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CIDADE
Quarta - 16 de Março de 2016 às 08:07
Por: Da Redação TA c/Assessoria

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Os números referentes à falta de saneamento básico no Brasil são alarmantes e dados do Ministério da Saúde mostram que 2.365 pessoas morreram por infecção intestinal no Brasil, decorrente da ausência de rede de esgoto, desde 2013.

Isto significa dizer, que, em média, duas pessoas morrem por dia em decorrência deste problema. Além de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 10% dos domicílios do Brasil não são atendidos pela coleta de lixo. 

Todas estas informações foram repassadas pelo coordenador arquidiocesano da Campanha da Fraternidade, professor Luiz Lopes, durante audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (15), na Assembleia Legislativa.

Lopes divulgou ainda que no Brasil a população tem mais acesso ao celular do que a banheiro adequado. Ele apontou ainda para a necessidade de um diagnóstico real do saneamento em Cuiabá e a falta de política pública do município para atender toda a cidade.

De acordo com o último relatório feito pela Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec), de outubro de 2015, somente 47,83% possuem serviços de esgoto.

Outro apontamento feito pelo professor é de que a cada R$ 1 investido em saneamento economiza-se R$ 4 na saúde. “Se os governos tivessem políticas asseguradas, desobrigaria a saúde a atender casos elementares de doenças. No Brasil preferem trabalhar com correção, ao invés de prevenção”, reclamou.

De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), 70% dos problemas de saúde estão ligados diretamente aos problemas de saneamento, ou melhor, a sua falta. Isso acarreta uma questão econômica, já que amplia o volume de pessoas em busca das unidades de saúde, que não estão tendo atendimento eficiente, por falta de estrutura e profissionais.

O deputado Wancley Carvalho (PV), autor do requerimento da audiência que tratou do tema da campanha da fraternidade “Casa Comum, nossa responsabilidade”, ressaltou a necessidade de o saneamento ser tratado como prioridade pelo poder público.

“Só haverá recursos para esta área se for priorizado, caso contrário não resolveremos os problemas que envolvem à ausência de saneamento, como saúde e meio ambiente”, afirmou.

Carvalho reforçou ainda que o objetivo da audiência é ampliar o debate sobre este assunto para que haja conscientização de que o saneamento deve ser priorizado, além de também orientar a população para evitar que os lixos sejam jogados de maneira errônea.

O professor Paulo Modesto, um dos coordenadores do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) para 106 municípios de Mato Grosso, apresentou o projeto e ressaltou que os problemas são mais amplos do que se imagina e é necessário cuidados para tratar de todos os componentes que englobam o saneamento: água; rede de esgoto; coleta de resíduos e a drenagem das águas.

Modesto falou sobre o trabalho que vem sendo executado em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e Governo do Estado e ressalta que a solução virá dos municípios.

O projeto desenvolvido por ele envolve equipes de engenheiros, técnicos em computação, arquitetura, economia e ciências sociais para, junto com os municípios elaborar o documento base para solucionar o problema do saneamento em municípios de Mato Grosso com menos de 50 mil habitantes.

O pastor Luterano Teobaldo Witter, da Comissão Nacional da Campanha da Fraternidade, ressaltou a necessidade de englobar toda a sociedade nas discussões referentes ao saneamento, e a importância de o tema ser discutido por meio das igrejas.

Ele destacou seu posicionamento contrário à privatização, elogiando as ações do município de Lucas do Rio Verde, que é destaque na área, sendo referência nacional.

A secretária Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Lucas do Rio Verde, Luciane Capetti, diz que o município já possui o Plano Municipal de Saneamento Básico que tem sido colocado em prática atualmente 35% da população é atendida com rede de esgoto. Além disso, já existe um projeto para garantir 100% da drenagem e também para o planejamento urbano para política de resíduo sólido.

A deputada Maria Izaura Alfonso (PDT) reforçou a importância de a igreja demonstrar preocupação com o saneamento e ponderou que é preciso lembrar que a maior concentração de recursos está no Governo Federal, sendo necessário aporte de recursos da União para que os municípios consigam de fato colocar em prática os planos de saneamento básico. Ela relatou sua experiência como prefeita de Alta Floresta por dois mandatos e as dificuldades para aplicação de recursos nesta área.

“As prefeituras são pobres porque não têm recursos. O governo Federal, que fica com o maior bolo do dinheiro precisa fazer aporte. Senão, os projetos não sairão do papel. Espero que os governos Federal e Estadual sejam sensibilizados”, defendeu.





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