Terceirizados da UFMT entram em greve a partir de hoje
A decisão foi tomada durante uma assembleia geral da categoria, realizada no auditório do Sintuf-MT, e tem objetivo de pressionar a empresa Luppa, do ex-vereador Delcimar Silva, para que pague o salário atrasado e respeite os direitos dos trabalhadores.
Cerca de 120 terceirizados estiveram presentes na assembleia dessa sexta-feira, as pressões que estão sofrendo para assinar documentos que comprovam que os salários foram pagos. “A representante da empresa nos procurou com um holerite, um recibo para a gente assinar. Muitos assinaram, mas ninguém recebeu o salário. Estavam dizendo que quem não assinasse seria demitido. Eles sempre trazem documentos, nos fazem assinar, e os papeis não tem data”, reforçou uma trabalhadora que pediu para não ser identificada.
Situações como essa seriam corriqueiras na rotina de trabalho da empresa Luppa. Os funcionários denunciaram que atuam com produtos químicos perigosos sem os devidos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
“Prometeram que nos trariam o cartão transporte ontem e não cumpriram, muitas de nós tiveram que ir embora a pé. Eles não respeitam os trabalhadores, muitas vezes nos entregam uniformes usados, inclusive rasgados, botas com numerações diferentes entre cada pé”.
Segundo a coordenadora geral do Sintuf, Leia de Souza Oliveira, a administração da UFMT agiu somente após uma pressão conjunta entre o sindicato, a Associação dos Docentes (Adufmat), Diretório dos Estudantes (DCE), e os próprios trabalhadores organizados, exigindo que a empresa efetuasse o pagamento dos trabalhadores em 24 horas.
Além disso, a administração superior da universidade afirmou que iniciou os procedimentos para rescisão contratual com a Luppa. “Na segunda-feira faremos uma vígilia aqui no Sintuf com os trabalhadores, esperando que a empresa pague o que deve. Às 16h30 teremos outra assembleia para decidir se voltamos ou não as atividades”, destacou Leia.
Para o presidente da Adufmat, Reginaldo Araújo, a administração da UFMT e a empresa devem responder juntas pela situação. “Isso tudo é culpa da empresa, sem dúvidas. Mas a UFMT tem obrigação de tomar providências diante de tudo isso”.
Com medo das retaliações que vêm sofrendo por parte dos supervisores e representantes da empresa, muitos trabalhadores pediram para manter seus nomes resguardados e as fotos não divulgadas, mas fizeram questão de relatar diversas situações de descaso e desrespeito.
“Nós trabalhamos durante todos os feriados, natal e ano novo, e não recebemos o vale refeição. Carnaval, a mesma coisa, e não tivemos reembolso. Não temos informação ou posição sobre nada. Se reclamamos somos ameaçadas de demissão por justa causa”, disse um grupo de trabalhadores.
É por esse motivo que as entidades que representam os técnicos administrativos, docentes e estudantes da UFMT encamparam a luta e respondem, agora, pelos terceirizados. “Estamos juntos. Essa é uma luta da classe trabalhadora, e não apenas dos terceirizados”, disse o estudante Lucas Camargo.
Dentre outras reclamações feitas pelos trabalhadores, estão: ameaças frequentes de encaminhamento aos escritório (demissão); advertências por qualquer motivo; recusa de atestados médicos; referências humilhantes aos trabalhadores; e diversos tipos de coações.