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Sábado - 26 de Julho de 2014 às 08:50
Por: Lourembergue Alves

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Não é comum, nem inédito a desistência de um político na disputa majoritária. As páginas da história político-eleitoral regional trazem exemplos a respeito, e, inclusive, bem recentemente. E cada uma das desistências provoca consequências distintas, até por conta do cenário vivido ou presenciado, e da época. Os resultados e as causas são, naturalmente, objetos de pesquisas do estudioso do jogo político, mesmo que não se tenha fechado o dito quadro. Este, por exemplo, é o caso da saída do Jayme Campos (DEM) da disputa pela vaga de Senado, e que levou – e isso é natural - a uma série de especulações e de comentários.

Nesse sentido, cabe observar que esta desistência foi atribuída, pelo próprio senador, ao desconforto sentido na coligação. Isso é real. E se deu lá atrás, a partir do momento em que o PR poderia ingressar-se na coligação de sustentação a candidatura Pedro Taques. Ingresso que não ocorreu, porém a sua tentativa gerou desentendimentos entre algumas lideranças da aliança, especialmente entre as do PSB e as do DEM, com a imprensa servindo-lhes de respirador do mau-humor. Os ataques foram frequentes. E estes se agravaram, ou foram promovidos, com a notícia de que os prefeitos Percival Muniz e Mauro Mendes poderiam pedir votos para Wellington Fagundes (PR), candidato ao Senado na chapa do Lúdio Cabral (PT). A divisão interna ficou exposta, sem que alguém do grupo pudesse diminuí-la ou pô-la a termo. O que resultou no desconforto do democrata, e foi este, segundo ele próprio, a motivação da sua desistência – beneficiando, por outro lado, unicamente a candidatura do Wellington Fagundes.

Mas é pouco provável que a desistência do Jayme tenha sido motivada apenas por isso. Existem, certamente, outros fatores. Sobretudo quando se sabe que o senador-democrata não gosta de “bola dividida”, ainda que esta esteja no campo da sua aliança.

O senador, contudo, desistiu exatamente no instante em que estava crescendo nas pesquisas de intenções de votos, e com chances reais de vencer a disputa. Portanto, ele saiu “numa boa”. E, assim, pôde construir a seguinte imagem de si mesmo: desprendimento político, por cargo e pelo poder; companheirismo e alguém avesso à desunião do grupo. Imagem que se ampliou com a paquera de outras chapas também em disputa.

Situação que obriga a aliança do Pedro Taques a agir rápido. Tanto na escolha do novo candidato ao Senado, antes dos dez dias permitido por lei, bem como na manutenção do Jayme Campos na aliança, com o fim de impedir que os eleitores do democrata migrem para as urnas dos adversários – candidatos ao governo. Risco que se torna maior, evidentemente, caso ganhe corpo outra imagem: a da falta de organização e de ausência de diálogos entre os componentes da aliança. Imagem que aumenta os desgastes e desmotivam quem se encontram em meio às frentes da campanha. Os prejuízos eleitorais, então, podem ser catastróficos.

Isso reforça a ideia de que, durante a campanha, as questões ou os problemas surgidos devem ser resolvidos imediatamente. Jamais empurrados para depois, uma vez que este empurrar pode se tornar uma ação não assimilada pelo eleitorado.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br



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