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Terça - 14 de Agosto de 2018 às 11:46

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Dr. Eduardo de Lamare Paula - Radiologista
Dr. Eduardo de Lamare Paula - Radiologista

Curiosamente, uma das condições clínicas mais frequentes em ginecologia, é também uma das mais desconhecidas pelo púbico em geral, e por parcela significativa dos médicos. É tanto quanto ou até mais frequente que a apendicite nas diversas partes do mundo, acometendo, apenas no Brasil, mais de 6 milhões de mulheres em idade fértil.

Caracteriza-se pelo desenvolvimento progressivo, na cavidade pélvica, de um tecido semelhante ao encontrado nas cicatrizes, porém com a característica de sangrar a cada ciclo menstrual, já que contém também glândulas com células endometriais, provenientes de episódios de sangramento retrógrado do útero para a cavidade pélvica, através das trompas, que comunicam a cavidade do útero com a pelve, desembocando junto aos ovários.

Quando o sistema imune falha na eliminação destas células migradas a partir do útero, o tecido endometriótico encontra um campo fértil para o seu desenvolvimento ao longo da membrana que reveste a pelve, o peritônio, que apresenta rica vascularização.

Um dos locais mais frequentes para o início da doença é atrás do útero, por ser um dos pontos mais baixos da cavidade. Pela ação da gravidade o sangue do fluxo menstrual retrógrado, contendo células endometriais, acumula-se nesta localização, propiciando o início do primeiro foco de tecido inflamatório / cicatricial, que posteriormente poderá infiltrar profundamente os órgãos vizinhos, funcionando como uma cola que adere firmemente os órgãos pélvicos entre si, prejudicando o funcionamento de cada órgão conforme o grau de infiltração em cada um deles.

Quando a aderência alcança os ovários e trompas, acaba prejudicando a fertilidade, o que explica o fato de que a metade das mulheres com quadro de infertilidade acabam sendo diagnosticadas com endometriose após uma avaliação detalhada.

O intestino grosso passa imediatamente atrás do útero, sendo também acometido frequentemente por aderências. Os sintomas, neste caso, são: dor tipo cólica durante a evacuação, dor persistente na região lombar, mesmo sem nenhum problema de hérnia de disco ou qualquer outro problema na coluna.

Outro sintoma tipicamente relacionado à endometriose é a dor progressiva na profundidade da vagina durante e após as relações sexuais, conhecida como dispareunia, que acontece porque o tecido endometriótico atrás do colo do útero está adjacente ao fundo da vagina e, frequentemente, infiltra também a porção mais profunda deste órgão.

Quando células endometriais são englobadas pela serosa do ovário, este acaba desenvolvendo um cisto específico da endometriose, chamado de endometrioma, que é preenchido por sangue, e tende a aumentar nos casos em que o problema não é diagnosticado e tratado.

A endometriose passou a ser compreendida apenas há cerca de um século, com estudos anátomo-patológicos, tendo sido feito o diagnóstico muitas vezes por ocasião de cirurgias na cavidade abdominal, tendo depois havido uma evolução para o diagnóstico via cirurgia vídeo-laparoscópica e, apenas nos últimos 20 anos vem sendo desenvolvidos meios de diagnóstico por imagem, sendo que lentamente alguns dos profissionais dedicados à ressonância magnética e à ultrassonografia vêm se interessando em aprofundar os conhecimentos em relação à doença nas suas diversas formas e procurando os melhores meios de proporcionar um mapeamento completo da doença para que o especialista no tratamento possa oferecer um manejo individualizado a cada paciente.

O exames de imagem específicos para o estadiamento da endometriose são a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética com preparo intestinal sendo que ambas apresentam acurácia em torno de 92 a 94% no diagnóstico, sabendo-se também que, quando os métodos são associados, a acurácia aproxima-se dos 100%. Isto porque as forças de cada método diferem entre si: a ultrassonografia detecta melhor a infiltração intestinal e as aderências pélvicas e a ressonância magnética caracteriza melhor as lesões mais distantes em relação ao canal vaginal, que algumas vezes não são adequadamente alcançadas pelo ultrassom transvaginal.

Como estes são métodos de diagnóstico ainda em desenvolvimento, um dos fatores de maior peso no sucesso do mapeamento correto da doença é escolher bem o serviço onde estes exames serão realizados. É fundamental que o profissional solicitante conheça e tenha boas referências, por experiência passadas, com relação à equipe que realizará seus exames, pois precisa estar seguro para ser o mais assertivo possível na condução do caso, não deixando espaço para condutas equivocadas.

A equipe médica da Imagens é referência no estado de Mato Grosso no diagnóstico da endometriose tanto pela ultrassonografia quanto pela ressonância magnética, sendo que frequentemente estes métodos são conjugados no mesmo período, sendo que, neste caso, a paciente faz um único preparo intestinal.

O Dr. Eduardo de Lamare Paula, profissional que iniciou o mapeamento da endometriose por ultrassom em Cuiabá pela clínica Imagens em 2011, é radiologista há 15 anos e teve a oportunidade de trabalhar em serviços de São Paulo que abrigam alguns dos maiores profissionais no diagnóstico da endometriose no país, como o Fleury Medicina e Saúde, tendo antes estagiado no hospital Sírio-Libanês no setor de ressonância magnética.

Dr. Eduardo de Lamare Paula
Radiologista
CRM:MT 6627



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