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CULTURA
Sábado - 25 de Março de 2017 às 14:49
Por: Redação TA c/ Gcom-MT

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Foto: Meneguini/Gcom-MT

Em março de 1912, a então Bibliotheca Pública abria suas portas à comunidade, sob a direção do advogado e historiador Estevão de Mendonça. Há 105 anos, completados neste domingo (26.03), nascia a maior biblioteca pública de Mato Grosso. O equipamento, gerido pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC-MT), é um local de referência literária e cultural com acervo composto por aproximadamente 100 mil volumes em diversas áreas do conhecimento. Para celebrar a data, será feita uma justa homenagem ao primeiro diretor, um homem visionário que deu nome à instituição.

Entre os dias 27 e 31 de março, a Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça (BPEEM) expõe, em suas dependências, no Palácio da Instrução, materiais bibliográficos pertencentes ao acervo pessoal de Estevão de Mendonça e que foram cedidos pela Casa Barão de Melgaço. A visitação está aberta das 12h às 18h. O Palácio da Instrução fica na Praça da República, centro de Cuiabá, e a entrada é gratuita.

Ao longo destes 105 anos, a Biblioteca Pública passou por mudanças, entre elas a de espaço físico. A instalação no centenário Palácio da Instrução só ocorreu em 1956. Nesta trajetória, a instituição ampliou consideravelmente o acervo sem deixar de valorizar e prezar pela sua história. “A Biblioteca Pública é a maior do estado, centenária e guardiã da memória de Mato Grosso, mas é mais que um depósito de obras literárias. É um espaço de conhecimento que interage com a sociedade, cumprindo seu papel social”, explica a gerente, Patrícia Jaeger.

A tecnologia tem sido uma ferramenta fundamental em um trabalho minucioso que visa disponibilizar para a sociedade informações sobre o acervo da instituição. Nos dois últimos anos foi intensificado o serviço de tratamento técnico do conteúdo informacional (informatização de acervo), que consiste na catalogação de todas as informações referenciais de uma obra.

“Estas informações são recuperadas e inseridas em um banco de dados. Hoje podemos dizer que 70% do acervo estão informatizados, o que significa que o usuário tem condições de conhecer e pesquisar, na internet, o que existe na Biblioteca. É um catálogo online disponível para consulta”, acrescenta Patrícia.

A pesquisa online pode ser feita por palavras chave como autor, título e assunto. Para acessar o conteúdo, basta acessar aqui.

Já a disponibilização do acervo digitalizado está em processo de transição e será um novo serviço disponibilizado à comunidade. Hoje, estão disponíveis na internet os acervos digitalizados de Estevão e Rubens de Mendonça e do escritor Ubaldo Leite.

Ressignificação

Sem perder os vínculos com sua história, a BPEEM tem as portas abertas à modernidade. Além das salas temáticas (sala Mato Grosso, braille, literatura infantojuvenil, literatura geral e acervo circulante), há videoteca, telecentro (inclusão digital) e laboratório de informática (pesquisa).

A coleção braille conta com o maior acervo de Mato Grosso, além de equipamentos voltados à acessibilidade como impressoras que “transcrevem” a obra literária para a versão em pontilhados, facilitando a leitura para o deficiente visual.

Nessa sala trabalha Manoel Pinto, servidor da Biblioteca há 30 anos. Deficiente visual, ele é responsável por transcrever as classificações em braille. “É um trabalho minucioso e que não tem fim porque a cada dia chegam novas obras, mas é prazeroso. Gosto de estar com as pessoas, de atender a sociedade e, principalmente, de mostrar que é possível ser útil, apesar da deficiência. Trabalhar é, para mim, uma terapia”, relata o servidor, que é ainda professor dos cursos de braille oferecidos pela Biblioteca à comunidade.

Manoel também faz a leitura em braille de livros infantis em séries de contação de histórias para os pequenos visitantes da Biblioteca e ministra o curso de braille para a comunidade em geral, oferecido pela instituição.

Cerca de quatro mil volumes em diversas áreas do conhecimento compõem a coleção Mato Grosso. “Toda a memória do Estado está disponível neste espaço”, informa Patrícia.

Todo esse acervo, antes disponível apenas para consulta in loco, pode ser compartilhado com a população. No ano assado, depois de um intervalo de 10 anos, a BEEM voltou a empresar livros à comunidade, fortalecendo seu papel como disseminadora da informação e conhecimento.

A ressignificação da Biblioteca está contemplada também nas parcerias, como a firmada com o Ministério da Cultura (MinC) que permitiu à BPEEM receber, no ano passado, 10 máquinas de última geração por meio do projeto Recode, apoiado pela Fundação Bill e Melinda Gates. A Estevão de Mendonça foi uma das 10 bibliotecas contempladas nesta iniciativa que chega agora a uma segunda etapa, voltada à capacitação dos servidores.

“Por meio desta capacitação, a Biblioteca Estadual poderá atender melhor seus usuários em termos de equipamentos tecnológicos. A instituição não deixa nada a dever em termos de acervo, conhecimento e serviços, mas ainda temos muitos desafios, como finalizar a informatização e trazer a comunidade para dentro do Palácio, além de fazer com que ela enxergue este espaço como um equipamento cultural com atividades diversas”, enfatiza Patrícia. “A Biblioteca tem um pé no passado e outro no futuro, sem perder a sua importância e o seu valor, e está de portas abertas para o conhecimento. Estas parcerias e a realização de atividades como cursos de idiomas, libras, informática e braille, buscam ampliar a área de atuação e conteúdo”.

Nova sede

Um complexo cultural com atividades permanentes voltadas ao conhecimento. Assim será a nova sede da Biblioteca Estadual Estevão de Mendonça, que irá ocupar o prédio da antiga Faculdade de Direito de Mato Grosso, anexo à Casa Barão de Melgaço. O projeto de reforma e readequação do espaço levou em conta duas instituições que hoje são referências em um novo conceito de biblioteca, a Villa Lobos e a Biblioteca São Paulo, ambas na Capital paulista.

A obra contempla os três pavimentos da edificação que, integrados, irão abrigar não apenas a Biblioteca, mas instalações da Academia Mato-grossense de Letras (AML) e o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT). A nova Biblioteca deve ficar pronta em 2018.





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