Profissionais decidem manter greve na Santa Casa
Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Cuiabá decidiram na tarde deste sábado (25), durante Assembleia da categoria, manter pela greve da unidade que completou 26 dias, hoje. Os médicos e servidores cruzaram os braços no dia 30 de julho, por falta de pagamentos de salários.
Com isso, atendimentos a novos pacientes continuam suspensos e, no local, funciona apenas os serviços de urgência e emergência.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sinpen-MT), Dejamir Soares, os profissionais decidiram manter pelo movimento porque rejeitou a proposta apresentada de R$ 3 milhões, que deveria ser repassado de cada ente executivo (Governo do Estado e Prefeitura de Cuiabá), totalizando R$ 6 milhões, sendo divididos em duas datas, dia 29 de agosto e 29 de setembro, porém o valor não cobriria nem mesmo as duas folhas de pagamentos dos funcionários que totalizam R$ 4 milhões, fora da equipe médica que ultrapassam os R$ 7 milhões.
Outro pedido na Assembleia para que os trabalhos voltem ao normal seria que o atual presidente da unidade médica, Antônio Preza, renuncie ao cargo, pois funcionários e o Governo não acreditam mais no modelo de gestão.
Atualmente, a Santa Casa conta com 80 servidores e 200 profissionais do corpo clínico.
A assessoria do hospital informou que o governo do Estado pediu a listagem completa da folha de pagamento dos funcionários da Santa Casa, para realizar os pagamentos em atraso. Somente os enfermeiros estão sem salário há cerca de dois meses, enquanto médicos estão sem receber há 4 meses.
A Santa Casa afirma ter débitos e trabalhar com déficit de R$ 700 mil ao mês e que existem repasses por parte da Prefeitura de Cuiabá e do Estado atrasados, mas os gestores negam ter dívidas com o hospital.
Por causa da greve, apenas os pacientes em estado mais grave estão sendo atendidos. A situação tem prejudicado bastante a população que lota os postos de saúde e Pronto-Socorro de Cuiabá e de Várzea Grande atrás de atendimento médico.
Ainda conforme Dejamir Soares, os enfermeiros cumprem a escala de atendimento que corresponde a 30% em funcionamento nas enfermarias e de 50% nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Porém há dificuldades para que os funcionários cheguem até a Santa Casa. “Alguns não conseguem ir porque não tem dinheiro para pagar a passagem de ônibus”, lamenta.
Para tentar resolver a situação desses mais de 400 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e serviços, o Estado estaria fazendo um estudo para adiantar valores ao hospital e pagar diretamente esses funcionários que estão com salários atrasados. “O adiantamento deve ser descontado de uma fatura a posterior de emenda futura que vier a entrar para a Santa Casa”, explica Soares. Até que os salários sejam pagos a paralisação continua.
Acordo
Ainda é necessário que a Assembleia Legislativa aprove o adiantamento dos R$ 6 milhões à unidade filantrópica, em atendimento do Artigo 26 da Lei de Responsabilidade Fiscal. A Casa Civil articulará, junto à AL/MT, para que a aprovação ocorra na sessão de terça-feira (28). O dinheiro adiantado será ressarcido ao Estado e ao Município pela Santa Casa, após o recebimento da Emenda de Bancada Federal.
O presidente da Santa Casa, Antônio Preza, explicou que, para o pagamento das duas folhas salariais em atraso, são necessários R$ 3,5 milhões. Por isso, um pouco da receita própria, cerca de R$ 800 mil da Santa Casa, deverá ser acrescentado para quitar as folhas em atraso. Preza ainda destacou a sensibilidade do Governo do Estado em atender o Hospital.
“Mais do que a ajuda emergencial, o Estado criou o Fundo Estadual de Equilíbrio Fiscal (FEEF), com parte dos recursos destinada aos filantrópicos, que deverá cobrir o déficit do hospital”, lembra. Aprovado esse ano, o FEEF será uma receita fixa da unidade e irá garantir a partir desse mês e pelos próximos anos mais de R$ 500 mil por mês à Santa Casa.
Na próxima semana uma nova assembleia irá acontecer para definir sobre o futuro ou não da greve.