FEBRE AMARELA
Diagnóstico em macaco serve de alerta, mas Estado e municípios estão vigilantes
Técnicos do Escritório Regional de Saúde em Rondonópolis se reuniram na tarde desta quinta-feira (27.04) com a Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do município para discutir ações em conjunto a partir da confirmação que um macaco encontrado morto há cerca de 40 dias na zona rural de São José do Povo (a 268 km de Cuiabá) estava contaminado com o vírus da febre amarela, conforme apontaram exames laboratoriais. O principal objetivo da reunião foi o de prestar mais informações e tranquilizar a população, já que Mato Grosso, diferentemente de outras regiões do país, não vem apresentando surtos da doença.
Para a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde, Flávia Guimarães, o diagnóstico feito em um macaco e que confirmou o vírus da febre amarela, serve, entretanto, de alerta, pois indica a circulação do vírus. E este fato reforça a necessidade de um trabalho conjunto entre a vigilância do estado com a dos municípios, trabalhando no monitoramento, bloqueios e cobertura vacinal.
A coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Ludmila Sophia, explicou que na ocorrência da morte de macacos é obrigatória a notificação de epizootia. No caso do macaco diagnosticado com o vírus da febre amarela, o material biológico do macaco foi enviado para o Laboratório Central do Estado (Lacen) que encaminhou para um laboratório referência fazer o diagnóstico. “Morreu, investiga-se a causa. Porque macaco morre todo o tempo, como sempre morreu, mas o macaco é o nosso indicador sentinela, por isso é interessante investigar a morte”, disse Ludmila.
A coordenadora ressaltou também que o macaco não é o responsável pela doença. “O macaco apenas aloja o vírus que é transmitido principalmente pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Temos que deixar a população tranquila para que não comece a matar o bicho. O macaco faz parte de uma cadeia biológica e não pode ser punido por isso”, salientou.
Na quarta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde de Rondonópolis encaminhou um pedido de 40 mil doses extras de vacina contra a febre amarela para serem distribuídas no município e em São José do Povo. “Recebemos o pedido e enviamos ontem mesmo para o Ministério da Saúde que irá avaliar o pedido. Acredito que até o início da próxima semana o ministério já tenha uma posição”, disse a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde, Flávia Guimarães.
Flávia ressalta que o Ministério da Saúde mudou a forma de distribuir vacinas porque está fazendo ações principalmente em Minas Gerais e Espírito Santo, onde existe o maior número de casos confirmados e, por serem áreas que antes não existia a recomendação de vacinação, surgiu agora a necessidade de vacinar toda a população.
Vacinação rotineira
A coordenadora ressalta que Mato Grosso recebe mensalmente do Ministério da Saúde, em média, 80 mil doses da vacina, quantidade considerada suficiente porque não existe a necessidade de se fazer uma vacinação em massa. “Mato Grosso é área de recomendação da vacina contra a febre amarela porque tem a circulação do vírus na mata. Por isso, a população já é vacinada rotineiramente”, explicou.
No caso de Rondonópolis e municípios vizinhos da abrangência do Escritório Regional de Saúde, as doses devem ser aplicadas unicamente em quem ainda não fez a vacina. “A população diante das notícias vai buscar a vacina. Só que muitas pessoas não têm o hábito de guardar o cartão de vacina e acabam se vacinando duas vezes, o que é um erro. O cartão é um documento de saúde, de proteção, que deve ser guardado, pois serve de prova que a pessoa já se vacinou e evita, assim, a revacinação”, alertou Flávia Guimarães. Conforme o Ministério da Saúde, uma primeira dose garante proteção por dez anos e, uma segunda dose, garante a imunização definitiva.
Em Mato Grosso, segundo o Informe nº 37/2017 divulgado no dia 24 pelo COES (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública sobre Febre Amarela) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, foram registrados de 1º de dezembro de 2016 a 20 de abril, quatro notificações de casos suspeitos de febre amarela, dos quais três foram descartadas e uma permanece em investigação.
Flávia explicou como é feito o procedimento na apuração dos casos. “Os casos suspeitos detectados pelas unidades de saúde nos municípios são notificados para a vigilância do município, que faz a notificação para o Escritório Regional de Saúde, que notifica o Estado, e que, por sua vez, notifica o Ministério da Saúde. Os casos suspeitos, tanto em macacos que aparecem mortos, como em pessoas que apresentam sintomas da doença, são investigados com a coleta de material biológico para confirmar ou descartar o caso”.
Minas e Espírito Santo
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil vive nas últimas décadas o maior surto da febre amarela silvestre, atingindo principalmente os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que apresentam os maiores números de casos confirmados. Até o dia 20 de abril deste mês, foram notificados ao ministério pelas secretarias estaduais de Saúde 2.900 casos suspeitos da doença. Destes, 681 (23,48%) foram confirmados, 768 (26,48%) casos permanecem em investigação e 1.451 (50,04%) foram descartados. Do total de casos notificados, 372 evoluíram para óbitos, dos quais 234 foram confirmados, 103 foram descartados e 35 estão sob investigação.
Em Minas Gerais foram notificados 1.568 casos em 169 municípios, dos quais, 471 foram confirmados, 845 foram descartados e 252 estão em investigação. Foram notificados 222 óbitos. Destes, 165 foram confirmados, 44 descartados e 13 mortes continuam em investigação. Já o Espírito Santo registrou até o dia 20 a notificação de 642 casos em 55 municípios. Das notificações, 168 foram confirmadas, 185 descartadas e 289 permanecem em investigação. Foram notificados 87 óbitos, dos quais 58 mortes tiveram confirmação da doença, 12 descartadas e 17 mortes continuam em investigação.
O Ministério da Saúde tem trabalhado em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de Saúde para a realização de uma força-tarefa na investigação dos casos. Os números apresentados resultam da notificação de estados e municípios, busca de casos suspeitos nas bases dos sistemas nacionais de informação, análise de consistência das bases de dados e exclusão de registros duplicados.