MARDEM MACHADO
DST: Infecção pelo HPV é uma das doenças mais prevalentes no mundo
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) também podem ser contraídas através do sexo anal. Algumas até têm mais chances de contaminação via sexo anal do que vaginal. O que acontece é que a penetração pode causar pequenas fissuras no ânus e ao redor, que propiciam um maior contato do líquido seminal.
E uma das doenças sexualmente transmissíveis de maior incidência no mundo é o condiloma acuminado, que é uma lesão na região genital, causada pelo Papiloma Vírus Humano (HPV). Estima-se que pelo menos metade das pessoas sexualmente ativas tiveram contato com o vírus em algum momento de suas vidas. No Brasil, de 5 a 30% das pessoas infectadas apresentam mais de um tipo de HPV.
O HPV existe com mais de 200 variações e se manifesta por meio de formações verrugosas. A transmissão se dá por contato direto, seja por sexo oral, vaginal ou anal. Pode haver transmissão apenas por contato manual na região anal. A transmissibilidade é consideravelmente maior quando da presença das verrugas. Porém, há indivíduos com lesões subclínicas, as quais não são visíveis a olho nu, que também podem transmitir o vírus numa taxa de 25%.
Clinicamente, o condiloma anal caracteriza-se pelo aparecimento de verrugas no ânus, comumente de consistência mole e úmida, de coloração que varia de rosa à vermelha. Contudo, nem sempre há o surgimento dessas lesões. Os condilomas anais predominam em pacientes que mantiveram coito anal receptivo. No ânus, quando não tratado, eles podem evoluir para uma neoplasia.
O tratamento do condiloma acuminado envolve três abordagens principais: a destruição química e física, a terapia imunológica e a excisão (retirada cirúrgica). A preferência por alguns dos métodos dependerá do número e da extensão das lesões condilomatosas. De forma geral, não existe o tratamento perfeito, já que o índice de recidiva da doença pode variar de 30 a 70% dos casos. Por isso é muito importante o acompanhamento frequente destes pacientes, com exames e consultas periódicos. No entanto, a regressão espontânea é possível, e tem sido reportada em 20% dos casos.
O sexo seguro com uso de preservativos e com parceiros de confiança é a melhor prevenção para este problema. E para quem está em tratamento, é necessário adotar algumas medidas para que o HPV não retorne. Deve-se obrigatoriamente examinar o parceiro sexual, a fim de tratar eventuais lesões e evitar retransmissão, assim como os exames periódicos pelo coloproctologista ajudam a detectar recidivas precoces. Apesar de muito menos frequente que no colo uterino, o HPV também pode causar câncer do ânus.
Mardem Machado é proctologista e diretor clínico do Instituto de Gastroenterologia e Proctologia Avançado (IGPA)