último trabalho selecionado no edital é Tem que ser agora, da Latitude Filmes, série ficcional com 13 episódios que mostra relações sociais e acadêmicas entre cinco protagonistas, seus professores e o universo estudantil. A série é ambientada em uma universidade federal que, com a expansão dos processos seletivos, reúne cada vez mais pessoas com diferentes bagagens e criadas em contextos diversos. O tema são as relações político sociais de gênero, relacionamentos, profissionais e de sexualidade existentes no meio acadêmico de uma grande universidade, além de conflitos e descobertas dos próprios jovens na visão deles mesmos, colocando os como protagonistas de seu próprio meio.





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