TURISMO SUSTENTÁVEL
Experiências bem sucedidas apresentadas na FIT Pantanal despertam interesse de outros países Intercâmbio é tida como a melhor forma de experiência, pois serve para nortear ações e evitar erros com turistas
Representantes bolivianos que participam da Feira Internacional de Turismo do Pantanal (FIT Pantanal) deste ano, gostariam de levar mais detalhes de como as iniciativas são realizadas para desenvolver o turismo de forma sustentável. O objetivo seria de poder aplicar as iniciativas também no país vizinho. “Penso que deveria ter mais intercâmbio de informações, como trabalham na área do turismo para chegar nesse resultado que foi exposto. Traduzir isso para servir de experiência e conhecimento para colocarmos também lá, de acordo com a nossa realidade”, pontuou Julio Roly, no término da palestra “Gestão de Área de Conservação com uso Turístico”. Roly é vereador em uma cidade boliviana.
O tema foi uma das propostas elencadas no painel conduzido pelo Sebrae MT e o Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), na programação de sábado (22.04) da Fit Pantanal, na Aldeia do Conhecimento. Contou com a consultora parceira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rosilda Dalla Riva, como mediadora das apresentações, que incluiu assuntos sobre os Parques Nacionais de Chapada, do Pantanal e o de Juruena, que foi transmitida por representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que chefiam os trabalhos nos respectivos parques. E ainda, representantes da Ecopan (Associação de Operadores do Turismo do Pantanal) e da WWF Brasil abordando a conservação dos espaços.
“Nosso objetivo é que absorvam conhecimentos para fins turísticos. Queremos transformar o turismo num pilar da economia do nosso Estado, assim como o agronegócio. Para isso precisamos de parcerias, governo, trade turístico e a sociedade. E de Conselhos Municipais e Estaduais de Turismo fortes, para manter o alinhamento. A integração dos estados é outro fator necessário para formarmos o corredor do turismo”, destacou Luiz Carlos Nigro, secretário adjunto de Turismo do Estado, pasta vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).
Além da diversidade de ambientes aquáticos que o Bioma Pantanal agrega, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre algumas áreas como o Sítio de Ramzar, reconhecido como Patrimônio Natural Mundial em 2000 pela Unesco, o Morro do Caracará e outras áreas em que o turismo comunga perfeitamente com a natureza. Ou seja, as pessoas ribeirinhas que vivem a muitos anos no local, participam do processo, convivem com o Parque do Pantanal preservando o ambiente.
Os desafios ainda existem, conforme relatos dos palestrantes. O Plano de Manejo é um deles, pois, no geral, a maioria dos locais turísticos dependem de estrutura adequada para receber os visitantes. “São regiões com um cenário privilegiado, mas distantes dos grandes centros, carecem de estrutura para abrigar o visitante”, revelou Nuno Rodrigues da Silva, do ICMBio.
Existem muitos potenciais para serem explorados, daí a necessidade de ações. Entre eles, o turismo arqueológico que é pouco conhecido, a canoagem que pode ser uma alternativa para o turismo de pesca, o turismo de natureza no que se refere a observação de aves, animais e plantas.
No caso do extremo Norte de Mato Grosso, onde está localizado o Parque Nacional de Juruena concentra entre as 40 unidades protegidas, parte da Amazônia. O Plano de Manejo que vem sendo aplicado, estabelece estratégias para efetuar a unidade de conservação com foco de criação e o Plano de Gestão tem a participação composta por diversas ações.
Em Juruena também há disponibilidade para exploração do turismo esportivo como rafting, nas belíssimas cachoeiras. Também possui região de cavernas, portanto propícia para passeios e descobrimentos, além de grandes rios, aves, faunas.
“Realmente nos leva a reflexão de como conseguir agregar o uso público como elo fundamental para a formação do eco corredor do turismo. Somos o maior corredor da biodiversidade do mundo, temos o elemento mais forte que é patrimônio cultural. Não tenho dúvidas, portanto, que temos potencial para formar o maior eco corredor”, resumiu Rosilda Dalla Riva.
Base comunitária
Para Osvaldo Gajardo, da WWF Brasil, o turismo de base comunitária possibilita parceria fundamentais no processo. “Piloteiros, canoeiros, cozinheiras, funciona tudo muito bem. São serviços realizados pelos moradores locais”, revelou ao falar do projeto desenvolvido na Barra de São Manoel.
Segundo ele, a maior forma de experiência é o intercâmbio. “Até o que deu errado na experiência serviu para mostrar que não pode existir tais falhas em se tratando de turismo”, lembrou.
Na região da Barra de São Manoel existem figuras rupestres que ainda não foram estudadas.
Um morador ribeirinho, em depoimento, sintetizou o sentimento na seguinte frase: “Quando vi esse cenário (cachoeiras) pela primeira vez, pensei se alguém destruísse não seria bom para natureza e nem para as pessoas. Hoje as pessoas vêm aqui e se espantam ver uma comunidade tão antiga e tudo em pé a nossa volta, com toda a mata”.
Bráulio Carlos, da Ecopan, destacou que o foco do trabalho da Associação tem sido no sentido de orientar os associados como se comportar em convivência com a natureza, ou seja, promover e resguardar de forma sustentável.
“Se não conservar, não teremos água no futuro. Precisa ter o manejo sustentável do turismo, são muitas coisas (elementos turísticos) ligadas à agua”, completou um representante do Sebrae, ao tratar do fomento do turismo em unidade de conservação e na cadeia produtiva do turismo.
Tratativas para aproximar os parques da cadeia produtiva são necessárias como estratégia de desenvolvimento do setor. E a criação dos embaixadores dos parques está entre as alternativas bem sucedidas para o turismo sustentável, evidenciadas nas explanações.
Dúvidas
Algumas perguntas foram feitas aos palestrantes. Entre elas, o compromisso com os ribeirinhos, se existem projetos em desenvolvimento. Segundo a ICMBio os projetos são independentes, mas a empresa tem interesse em implementar ações com a estruturação dos parques.
Neste sábado serão debatidos novos temas nos painéis. Confira a programação no portal www.fitpantanal.com.br.