Audiência delibera pela criação de Plano para Igualdade Racial
Durante Audiência Pública, na Câmara de Vereadores de Cuiabá, que debateu sobre a importância do Dia da Consciência Negra, foi deliberado pela necessidade da criação de um “Plano Municipal para Igualdade Racial”. A proposta foi encampada pelo vereador Delegado Marcos Veloso (PV), que solicitou a sessão, realizada nesta segunda-feira (12).
“Agora daremos início a uma série de ações. Hoje foi lançada uma semente magistral, regada pelo conhecimento apresentado aqui. Vamos iniciar um trabalho para elaboração do Plano Municipal para Igualdade Racial. Missão que, sem nenhum constrangimento, ressalto que não tenho toda capacidade necessária, mas gostaria de convocar todos aqui presentes para que nos ajude”, declarou Marcos Veloso.
O parlamentar reforçou que colocará a estrutura fornecida pelo Poder Legislativo e buscará junto aos Executivos Municipal e Estadual, ainda perante o Ministério Público Estadual (MPE) apoio para que existam condições necessárias para o desenvolvimento do trabalho de elaboração do plano.
“Penso que a nossa sociedade precisa se reestruturar. A diversidade é uma realidade negativa em nossas vidas, mas eu aprendi que com a diversidade que a gente cresce. É no sofrimento que a gente sorri. Eu quanto vereador, aqui nesta Casa, estarei sempre junto com vocês, porque os meus ancestrais materno tem essa mesma tez”, disse Marcos Veloso.
A proposta para criação do Plano Municipal para Igualdade Racial foi apresentada e defendida pelo professor Rinaldo Almeida, ex-vereador por Cuiabá e ex-presidente do Grupo de União e Consciência Negra (Grucon). Rinaldo é autor do projeto que criou na Capital o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
“Estou lhe trazendo aqui algumas sugestões para enriquecer esse trabalho, lembrando que está passando da hora de construirmos, para esse povo negro, militantes, que dão a sua vida a troco de um ideal, esse plano de valorização a igualdade racial”, disse Rinaldo Almeida.
O promotor de Justiça, Miguel Slhessarenko Junior ressaltou que o Ministério Público de Mato Grosso possui compromisso constitucional com as causas raciais, porém apontou que a instituição possui poucos dados quanto a aplicabilidade dos planos existentes relativas à igualdade racial.
“A Consciência Negra não pode ficar limitada ao dia 20 de novembro, precisamos verificar como isso ocorre durante todo o ano e a educação é o principal vetor dessa conscientização. A educação tem como pilares primordiais, o desenvolvimento pleno da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho. É no ambiente escolar que se constrói essa conscientização e nesse ambiente escolar estamos observando algumas iniciativas pontuais em ensinar a importância da cultura negra na sociedade brasileira”, pontou Miguel Slhessarenko Junior, ao defender a criação do Plano.
A Audiência Pública ainda contou com palestras da professora e ativista Antonieta Luísa Costa, membro do Fórum Nacional de Mulheres Negras e presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (IMUNE); do ex-vereador Aurélio Augusto, autor da cartilha “Negro: por uma questão de consciência” e da ex-vice-prefeita da Cuiabá, professora Jacy Proença, militante ativa de causas ligadas às questões do negro dentro da sociedade. Ainda com a presença da Mãe Nilza, presidente da Associação dos Umbandistas de Mato Grosso e do vereador por Nossa Senhora de Livramento, Aírton Arruda.