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CULTURA
Terça - 26 de Janeiro de 2016 às 15:48
Por: Da Redação TA c/Assessoria

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 Esta semana, todas as atenções estarão voltadas para um artista dos mais celebrados na história da arte contemporânea em Mato Grosso. Clovis Irigaray se revela ainda mais ousado na exposição Irigaray Arte Cidade, que abre nesta quarta-feira (27), às 19h30, no Palácio da Instrução.

A seu lado, outros sete artistas expõem suas impressões sobre o cotidiano urbano e, além de apresentarem suas produções artísticas, se dividem em oficinas, bate-papos com o público e ainda, diálogos com profissionais de diversas linguagens, provocando assim um complexo transitar entre a arte a cidade. 

Aliás, provocação é o que não falta à obra de Clovito, assim também chamado. “Se há uma grande herança que deixei para a arte mato-grossense, é o empenho no realismo. Porque ele denuncia sem desmistificar. Por meio dele, você transmite a verdade do que você acha, de todas as coisas que você é”, diz.

No grande destaque da exposição, a Sala Vermelha, a visitação vai ser limitada a maiores de 16 anos, e é neste lugar que o visitante ao certo se envolverá pela arte libertária e contestadora de Irigaray. “Vai ver índios, freiras e pessoas comuns em situações abertas. Estou cobrando a honestidade da fisiologia humana. Já estamos perfeitos e feitos para amar e ser amados”, e para ele, isso pode traduzir-se como toda forma de amar vale a pena.

“Enquanto tiver gente negando a condição da verdade – por isso que eu digo que eu gosto de gente que fala a verdade – enquanto tiver gente negando a verdade, não acontece não há evolução”, provoca mais uma vez. “Eu vou longe de ser careta, porque a maior caretice do mundo é mentir o que você é”.

Irigaray encara esta exposição como um dos importantes marcos que ocorreram em sua trajetória emblemática, desde as descobertas proporcionadas pela vivência com a crítica de arte e animadora cultural, Aline Figueiredo e o artista plástico Humberto Espíndola – até a ocasião desta mostra que o homenageia. 

“Eu enxergo esta exposição como coisas que acontecem comigo e eu preciso prestar contas. Preciso agradecer também. Quando vejo o que estão fazendo por mim, eu paro e penso: ‘Será que eu mereço isso?’ Aquele lugar, um palácio, pintado de vermelho, tudo que eu pedi, artistas participando juntos. É incrível”.

Quanto a interpretações equivocadas sobre sua arte, Irigary alfineta. “Não me importa, não tenho medo, não sou medroso. Se eu fosse, nunca teria feito isso, imaginado estas situações. Por que elas existem em mim, onde eu for vou carrega-las. Ninguém vai olhar para mim e imaginar uma freira, todo mundo imagina o capeta, o diabo, o cão”, ri muito.  

Obras inéditas e parcerias

De acordo com a diretora executiva do Museu de Arte de Mato Grosso, Viviene Lozi, além das obras inéditas, a mostra traz ainda peças das séries Xinguana e Pop. “Em todas elas, é forte a presença da iconografia mato-grossense, exaltada pela personificação do índio como elemento de força e poder e de um passado glorioso e mítico. E nesta nova fase, ele concebe e representa a sua verdade plasticamente. A plástica do seu tempo”, explica.

Neste projeto que é mais que artístico, também são explorados os temas da cidade. E Irigaray, em sua generosidade, traz para a mostra sete artistas de diferentes vertentes. “Artistas que apostam nas pinceladas, flashes, cliques, jatos de spray e objetos não convencionais, entre outros. Todos estão ansiosos para ver o que Babu Seteoito, Elias de Paula, Heitor Magno, Luís Segadas, Marcus Levy, Rai Reis e Renato Campello nos revelam nesta empreitada”, diz Viviene. Sendo assim, os artistas estão livres para agir e contribuir com sua ótica. A mostra configura-se como um espaço de total liberdade que resulta em uma construção coletiva.

O secretário de Estado de Cultura, Leandro Carvalho, se entusiasma com o conceito que envolve toda a proposta. “Acreditamos nas artes como uma força transformadora da sociedade, ampliando o horizonte das pessoas, quebrando paradigmas, derrubando preconceitos, num verdadeiro processo humanizador”. 

A exposição é uma realização do Governo de Mato Grosso – via Secretaria de Estado de Cultura – e o Museu de Arte.





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