Cerca de 300 profissionais da saúde são capacitados para diagnóstico da hanseníase
Um grupo de 300 profissionais da saúde de 10 municípios da Região Sudeste de Mato Grosso concluíram, na sexta-feira (04.10), a capacitação em vigilância, diagnóstico e atenção à hanseníase, em Tangará da Serra (a 241 km de Cuiabá). A capacitação é custeada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), em parceria com o Instituto Alliance Against Leprosy, o Instituto Lauro de Souza Lima e as Secretarias Municipais de Saúde.
Esta é a terceira capacitação realizada em Mato Grosso neste ano. A primeira ocorreu em agosto, na região Noroeste, e a segunda no Vale do Peixoto, localizado no Norte do Estado. O curso está previsto no Plano Estadual Estratégico de Enfrentamento da Hanseníase e deve atender às 16 regiões de saúde mato-grossenses.
De acordo com a coordenadora de Atenção às Doenças Crônicas da SES-MT, Ana Carolina Landgraf, a metodologia de ensino da qualificação é dinâmica, com aulas teóricas e práticas de aprendizagem, como avaliação de casos clínicos. “Os pacientes encaminhados pelos municípios se dispuseram prontamente a participar em benefício da melhora da performance clínica dos profissionais”, ressalta.
Ela explica ainda que o curso é importante porque impacta diretamente no diagnóstico cada vez mais precoce da doença e na qualidade do tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A parceria entre Estado e demais instituições possibilita a capacitação dos profissionais da atenção primária, dos ambulatórios de atenção especializada regionalizados em hanseníase e de outros serviços de saúde disponíveis nas regiões, com foco no cumprimento das metas do Plano Estadual”, afirma a gestora.
O Curso
Durante o curso, que teve início na segunda-feira (30.09), os participantes tiveram aulas práticas e teóricas de epidemiologia, diagnóstico e assistência. As aulas práticas ocorreram em unidades de saúde e viabilizaram o exame físico de mais de 35 pessoas acometidas pela hanseníase ou com diagnóstico não conclusivo.
Participaram do curso médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêutico-bioquímicos, odontólogos, técnicos da atenção primária, representantes dos ambulatórios de atenção especializada em hanseníase, entre outros profissionais de saúde.
As próximas capacitações estão previstas para ocorrerem, entre 25 e 29 de novembro, em Rondonópolis, onde profissionais de 21 municípios serão qualificados. De março a novembro de 2020, a SES e demais parceiros seguem com o curso em outras regiões de saúde do Estado.
Os parceiros
A Alliance Against Leprosy – em português “Instituto Aliança Contra a Hanseníase” – é uma associação civil sem fins lucrativos, com atuação em pesquisa, educação e filantropia na área de hanseníase, com sede Curitiba (PR). Já o Instituto Lauro de Souza Lima presta um serviço de referência em dermatologia geral para a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo; a Organização Mundial da Saúde (OMS) também o considera uma referência no tratamento da doença, sobretudo na América Latina e em países de língua portuguesa.
O professor que ministra o curso, Jaison Barreto, é cedido pelo Instituto Lauro de Souza Lima, instituição em que trabalha. A SES-MT custeia as despesas com passagem e estadia do palestrante e também dos demais profissionais da secretaria envolvidos na capacitação. Já o Instituto Aliança Contra a Hanseníase custeia o pagamento das horas de aula do professor, enquanto a Escola de Saúde Pública é a responsável pela certificação do curso. Os municípios mato-grossenses custeiam as despesas dos seus profissionais participantes.
Sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa causada pela bactéria mycobacterium leprae, que se multiplica lentamente e pode levar de cinco a dez anos para emitir os primeiros sinais e sintomas. A doença afeta principalmente os nervos periféricos e está associada às lesões na pele, como manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, ressecamento e perda de sensibilidade.
Dados de 2018 mostram que, em Mato Grosso, aproximadamente 4,7 mil pessoas foram diagnosticadas com hanseníase. Esses números colocam o Estado na categoria de hiperendêmico. Para combater essa realidade, foi criado o Plano Estadual Estratégico de Enfrentamento da Hanseníase (PEHAN), que propõe ações de prevenção e enfrentamento da doença em Mato Grosso, com a participação do Estado e dos 141 municípios mato-grossenses.