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Domingo - 05 de Agosto de 2018 às 12:25

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JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia
JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia

Estamos há praticamente dois meses para a realização de uma eleição muito importante no Brasil, quando os eleitores, que, pretendemos, representam os anseios, desejos e expectativas do povo brasileiro, irão escolher um novo ou nova presidente da República, todos os governadores de estados, dois terços do Senado, toda a Câmara Federal e todas as Assembléias Legislativas. Enfim, serão escolhidos os novos governantes e, através da constituição de um “novo” corpo politico, todos os gestores de primeiro, segundo, terceiro escalões da administração pública do país.

Na maioria dos países existem regras, regulamentos e legislação que permanecem por décadas a fio, facilitando a dinâmica politica e eleitoral, dando estabilidade ao processo e seguranca jurídica, diferente do que ocorre no Brasil, onde tanto a legislação quanto os ritos e regras politicas quanto eleitorais são alteradas a cada pleito, de dois em dois anos e ainda, a incerteza e morosidade da justiça comum e da justica eleitoral.

As regras para as próximos eleições são totalmente diferentes das que vigoravam quando das eleicoes gerais de 2010 e 2014, incluindo as formas de financiamento eleitoral, a figura do caixa dois que sempre existiu e todo mundo, inclusive a justica eleitoral, fazia de conta que nada sabia, nada via e quando as denúncias eram apuradas os mandados já estavam praticamente no final ou já havia terminado, o tempo de propaganda eleitoral e outros detalhes mais.

Dois exemplos são patentes nesta barafunda, o caso da eleição suplementar, quando um novo governador e vice foram eleitos há poucos meses no Tocantins, para um mandato tampão até o final do que seria o mandato do governador e vice eleitos em 2014, cujo processo de investigação e cassação demorou anos.

O mesmo acontece em Mato Grosso, a cassação do mandato do senador Medeiros nesta semana, eleito como suplente de Pedro Taques que foi eleito em 2010 e renunicou em 2015, para assumir o cargo de governador de Estado. A denúncia de que teria havia fraude na ata da convenção, na ordem dos suplentes da chapa de Pedro Taques, quando o nome do atual senador Medeiros teria “pulado” de segundo para primeiro suplente, demorou varios anos e só agora a decisão foi tomada, possibilitando que tal fraude seja corrigida e o suplente que foi “passado para traz” possa ter seu mandato garantido por apenas poucos meses.

Muita gente, incluindo a grande mídia tenta massificar a idéia, errônea em minha opinião, de que os eleitores tem todo o poder do mundo e podem escolher os melhores candidatos, dar cartão vermelho para os politicos/candidatos corruptos, incompetentes, demagogos, ineficientes e espertalhões. Pesquisas indicam que a grande maioria dos atuais parlamentares, inclusive os investigados por corrupção serão eleitos ou reeleitos.

A realidade não é bem assim, quem escolhe os candidatos são os partidos e suas convenções e a quase totalidade dos partidos tem donos tanto no âmbito nacional, quanto nos estados e municipios, alguns que mandam e desmandam nos partidos por mais de duas ou tres décadas. A grande maioria dos partidos não cultiva a democracia interna, quando muito manipulam seus filiados que continuam encabrestados pelos donos dos partidos, vários dos quais utilizam as alianças e composições politicas para acomodarem seus quadros de maior expressão nos cargos em comissão, onde existe um verdadeiro balcão de negócios, inclusive excusos como as operação lava jato e outras investigações a niveis nacional, regional e local tem comprovado.

Outro aspecto que denigre e transforma o processo eleitoral em uma barafunda, uma verdadeira mixórdia politica, eleitoral e ideológica são as famosas composições, onde o que determina como serão construidos os “palanques” dos candidatos a Presidente, Governadores, Senadores, deputados federais e estaduais nos Estado não é a coerência doutrinária, ética ou de principios e muito menos as propostas ou planos de governo, mas sim o tempo de TV, de rádio ou o montante do fundo partidário que cada partido possui, os interesses nacionais ou estaduais ou mesmo os interesses da populacao jamais são levados em conta.

Existem partidos que se aliam no âmbito nacional com diversas outros e não mantem a mesma aliança nos estados, disto resulta a eleição de deputados e senadores que irao “negociar” o apoio parlamentar com o/a presidente da República ou governadores de Estados, todo mundo sabe que isto acarreta a fragilidade de tais governos que acabam resvalando para práticas nada ética ou melhor, práticas corruptas para conseguir apoio parlamentar e poder governar.

Diante de toda esta balbúrida politica e eleitoral fica dificil imaginar que 2019 poderá ser um ano de transformação politica, econômica, social ou de governança em nosso país. Eleições em uma realidade como a que existe atualmente no Brasil não terão o poder de uma varinha de condão que possa alimentar as esperanças do povo. Vamos continuar convivendio com as mesmas figurinhas já carimbadas e bem manjadas que levaram o país e nossos estados a esta vergonha em que estamos vivendo.

JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunicacao. Email professorjuacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com



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