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Terça - 14 de Agosto de 2018 às 23:11

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ALECY ALVES, Jornalista e estudante de Serviço Social
ALECY ALVES, Jornalista e estudante de Serviço Social

A distância, sem conhecer a realidade, as entrelinhas do relacionamento, é fácil fazermos conjecturas. Provavelmente, supostamente, vai ver que ela... entre tantos outros adjetivos e teorias que costumamos usar quando comentamos ou discutimos algo sobre a vida do outro, em especial mulher.

Quando se trata de violência doméstica, então, cada um tem um comentário a fazer. Muitas vezes, bem mais que comentários, na verdade julgamentos atribuindo culpa à vítima pela agressão sofrida.

Este mês, quando celebramos os 12 anos da Lei Maria da Penha (11.340/06), poderíamos aproveitar o momento para pensarmos mais sobre a necessidade e importância de reconhecermos o Brasil como um país machista, no qual as raízes do patriarcado permanecem profundas e resistentes. E, claro, trabalharmos para mudar essa triste realidade.

No meu modo de ver, para uma boa parcela da sociedade não importa o que a mulher faça que quem continua mandando é o homem. E olha que nem requemos mandar, apenas compartilhar a igualdade de direitos já que das responsabilidades e obrigações há muito tempo compartilhamos.

Não vou nem partir para as situações mais graves, que nos indigna, como do feminicídio, das mulheres que são covardemente assassinadas simplesmente porque contrariaram os sentimentos de controle e de propriedade de seus maridos ex-maridos ou namorados.

Feminício, acredito, não tem discussão, tem aplicação da lei, penalização rigorosa do autor, não importam os subterfúgios usados para tentar esquivar-se. Matou em razão do gênero, do ódio gerado pela perda ou possibilidade de perder, do descontrole emocional ou por "amar demais", pena máxima, ou seja, 30 anos de reclusão.

É inadmissível que uma mulher seja impedida de estudar porque o parceiro não aceita, tem ciúmes do que possa vir a acontecer com ela na escola. Ou ainda, de ter amigos, de sair sem a presença dele, ou até ser repreendida por dar gargalhadas, ser espontânea, simpática...

Stop, my brother! Isso acontece bem mais do que você imagina. E não venha dizer que nenhuma mulher precisa aceitar qualquer dessas situações acima. Repetindo a primeira frase deste artigo: "à distância, sem conhecer a realidade, as entrelinhas do relacionamento, é fácil fazermos conjecturas".

Laçando mão de uma frase feita, digo que "falar de mim é fácil, quero ver ser eu". Então, além de denunciar casos de violência doméstica, ao invés de julgarmos poderíamos nos esforçar mais para mudar essa cultura machista. Vamos trabalhar para que algum dia, quem sabe logo, para o bem de nossos filhos, filhas, netos, netas e todas as futuras gerações, o machismo seja algo do passado.

Nenhum ser humano é mais ou melhor que o outro, independente de gênero, da cor da pele, do grau de cultura, da condição social, da religião...

ALECY ALVES, jornalista e estudante de Serviço Social

alecy.pa@gmail.com



URL Fonte: https://toquedealerta.com.br/artigo/1169/visualizar/