Preços dos combustíveis batem recorde em MT
Nessa mesma revenda, o litro da gasolina teve variação mais branda, de R$ 3,49 para R$ 3,69. Ninguém quis comentar ou explicar os motivos da alta, especialmente do etanol, que em questão de algumas horas inflacionou em R$ 0,40. No bolso, uma tanqueada de 50 litros, por exemplo, que custava pela manhã R$ 104,50, com o litro a R$ 2,09, passou, após a hora do almoço a custar R$ 20 a mais, pulou para R$ 124,50.
A reportagem percorreu algumas revendas nas principais avenidas das duas cidades e constatou reajustes em várias revendas, tanto para o etanol hidratado quanto para a gasolina. Há cerca de duas semanas, algumas redes como Shell e BR já haviam reajustado o etanol e comercializam o litro em média a R$ 2,19. Postos chamados de ‘bandeira branca’, que não exibem fachadas de redes ou bandeiras, ainda seguiam com o valor de bomba entre R$ 1,94 a R$ 1,99.
O representante comercial Marcelo Figueiredo disse que pela manhã passou por dois postos, um com o litro do etanol fixado a R$ 2,04 e o outro a R$ 2,09. O primeiro aumentou para R$ 2,28 o litro e o segundo a R$ 2,49. “Assim fica difícil trabalhar, os postos aumentam o preço toda semana. Passeios a gente já cortou faz tempo. Gastos supérfluos também”, reclama.
O diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindálcool), Jorge dos Santos, explicou que na semana passada houve um reajuste no valor do litro comercializado da usina às distribuidoras. “Houve alta de 10%, o que elevou o litro, com todos os impostos embutidos já para R$ 1,80”.
O diretor destaca que até o final de setembro, 75% da cana estavam moídas no Estado e que a atividade seguirá até o final deste mês e frisa: “Nunca existiu entressafra no Estado para justificar altas sobre o valor do litro ao consumidor. Entressafra é quando falta e sempre tivemos estoques. Agora, quando acaba a cana, fazemos etanol de milho. A atividade sucroalcooleira em Mato Grosso, não para mais”.
Ele explica que o valor de R$ 1,80 sobre o litro que sai da usina é o mesmo adotado no início do ano passado. “De fevereiro desse ano para cá, com o retorno dos impostos sobre a gasolina, houve brechas para o segmento recompor margens. Mas ai, vieram as altas do diesel e do dólar, que ampliam nossos custos de produção e não houve mais condições de segurar e não transferir essas despesas. É um reflexo do mercado, infelizmente”.
Na semana passada, por meio da nota, Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo), já se antecipava sobre novas altas e defendia os ajustes feitos recentemente. Via nota, o sindicato reforçou que vem ocorrendo significativos aumentos de custos, de maneira contínua, ao longo de toda a cadeia de circulação dos combustíveis, de modo bastante acentuado, desde janeiro deste ano, e os postos, que são o último elo dessa cadeia comercial, e o mais frágil deles, não devem ser responsabilizados por tais aumentos.
“Nos últimos meses, as elevações de preços têm penalizado os postos de combustíveis, com a diminuição de suas vendas, perda de clientes. Há ainda a necessidade de intensificação de capital de giro, além de severos desgastes perante a opinião pública, já que os aumentos são incorretamente atribuídos aos postos”, destaca trecho da nota.