O Lar da Criança, instituição mantida pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas-MT), foi cenário de um final feliz para uma história de desencontros e saudades
Adolescente volta a viver com a mãe após 14 anos separados
J. foi retirado dos pais pela Justiça de Sinop (530 km ao Norte de Cuiabá), onde residiam, após denúncias de maus tratos por parte do pai. A mãe do garoto, Edna Rodrigues, lembra o episódio. “Ele foi levado quando tinha um ano de idade. Eles chegaram na minha casa arrancando meu filho como se fosse um objeto qualquer e ainda disseram que era porque eu não tinha condições de cuidar".
A zeladora reconhece que realmente as condições não eram mesmo favoráveis para manter consigo o filho. “Eu morava na casa de uma família e vivia sem paradeiro e sem parente por perto para me ajudar", contou. A partir daí, o menino teve inclusive seu nome trocado.
Edna Rodrigues conta ter tentado insistentemente localizar o filho, sem sucesso, até que, meses atrás, decidiu pedir na Justiça a tutela de um irmão com problema mentais e acabou descobrindo seu nome num processo envolvendo seu filho que não via há anos. De posse do novo nome do garoto, o localizou no Lar da Criança, em Cuiabá.
Emocionada, a zeladora comemora o reencontro: "Sabe quando você ganha na loteria? Para mim vai ser melhor que isso, algo que eu nunca esperava que fosse acontecer”.
Marimar Michels, superintendente do Lar, conta que J. chegou em 2004 na instituição, não dormia direito e era agressivo. hoje com 15 anos, está completamente adaptado a convivência com outras pessoas.
“Houveram pelo menos três oportunidades de adoção, mas, apesar de ser uma criança linda e saudável fisicamente, sempre retornava ao Lar por ter retardo psicomotor. Infelizmente ainda há resistência da sociedade", lamentou a psicóloga.
O secretário titular da Setas, Valdiney de Arruda, foi até o Lar da Criança e viu de perto a alegria do garoto com a notícia que agora vai morar pertinho da mãe. “No Lar da Criança ele recebeu toda assistência e carinho, mas nada como morar no convívio da família”, frisou o gestor, observando que é justamente isto que está buscando desde que tomou posse na Setas.
Ele referiu-se reordenamento do serviço de acolhimento à crianças vítimas de abandono e violência doméstica. “O serviço de acolhimento está passando por um processo de transição a fim de atender as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente”, explicou.
Para tanto, a Setas criou um Comitê de Reordenamento dos Serviços de Acolhimento e que está responsável pelo processo de municipalização do serviço e que compreende dar suporte técnico às prefeituras para a criação de Casas Lares (modelo preconizado pelo Conanda), e que deve abrigar no máximo 10 crianças num ambiente bem próximo ao familiar.
Marilê Ferreira, secretária adjunta de Assistência Social da Setas, conta que todo o processo de municipalização se dará com total acompanhamento do Ministério Público Estadual , Juizado da Infância e da Adolescência e também do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.