Preços dos combustiveis voltam a oscilar em postos de Cuiabá e VG
“Está difícil entender o que se passa. Parece que voltamos ao final dos anos 80 quando a inflação era diária e os preços literalmente comiam nosso bolso. Perto de casa, ao sair pela manhã, o etanol custava R$ 2,15, à tarde já tinha subido R$ 0,10. Ninguém vê isso, ninguém fiscaliza isso, virou bagunça?”, indaga o aposentado, Francisco Marins, que estava em um posto de bandeira branca no Cristo Rei. Questionado, o frentista identificado apenas como ‘Carlos’, disse que a ordem vem e eles cumprem. “Mandam baixar, mandam aumentar. Hoje não recebemos carga, mas mandaram aumentar o preço”, revela.
Joaquim de Miranda, representante comercial, disse que abastece cerca de R$ 30 por dia. “Nessa condição de preços oscilantes, eu abasteço cada dia em um lugar. Onde vejo diferença para menos eu paro, sei do risco que corro. Mas como rodo muito, hoje é a única solução que disponho para tentar economizar”, conta.
A majoração que abriu a semana, elevando o preço do litro do etanol e da gasolina na bomba a valores recordes em Cuiabá e Várzea Grande, R$ 2,49 e R$ 3,69, respectivamente, ainda pode ser vista em alguns postos das duas cidades, mas nos últimos dias houve uma acomodação. O derivado da cana-de-açúcar está sendo encontrado com mais freqüência na casa de R$ 2,23/2,25/2,29 e a gasolina em média a R$ 3,49 e R$ 3,59.
Considerando os valores do pós-aumento do início da semana, os tetos do etanol (R$ 2,29) e da gasolina (R$ 3,59), o hidrato, segue se mantendo vantajoso em relação ao derivado de petróleo. Com a nova ‘tabela de preços’ do varejo das duas cidades, o preço de bomba combustível representa 63% do preço pago por cada litro de gasolina. Como o etanol rende menos quando comparado à gasolina, só há competitividade até o teto de 70% do valor dela.
Conforme o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindálcool), na semana passada houve um reajuste no valor do litro comercializado da usina às distribuidoras de 10%, com o litro saído das unidades com todos os impostos embutidos a R$ 1,80. Até o final de setembro, 75% da cana estavam moídas no Estado e que a atividade seguirá até o final deste mês. Quando acabar a cana, o etanol será produzido a partir do milho, sem que a oferta seja prejudicada.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo) reforça que vem ocorrendo significativos aumentos de custos, de maneira contínua, ao longo de toda a cadeia de circulação dos combustíveis, de modo bastante acentuado, desde janeiro deste ano, e os postos, que são o último elo dessa cadeia comercial, e o mais frágil deles, não devem ser responsabilizados por tais aumentos.
“Nos últimos meses, as elevações de preços têm penalizado os postos de combustíveis, com a diminuição de suas vendas, perda de clientes. Há ainda a necessidade de intensificação de capital de giro, além de severos desgastes perante a opinião pública, já que os aumentos são incorretamente atribuídos aos postos”. A entidade destaca ainda que o mercado é livre e que cada revenda tem uma planilha de custos e uma realidade para ser contabilizada na hora de formatar o preço de bomba.