WILSON FUÁ
A política da minha infância
Ainda hoje lembro-me dos grandes comícios que eram realizados nos bairros de Cuiabá, já no início do dia começava a armação do palanque de madeira, os moradores colocavam bandeirolas feitas de papeis coloridos, e que formava uma cobertura sobre os oradores.
A UDN era o Partido mais forte da Rua Coronel Escolástico (a minha rua), e eu ainda criança, ficava empolgado com a movimentação dos eletricistas instalando alto-falantes e microfones.
O locutor oficial era Dr. Lobo, com a sua voz potente ecoando por todos os lados, e dizia assim: “A União Democrática Nacional convida a todos moradores para o grande comício desta noite, venha participar da grande festa da democracia” e eu, na minha meninice (12 para 13 anos) já amava a política verdadeira, e durante a noite os oradores se sucediam dando aulas de democracia e podíamos sentir que os partidos eram formados por pessoas de sentimento político e de ações verdadeiramente honestas, eram políticos que tinham dom de ser um politico de sentimento popular.
Aqueles políticos da minha infância eram pessoas que não pensavam apenas em si, e víamos neles a tentativa não só de ser um lobista de seu negócio ou negócio dos grupos econômicos, porque tinham o pensamento coletivo, e não eram pessoas egoístas que vivem na política para construir o seu próprio bem estar, hoje pelo contrário, essas pessoas estão na política sem ter o dom político, pois não tem na alma o sentido das conquistas coletivas, são aventureiros gananciosos e em busca desenfreada para acumular riquezas e vão atropelando sonhos das pessoas como se fossem um caminhão ladeira abaixo estourando cofres públicos.
Entre os Partidos dos anos 60 a 70, dentro do panorama político tinha os dois maiores representante a UDN e o PSD. Aquele que era UDN morria UDN, e vice e versa, e aquele que virava a casaca era “zombado” e era tido como uma pessoa da pior qualidade, considerado traidor em pessoa, mas hoje os políticos trocam de partido com se estivem trocando de roupa.
Antigamente, o político tinha a consciência, que a sua obra não era só sua, era do povo, mas hoje os políticos estão mais preocupados em colocar placas em obras, sabendo que ficarão inacabadas, e que por conseguinte, trazem grandes prejuízos sociais, pois obra não entregue é tão danosa tanto quanto as ações de corrupção que delapidam os cofres públicos.
Hoje os conceitos políticos não tem nada a ver com as verdades coletivas, por isso, os grandes lideres políticos não existem mais, pois os segmentos econômicos passaram a dominam a política, e o povo esta elegendo políticos sem obras sociais e sem propostas ou programas que possam a trazer o bem estar para o povo, e o exercício do mandato esta fazendo com que o país conheça os novos “endinheirados” da política.
Wilson Carlos Fuáh – É Especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas. Fale com o Autor: wilsonfua@gmail.com