Flanelinhas estão com os dias contados em Cuiabá
O local foi escolhido por conta dos frequentes casos de furtos e arrombamentos em veículos, além do registro de um estupro, em que o suspeito de ter praticado o crime seria ou estaria se passando por cuidador de carro. “Essa ação nasceu de uma situação de segurança pública, visando a combater esses fatos graves. A atuação desses flanelinhas é irregular e eles não têm autorização da prefeitura para exercer esse tipo de atividade”, disse o secretário municipal de Ordem Pública, coronel Eduardo Henrique de Souza.
Conforme Souza, durante a ação realizada na Avenida do CPA e Bosque da Saúde, ao menos 10 flanelinhas foram notificados sobre a irregularidade e alertados sobre a falta de licença para exercer o serviço em um espaço público, contrariando, inclusive, o Código de Postura do município. Estima-se que pelo menos 30 cuidadores de carros atuam nessa região. Porém, eles fogem ao perceberem a aproximação da polícia ou de fiscais de outras instituições públicas.
Souza informou que uma nova ação será feita na mesma região. Caso no local sejam encontrados os flanelinhas já notificados, estes serão detidos e levados para a delegacia de polícia. A operação deverá ser estendida para outros pontos da cidade, com as imediações do Hospital Santa Rosa, onde a situação também é preocupante.
Desde os 10 anos, Edilson Martins de Oliveira, 30, trabalha como “orientador de veículo”, como ele se intitula, na região central da cidade. Oliveira não gosta de ser comparado aos demais flanelinhas e defende o seu trabalho. “Eu sou um cara digno e trato todo mundo bem. Ninguém é obrigado a me dar nada, ajuda se quiser”, afirma.
Em média, ele ganha R$ 50 por dia. “É com esse dinheiro que compro o pão de cada dia para os meus filhos. Já trabalhei como porteiro, mas o colégio faliu e tive que sair. Então, voltei a trabalhar como orientador de veículo, mas não sou como esses outros flanelinhas. Eles são de rua e eu não”, comentou, acrescentando que torce para que o projeto Faixa Verde retorne e que apareça uma oportunidade para ele participar do projeto.
Não há um levantamento do número de flanelinhas que atuam na cidade. No entanto, além dos furtos e avarias que costumam fazer aos veículos, há relatos de que muitos agem com agressividade e ameaçam os motoristas que se recusam a “contribuir” com as gorjetas.