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Sexta - 04 de Julho de 2014 às 07:11
Por: José de Paiva Netto

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José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.
José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.
Em um mundo tantas vezes regido pelo imediatismo, onde exigências sociais nos impõem, a cada dia, crescente disputa por um lugar ao sol, o estresse encontra terreno fértil para proliferar. E não somente os adultos tornam-se vítimas deste que é considerado um dos males da modernidade. Também nossas crianças vivem situação semelhante... Elas têm a vida cada vez mais parecida com a nossa: repleta de compromissos e tarefas. Acabam não tendo o devido espaço para ser criança.

E muitas delas ainda padecem de um motivo grave a lhes provocar grande ansiedade. Trata-se do bullying, que deve ser decididamente combatido pelos que têm responsabilidade para com os jovens. Senão seremos cúmplices dessa violência, originária justamente de um mau direcionamento da própria conduta infantojuvenil. Situação lastimável que vem prejudicando o aproveitamento escolar de tantas crianças. Isso é trabalhar contra o futuro.

Transtorno de ansiedade

Recentemente, o Centro de Atendimento e Pesquisa de Psiquiatria da Infância e Adolescência (Capia) da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro demonstrou que nos últimos dez anos o número de crianças com transtorno de ansiedade cresceu 60%.


Apresento hoje trechos de duas importantes entrevistas concedidas ao “Educação em Debate”, da Super Rede Boa Vontade de Rádio, sobre ansiedade infantil. Conduzido pela pedagoga Suelí Periotto, o programa contou com a participação de dois especialistas: o psiquiatra Fábio Barbirato, chefe do setor de Neuropsiquiatria Infantojuvenil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, e o neurologista da infância e da juventude, do Hospital Albert Einstein, Abram Topczewski, de São Paulo.


Sobre como podemos diferenciar a ansiedade comum da patológica, o dr. Fábio esclareceu que “a ansiedade deixa de ser natural quando prejudica o desenvolvimento tanto social quanto escolar das crianças. Por exemplo, na semana que ela tem de apresentar um trabalho, não consegue ter atenção na escola, apresenta dor de cabeça e enjoos, tem às vezes lesões de pele como psoríase ou queda de cabelo, em consequência da ansiedade antecipatória”.


O dr. Fábio apontou, ainda, alguns dos fatores que corroboram esse crescimento do número de crianças com transtorno da ansiedade: “O que está acontecendo é que esse estresse ambiental vivenciado pelo menino, pela menina, se caracteriza pela pressão por boas notas na escola, pela própria violência que ela vivencia, desde a que mora num lugar mais abastado até a que reside numa localidade mais simples. São fatores de gatilho para apressar sintomas que provavelmente apareceriam mais tarde”.


E alertou: “Acho importante destacar que os transtornos ansiosos são duas a três vezes mais comuns que o autismo e a hiperatividade. As crianças ansiosas sofrem igualmente ou mais. Se não tratadas, elas têm maior probabilidade de desenvolver pânico no futuro, além de depressão e outros transtornos mais graves. É fundamental que os pais procurem ajuda para seus filhos e não achem que isso é algo simples que vai passar com o tempo. Existem serviços especializados em todo o Brasil. Basta procurar uma universidade que tenha o serviço de psiquiatria infantil. Com certeza, seu filho, sua filha, serão bem atendidos, orientados, assim como a família e, se necessário, até os profissionais da escola em que a criança estuda”.


Voltarei ao tema, trazendo
 os comentários do dr. Abram Topczewski.

José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.br www.boavontade.com



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