Preço da gasolina chega a R$ 3,50 em Cuiabá
A gasolina tipo ‘C’ é aquela que recebe adição de etanol anidro. Em março o governo federal aumentou em 2 pontos percentuais o percentual do derivado de cana-de-açúcar sobre a mistura que passou de 25% para 27%. A alteração foi uma alternativa da União para impedir novas altas a essa matriz. Antes disso, em 1º de fevereiro, o governo federal revisou a cobrança dos impostos Cide, PIS e Cofins sobre a gasolina e o óleo diesel, o que um aumento de R$ 0,22 e R$ 0,15 centavos sobre os combustíveis, respectivamente.
Independentemente das razões que levaram à majoração, o que vale é o peso extra no orçamento das famílias. Quem estava pagando cerca de R$ 3,05 e R$ 3,09 pelo litro, desembolsava cerca de R$ 154,50 a R$ 152,50 a cada 50 litros, a chamada tanqueada. Já a R$ 3,50, o mesmo volume de combustível demanda R$ 175. Quem encontrar o litro em torno de R$ 3,19, pagará R$ 159,50, nesses dois casos uma diferença de mais de R$ 15. Já considerando o menor valor (R$ 3,05) e o maior (R$ 3,50), há um custo adicional de R$ 22,50, ou, 15% a mais.
O gerente de um posto na Avenida do CPA, em Cuiabá, que se apresentou apenas como Wilson, explica que de fato não houve anuncio de reajuste por parte do governo federal à gasolina. O que houve foi para o óleo diesel. “Nós não temos como segurar os repasses das distribuidoras então temos de mandar para bomba. O que havia eram promoções pela concorrência. Acredito que a alta do diesel levou os postos a interromperam as promoções”.
A conta pode ficar ainda maior para quem opta pela gasolina pura, a chamada ‘premium’. O litro está por volta de R$ 4,19 e uma tanqueada dela vai custar quase R$ 210, considerando a média de 50 litros para carros de passeio. Em um utilitário, caminhonete, por exemplo, a conta vai a R$ 335,2 para pagar os 80 litros em média a ‘premium’, ou R$ 280 para o tipo ‘C’. Já o diesel, que também foi citado como preço promocional, cerca de R$ 2,89, foi reajustado para mais de R$ 3,10.
Mesmo sem reajuste autorizado recentemente, apenas o óleo diesel foi elevado pela Petrobras em R$ 0,017 no último dia 16, mas a majoração foi geral no segmento, até o etanol hidratado, em plena safra da cana-de-açúcar, saltou de média de R$ 1,88/1,89 para até R$ 2,17. A justificativa do mercado é a mesma dada pelo gerente Wilson: “fim das promoções”.
Na sexta-feira passada, um posto localizado no Cristo Rei, em Várzea Grande, elevou o litro do hidratado de R$ 1,84 para R$ 2,17, majoração de R$ 0,33 ou de quase 18%. Como o concorrente saiu de R$ 1,80 para R$ 1,97, alta de R$ 0,17, o primeiro recuou no seu ajuste, e ontem depois do almoço fixou valor de bomba em R$ 1,97 também.
Mesmo com a elevação do etanol, o combustível segue competitivo em relação à gasolina. Considerando um etanol médio (já reajustado da semana passada até agora) em R$ 1,99 e a gasolina a R$ 3,47, o valor do hidratado representa 57% do preço da gasolina. Como o etanol tem maior queima, ele só é vantajoso até 70% do preço de bomba do derivado de petróleo. Acima disso, mesmo mais cara, a gasolina é mais viável economicamente para o consumidor.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo) frisa que a decisão de repassar ou não os reajustes de preços cabe a cada revendedor.
Conforme balanço mensal de comercialização dos combustíveis, em Mato Grosso, elaborado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – de janeiro a maio, dados mais recentes – o etanol hidratado é o combustível com a melhor performance em 2015. A preferência pelo derivado da cana acontece em detrimento à gasolina, que fechou de maio, por exemplo, com o menor volume de comercialização para o mês desde 2012: 44,99 milhões de litros. Em igual mês de 2014 eram 59,58 milhões, uma diferença anual de 11%. No acumulado dos últimos cinco meses, a gasolina, com exceção de janeiro, fechou todos os outros meses do ano em retração quando comparado com o mesmo período do ano passado. Já o etanol, com 53,81 milhões de litros consumidor em maio registrou o melhor momento para o mês em toda a série histórica da ANP, para o combustível no Estado. A série teve início em 2000.