Carijós, Tupinambás e Pirapitinga celebram 30 anos nesta 5ª
Brasília (20/07/2017) – Nesta quinta-feira (20), as estações ecológicas (Esec) de Carijós, em Florianópolis (SC), Tupinambás, no litoral de São Paulo, e Pirapitinga, em Morada Nova, Minas Gerais, celebram aniversário de 30 anos. As três unidades de conservação (UCs) foram criadas no mesmo dia por um único decreto, de número 94;656, publicado em 20 de julho de 1987.
Estações ecológicas, de acordo com a Lei que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), são áreas terrestres ou marinhas, ricas em fauna e flora, que têm como principais objetivos a preservação integral da natureza e a realização de pesquisas científicas. Além disso, podem receber visitação para atividades educativas.
Embora criadas no mesmo dia e por um único decreto, as três unidades de conservação ficam em diferentes biomas e guardam riquezas naturais distintas. Cada uma tem objetivos específicos e importância especial. Saiba um pouco sobre cada uma delas.
Carijós
A Esec Carijós possui elevada importância para a preservação da Baía Norte da Ilha de Santa Catarina, por ser área de reprodução e crescimento de animais marinhos, muitos de valor comercial. Além do ecossistema de manguezal, também protege áreas de restinga, rios e banhados.
Com 759 hectares, a Esec abriga mais de 500 espécies de animais e dezenas de espécies da flora de manguezais e restingas. Dentre os animais de grande porte, destacam-se o jacaré-do-papo amarelo, a lontra, o ratão-do-banhado e o graxaim.
Estudos apontam a ocorrência de 227 espécies de aves, o equivalente a 32% da avifauna catarinense e 64% das espécies do município de Florianópolis. A fauna aquática é especialmente rica, com destaque para caranguejos, mariscos, ostras, robalos, tainhas, bagres e camarões.
A unidade apresenta duas glebas: Ratones e Saco Grande. O manguezal do rio Ratones é o maior e o mais bem preservado da Ilha de Santa Catarina. A Esec também protege três sítios arqueológicos – sambaquis – com idade estimada de 4.000 anos, indícios da antiga ocupação humana na região.
Como fica numa área semiurbana, à beira do litoral, a unidade sofre pressão por todos os lados. Pela terra, há riscos de invasões e aterros ilegais por parte da especulação imobiliária. Pelo mar e rios, existem ameaças de pesca irregular e extração de caranguejos, além da poluição. Tudo isso exige muito trabalho da equipe da unidade.
“Em 2016, aplicamos 66 autos de infração. Este ano, até agora, já são 53”, diz o chefe da Esec Carijós, o analista ambiental Ricardo Peng, ao ressaltar que as operações de fiscalização, assim como as atividades de educação ambiental, pesquisa e monitoramento, são feitas em conjunto com os colegas das outras UCs federais em Florinanópolis – APA de Anhotomirim, Reserva Biológica do Arvoredo e Reserva Extrativista Pirajubaé – e da Coordenação Regional 9.
E é exatamente isso que mantém a reserva bem conservada, espaço privilegiado para os inúmeros estudos sobre fauna e flora por parte de pesquisadores de universidades da região, como a Universidade Federal de Santa Catarina, e de centros de pesquisa, como o Cemave do ICMBio, que atua na área de avifauna.
Além das pesquisas, segundo Peng, a Estação Ecológica de Carijós recebe, também, alunos de escolas e universidades situadas em Florianópolis e no interior do estado para atividades de educação ambiental. “Esse trabalho é muito significativo porque, com isso, estamos estimulando a consciência conservacionista das novas gerações”, reforça o analista.
Para desenvolver todos esses trabalhos, a gestão da Esec busca investir em parcerias com órgãos ambientais do governo local, organizações não governamentais e, principalmente, entidades da sociedade organizada de Florianópolis. A Esec, junto com as demais UCs da região, também ajuda os órgãos locais na execução do Plano Diretor e no Plano Municipal de Saneamento.
Nessa linha de participação da sociedade, a gestão da unidade já articula a reativação do conselho consultivo e o programa de voluntariado. “Esses são alguns dos nossos muitos desafios para breve”, conclui Peng.
Tupinambás
A Estação Ecológica de Tupinambás tem sede administrativa na cidade de São Sebastião, no litoral paulista. É dividida em dois setores. O Setor I fica em São Sebastião, a aproximadamente 35 km da costa, compreendendo parte do arquipélago dos Alcatrazes. O Setor II está localizado em Ubatuba, a cerca de 4 km da costa, abrangendo parte do arquipélago da ilha Anchieta, nas proximidades do Parque Estadual da Ilha Anchieta, sendo composto pela ilha das Palmas, ilhote e laje do Forno e ilhota das Cabras.
As formações encontradas nessas ilhas e ilhotas são majoritariamente compostas de floresta ombrófila densa, que recobre quase toda superfície, e de uma estreita faixa de vegetação pioneira em afloramento rochoso sob influência marinha.
No ano passado, foi criado na região o Refúgio de Alcatrazes. Juntas, as duas unidades de conservação (UCs) passaram a proteger cerca de 70.000 hectares, abrangendo todo o arquipélago dos Alcatrazes. É a maior área marinha de proteção integral das regiões Sudeste e Sul e a segunda maior do Brasil. As UCs abrigam 1.300 espécies de flora e fauna, sendo que pelo menos 93 delas estão sob algum grau de ameaça.
Para a gestão integrada das duas unidades de conservação, foi feito criado o Núcleo de Gestão Integrada do Arquipélago dos Alcatrazes – ICMBio Alcatrazes, a fim de dar maior eficácia à preservação da biodiversidade e alcançar os objetivos de criação das UCs.
“Este é um ano de muitas comemorações para o ICMBio Alcatrazes pois, além do aniversário de 30 anos da Esec Tupinambás e do primeiro ano do Refúgio de Alcatrazes, comemoramos também a publicação do plano de manejo integrado das unidades, constituindo um importante instrumento para a proteção da biodiversidade marinha do litoral norte do estado de São Paulo”, disse a analista ambiental Kelen Leite, chefe do NGI.
Pirapitinga
Situada na confluência do córrego Riachão com o rio São Francisco, a Estação Ecológica de Pirapitinga localiza-se numa ilha artificial de 1.090 hectares, no reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias, na região central de Minas Gerais, no município de Morada Nova de Minas. A unidade preserva amostras significativas do bioma Cerrado, em todas as suas fitofisionomias, e matém ainda áreas de cobertura florestal.
Contribui para a manutenção da viabilidade ecológica de populações de fauna e flora associadas à ilha, entre elas, espécies vegetais ameaçadas de extinção, como a sucupira-branca e o baru, e animais, como o jacaré-do-papo-amarelo, a onça-parda, a onça-preta, a jaguatirica, o lobo-guará e o tatu-canastra.
A unidade de conservação protege ainda aves migratórias, como o cabeça-seca e a águia-pescadora, garantindo seu pouso e descanso durante passagem pelo local.
Outra função importante da unidade é conservar a bacia dos rios do Boi, Indaiá e Borrachudo, contribuintes do rio São Francisco, garantindo o estoque pesqueiro na região.
Do ponto de vista da gestão, a Esec apoia a produção de conhecimento científico, incentivando a realização de pesquisas experimentais voltadas ao desenvolvimento de tecnologias e práticas que visam a recuperação de ecossistemas degradados no bioma Cerrado.
Além disso, ela proporciona oportunidades de interpretação e sensibilização ambiental em área protegida e valoriza e difunde a cultura e o conhecimento das comunidades locais sobre a biodiversidade.