OMS alerta para risco de proliferação de febre amarela para países vizinhos Informe publicado pela entidade afirma que vírus pode ser levado para Argentina, Paraguai ou Venezuela pela transmissão em animais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em informe publicado nesta sexta-feira, 3, para o risco de proliferação da febre amarela pela América do Sul. Segundo a entidade, o vírus pode ser levado por animais para Argentina, Paraguai ou Venezuela. Boletim divulgado pelo Ministério da Saúde brasileiro, também nesta sexta, apontou aumento no total de casos suspeitos para 921, dos quais 161 confirmados. O número de mortes continua a crescer dia a dia. Até esta sexta, eram 60.
A OMS destaca que apenas o Brasil, por enquanto, tem casos confirmados do surto. No Peru e na Colômbia, relatos apontam apenas para “possíveis casos”. Ainda assim, a entidade ressalta que não recomenda que governos estabeleçam uma restrição de viagens para locais com o surto confirmado.
A epidemia da doença no País também causou reação do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Na quarta-feira, o órgão emitiu alerta para que os cidadãos americanos que pensem em viajar para o Brasil tomem “providências avançadas”. Embora a agência não sugira o cancelamento de viagens, indica que quem tenha planos de vir ao País tome a vacina contra a febre amarela. A OMS também não vê necessidade de restrições de viagens.
O alerta da entidade toma por base o registro de 1,2 mil macacos mortos em diversas regiões do Brasil. Segundo os estudos, 259 deles haviam sido contaminados pela febre amarela. “A ocorrência de doenças epizooticas em Roraima, na fronteira com a Venezuela, assim como em Mato Grosso do Sul e Paraná, na fronteira com a Argentina e Paraguai, representa um risco de circulação do vírus a países fronteiriços, especialmente em áreas em que se compartilha o mesmo ecossistema”, indica o informe.
A OMS aponta também que não existem indícios de que o mosquito Aedes aegypti – responsável pela infecção urbana – esteja implicado no atual surto. “Entretanto, o potencial risco não pode ser descartado.”
Vacina. A OMS recomenda, por causa da “limitação na disponibilidade” de imunizantes, que os governos comecem a estocar vacinas contra a febre amarela, assim como estabelecer quais regiões devem receber doses de forma prioritária. Segundo a entidade, “a medida mais importante de prevenção é a vacina”. O informe sugere que campanhas de imunização sejam feitas de forma sistemática para regiões afetadas ou para viajantes que estejam pensando em ir a zonas atingidas.
No boletim desta sexta, o Ministério da Saúde diz já ter enviado 8,2 milhões de doses extras de vacinas a cinco Estados que têm registrado casos suspeitos da doença, além daqueles na divisa com áreas que têm casos detectados. O órgão de saúde brasileiro também informou que está liberando R$ 40 milhões aos municípios mais afetados pela febre amarela no País “como incentivo à vacinação da população”.
Mortalidade. A taxa de mortalidade de febre amarela também chama a atenção da OMS. No relatório, a entidade aponta que o índice de fatalidade da doença no País chega a 36% entre os casos confirmados.
Conforme o Ministério da Saúde, até esta sexta 60 mortes haviam sido registradas. O Estado com maior índice de óbitos é Minas, com 53 (considerando o local de infecção). Em nota, a pasta disse que a região de fronteira registra só casos suspeitos. Na hipótese de a infecção ser confirmada, o fato será informado imediatamente à OMS.
SP confirma sétima morte, a 5ª ligada a idas para Minas
A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou nesta sexta a sétima morte por febre amarela em território paulista.
O paciente havia viajado para Minas Gerais, onde provavelmente ocorreu a infecção. Outras quatro vítimas também têm histórico de viagem. Somente dois óbitos foram autóctones, ou seja, com transmissão da doença dentro do Estado. Eles ocorreram em Américo Brasiliense e Batatais.
As cinco mortes com infecções importadas de Minas foram registradas nos municípios de São Paulo (três casos), Santana de Parnaíba e Paulínia. Há ainda 13 casos da doença em investigação, cinco com provável infecção no interior de São Paulo e oito de pessoas que haviam viajado para outros Estados.