Exportação de carne brasileira desaba, diz ministério Volume exportado do produto foi de apenas US$ 74 mil ontem, ante US$ 60,5 milhões na segunda-feira
Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) mostram um forte recuo nas exportações diárias da carne brasileira. Na terça-feira, 22, foi embarcado o equivalente a US$ 74 mil do produto, contra US$ 60,5 milhões na segunda-feira e US$ 53,9 milhões na sexta-feira passada, dia em que foi deflagrada a Operação Carne Fraca. Ao Senado, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, informou nesta quarta-feira, 22, que a média diária de embarques do produto é de US$ 63 milhões. "A gente não sabe o tamanho da pancada que vai levar", afirmou a senadores.
O MDIC diz que é preciso adotar cautela ao analisar os números diários porque é comum que eles apresentem forte oscilação ao longo de um mês. A Pasta admite, porém, que os dados passaram a ser monitorados de perto pelo Ministério da Agricultura.
Mais cedo, Maggi disse ter conversado com alguns produtores que relataram, por exemplo, que os frigoríficos que processam carne bovina pararam suas compras, diante das incertezas sobre os embarques para mercados como a União Europeia e a China. No mercado de suínos, compras de carne para processar que normalmente são feitas às segundas foram adiadas para quarta ou quinta-feira.
Por isso, há pressa no destravamento das exportações, pois o ciclo de produção de carnes é curto e não há como adiar por muitos dias os abates. Além disso, há problemas de armazenamento.
Maggi disse ter recebido a boa notícia que o Japão restringirá sua limitação de compra aos 21 estabelecimentos alvos da operação. Esses estabelecimentos, de toda forma, já estão impedidos de exportar por decisão do próprio governo brasileiro, que não tem emitido licenças de exportação. "Quero crer que estamos indo por um bom caminho", disse. "Falta um posicionamento definitivo da Comunidade Europeia e da China. Resolvidos esses dois assuntos, podemos respirar um pouco." O ministro disse que pretende viajar aos principais mercados para dar garantias "olho no olho".
PF. O novo posicionamento da Polícia Federal (PF), admitindo que os problemas encontrados na Operação Carne Fraca são pontuais, é um fator importante para a retomada das vendas de proteína animal ao mercado interno, avaliou Blairo. "A população confia muito na PF", comentou.
No último fim de semana, o ministro criticou a forma como a operação foi comunicada à população. Segundo ele, foram divulgadas informações errôneas, como a da mistura de papelão aos embutidos. Além disso, as análises laboratoriais foram questionadas. Ontem, o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, esteve no Ministério da Agricultura para tratar de uma maior participação dos técnicos na avaliação das informações.