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ESPORTES
Terça - 21 de Julho de 2015 às 16:21
Por: Bol

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 Depois de viver polêmica com um exame antidoping na preparação para a luta que não aconteceu com Conor McGregor, José Aldo se colocou mais uma vez em posição complicada em relação a este tema. Na entrevista coletiva realizada na academia Nova União na última semana, ele falou abertamente que não pretende seguir um novo regulamento da agência antidoping dos EUA (Usada), uma medida que gerou revolta também em outros lutadores.

O assunto é complicado, mas vamos por partes, até chegar ao desafio aberto feito por Aldo.

Primeiro, a medida. Tudo aconteceu na visita da Usada a um treino da American Top Team (ATT), em que foi informado que não será mais permitido que lutadores façam a reidratação pós-pesagem usando soro intravenoso. O método é muito comum, principalmente para quem baixa muitos quilos para se adequar à sua categoria e precisa recuperar as forças rapidamente. A princípio, a medida seria aplicada já em julho, mas foi postergada para 1 de outubro.

Ao MMA Fighting, o principal dirigente da Usada, Travis Tygart, esclareceu: “O que é importante é lembrar é que a Agência Mundial Antidoping lista são as substâncias proibidas. Então, há o que se consideram drogas, mas também outras substâncias e métodos proibidos. E há métodos como o uso do soro intravenoso, entre outros, que geram ganhos ao jogo. O soro é permitido em algumas situações, em hospitais, clínicas, cirurgias, com permissão da agência. Mas víamos muito isso no ciclismo. Colocar soro pode, potencialmente, mascarar ou alterar um teste sanguíneo. Por isso criou-se essa regra.”

Outras possibilidades são em relação ao doping genético e ao uso intravenoso para a realização de transfusões de sangue ilegais.

A notícia caiu como uma bomba para boa parte da comunidade do MMA, com a preocupação principal de que lutadores não consigam se recuperar da pesagem. Nas hipóteses mais graves levantadas, fala-se que até competidores terão de mudar de categoria por conta disso, como o técnico de José Aldo, Dedé Pederneiras, indicou ao PVT:

“Afeta muito a reidratação dos atletas. Muita gente vai mudar de categoria. Com prazo, eu posso começar a cortar o peso do pessoal bem antes. Aí a gente avalia e se a gente notar ou o próprio lutador falar que não consegue ficar de dieta e cortando peso durante três meses, a gente sobe ele de categoria. Se consegue, permanece na categoria. Eu já tive atleta, como o Vitor Shaolin, que cortava 10kg ou 12 kg e não colocava soro na veia, e recuperava 8kg ou 10kg só bebendo água e comendo. Já um cara que coloca sempre e a partir de agora não vai mais poder colocar, pode não conseguir se adaptar. Dependendo do atleta, não vai conseguir."

Muitos outros se manifestaram sobre a medida. Cris Cyborg admitiu que isso dificulta que ela bata o peso requerido para enfrentar Ronda Rousey. Jorge Masvidal chamou a medida de maluca, já que fez uso de soro por oito de seus 12 anos como lutador.

Esclarecido tudo isso, ninguém foi mais longe nas críticas quanto José Aldo, que desafiou abertamente a medida e disse que não vai respeitá-la.

“É muito difícil você não colocar (soro) intravenoso, porque é a maneira mais fácil de recuperar. Eles falaram que via oral é melhor, não sei de onde tiraram isso. Qualquer pessoa quando está debilitada vai para o hospital, e a primeira coisa que eles falam é colocar soro na veia. Ah, vou continuar colocando na veia, meu irmão, pouco me importa. Falo que vou comer ali, vou embora e faço. Não vão me tirar da luta, pô. Então, não estou nem aí para eles. Podem falar o que for. Isso é o melhor, isso é cientificamente comprovado, não tem como chegar e falar que não pode. Só se colocar um segurança 24 horas comigo (risos). Vou no quarto de um amigo, vou na casa de alguém, tô nem aí para eles… Na hora, não tem como tirar da luta, não tem porque tirar. Isso é coisa que não é doping. Falaram que vão fazer exame, mas como vai pegar na urina que botei soro? Só se forem ninjas (risos).”

Mesmo entre brincadeiras e risos, a fala de Aldo foi pra lá de irresponsável. Além de marcar seu nome – obviamente os agentes antidoping ficarão de olho aberto para o campeão dos penas -, ele acabou colocando em questão todo o procedimento antidoping e uma luta ferrenha do UFC para se safar dos danos à imagem do esporte causados por tantos flagras nos últimos meses. E doping, como explicou o dirigente da Usada, não é só substância, mas também método, portanto, se for considerado doping o uso de soro intravenoso, assim será.

Justa ou não a medida da Usada, vale a crítica de qualquer lutador ou técnico, como aconteceu no debate aberto por Pederneiras. Até que chegue outubro, a medida entre em vigor e se veja os resultados na prática – com lutadores perdendo ou não desempenho no octógono – o assunto ainda vai render, e muito.





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