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CIDADANIA
Terça - 25 de Agosto de 2015 às 10:56
Por: Da Redação TA c/ Assessoria

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 Com cerca de quatro mil haitianos fixados em Mato Grosso e uma demanda crescente na educação pública, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) instituiu uma comissão para realizar diagnóstico e elaborar uma proposta pedagógica para o atendimento desse público na rede estadual de ensino.

Do total estimado no Estado, pelo menos 2,5 mil vivem em Cuiabá e Várzea Grande e buscam ingressar no ensino público. Diante desta situação, a comissão terá 90 dias para apresentar e institucionalizar a oferta da educação básica respaldada no conceito de Educação Migratória.

Além da busca do ensino, os haitianos também querem legalizar o conhecimento adquirido no país de origem. Embora o levantamento possa contribuir para o “raio x” da demanda deste público no Estado, eles já veem sendo atendidos pela Seduc.

Este ano, o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Almira de Amorim, localizado no bairro CPA, atende aproximadamente 100 haitianos. “Mas o número de atendidos é maior, porque muitos estão estudando em salas com os brasileiros, fortalecendo a integração. A Seduc tem desenvolvido ações contínuas em favor do aprendizado do nosso povo”, revelou Duckson Jacques, da Organização de Suporte das Atividades dos Haitianos.

“O fluxo de haitianos aumentou e avaliamos que é preciso pensar em uma proposta que sirva de diretriz para as escolas. Pensar na amplitude disso, uma vez que será necessário intérpretes para esses estrangeiros nas fases iniciais do estudo. Depois, conforme vão aprendendo, darão conta sozinhos”, explicou Itamar José Bressan, coordenador dos trabalhos e titular da comissão instituída pela Seduc. Ele também defende uma política permanente de imigrantes que contemple as necessidades dessas pessoas.

Além da questão do intérprete que será avaliada pela comissão, está o aumento da carga horária da Língua Portuguesa. O estudo ainda deverá apresentar medidas que visem o reconhecimento de cada um deles para que sejam incluídos no sistema de ensino de Mato Grosso. Atualmente, independente do que aprenderam em suas origens, iniciam o processo nas primeiras séries.

A comissão é formada por profissionais de diversas áreas da educação: Diversidade, Desenvolvimento Escolar, Gestão Escolar, Superintendência de Formação, Educação Básica, Ensino Básico, Fórum de Educação de Jovens e Adultos, do Ceja, Instituto de Mulheres Negaras de Mato Grosso, Conselho Estadual de Educação, Pastoral do Imigrante e Organização de Suporte das Atividades dos Haitianos.

Sem documentos

Representante dos haitianos, Duckson Jacques disse entender as dificuldades enfrentadas pelos setores públicos em ajustarem as decisões, especialmente em se tratando de novas medidas, e pontuou que mesmo o país (Brasil) não tinha até pouco tempo legislação específica sobre os estrangeiros. “Foi um avanço a criação da Lei que contempla os imigrantes no país, coisa que o Brasil não tinha. Agora precisamos da promoção dos direitos na sociedade, como educação e saúde”.

Duckson, que está cursando o 2º ano do Ensino Médio no Ceja da Escola Almira de Amorim, é um dos tantos haitianos que chegaram a Mato Grosso sem documentação de escolaridade. Para estudar sem ter que começar nas primeiras fases, fez alguns testes.

“Fazia o curso de Teologia na República Dominicana, mas da forma que viajei, só trouxe o carnê de estudo. Até a mala eu perdi, com as roupas. Mas não tive dificuldades porque a matemática, a química e a física são iguais em todo lugar, não muda. A diferença está nas disciplinas de geografia e história do país e de Mato Grosso, além do português”, explicou.

Segundo ele, o Estado deve pensar em criar na rede de cursos de português, não apenas em período de férias. Assim como existem de línguas estrangeiras. 




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